O Evangelho no lar e seus frutos
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
O
compromisso do Espiritismo com a divulgação do Evangelho nasceu desde logo com
a codificação dos ensinos espíritas levada a efeito por Allan Kardec, que
publicou em 1864 O Evangelho segundo o
Espiritismo, obra que Herculano Pires considerava “de cabeceira”, de
leitura diária obrigatória, de leitura preparatória das reuniões doutrinárias,
além de livro que deveria ser estudado com maior profundidade para melhor
compreensão da doutrina espírita.
No
prefácio que escreveu em 1973 para a edição do mencionado livro pela Editora
Três, Herculano disse que poucos meses antes de a obra ser publicada os
Espíritos amigos de Kardec lhe disseram, relativamente ao livro então em
gestação:
“Esse
livro de doutrina terá influência considerável, porque explana questões de
interesse capital. Não somente o mundo religioso encontrará nele as máximas de
que necessita, como as nações, em sua vida prática, dele haurirão instruções
excelentes. Com esta obra, o edifício começa a libertar-se dos andaimes e já
podemos ver-lhe a cúpula a desenhar-se no horizonte.”
Herculano,
com a clareza que lhe era peculiar, aduziu então o seguinte comentário:
“Estas
comunicações, cuja leitura completa pode ser feita em Obras Póstumas,
revelam-nos a importância fundamental de O
Evangelho segundo o Espiritismo na codificação kardequiana. Enquanto O Livro dos Espíritos nos apresenta a
Filosofia Espírita em sua inteireza e O
Livro dos Médiuns a Ciência Espírita em seu desenvolvimento, este livro nos
oferece a base e o roteiro da Religião Espírita” (O Evangelho segundo o Espiritismo, Editora Três, pp. 29 e 30).
Kardec
faz a apresentação da obra citada na Introdução que ele escreveu especialmente
para a ocasião. Disse então o Codificador:
“Esta
obra é para uso de todos; cada qual pode dela tirar os meios de conformar sua
conduta à moral do Cristo. Os espíritas nela encontrarão, além disso, as
aplicações que lhes concernem mais especialmente. Graças às comunicações
estabelecidas, de agora em diante, de maneira permanente, entre os homens e o
mundo invisível, a lei evangélica, ensinada a todas as nações pelos próprios
Espíritos, não mais será letra morta, porque cada qual a compreenderá e será
incessantemente solicitado a pô-la em prática, pelos conselhos de seus guias
espirituais. As instruções dos Espíritos são verdadeiramente as vozes do céu
que vêm esclarecer os homens e convidá-los à prática do Evangelho.”
(Introdução, parte I.)
Vez
por outra o Movimento Espírita incentiva, por meio de campanhas específicas, a
realização do chamado Evangelho no Lar, uma prática cuja importância poucos, no
meio espírita, ignoram.
De
fato, muitas têm sido as mensagens enviadas pelos instrutores espirituais
dando-nos conta da relevância dessa prática. A oração, a leitura do Evangelho e
a reflexão madura em torno dos ensinamentos de Jesus modificam a atmosfera
psíquica em que vivemos e atraem para junto de nós inspirações positivas dos
nossos amigos espirituais.
Com
isso, o aprimoramento moral, em que pese o nosso imenso atraso, é grandemente
facilitado. Ódios, antagonismos, divergências de entendimento vão aos poucos
cedendo lugar a uma melhor compreensão do que é a vida e quais os nossos
objetivos ao nos reencarnarmos no mundo em que nos encontramos.
Se
tal providência se generaliza, é possível imaginar os benefícios daí advindos,
uma vez que a evangelização da criatura humana concorre para que as famílias se
tornem mais harmoniosas e a sociedade, em decorrência disso, mais fraterna.
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