A Vida no Outro Mundo
Cairbar Schutel
Parte 16
Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Vida no Outro Mundo, de autoria de Cairbar Schutel, publicado originalmente em 1932 pela Casa Editora O Clarim, de Matão (SP).
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas
encontram-se no final do texto abaixo.
Este estudo será publicado neste blog
sempre às sextas-feiras.
Questões preliminares
A. Como explicar as convulsões da
agonia que se observam, às vezes, no momento da morte?
B. Há Espíritos que, mesmo após a
desencarnação, pensam que não morreram e acreditam que continuam a viver em um
corpo material?
C. De forma didática, como definir o
estado do Espírito por ocasião da morte?
Texto para
leitura
198. Nos casos de morte natural, o
Espírito pode já ter recuperado a sua lucidez, de molde a tornar-se testemunha
consciente da extinção do corpo, considerando-se feliz por tê-lo deixado. Para
ele, a perturbação é quase nula, ou antes, não passa de ligeiro sono calmo, do
qual desperta com indizível impressão de esperança e ventura. (A Vida no Outro Mundo – Cap. XIV - O
Passamento.)
199. No homem materializado e sensual,
que mais viveu do corpo que do espírito, para o qual a vida espiritual nada
significa, nem sequer lhe toca o pensamento, tudo contribui para estreitar os
laços materiais. Quando a morte se aproxima, o desprendimento, conquanto se
opere gradualmente também, demanda contínuos esforços. (Obra citada – Cap. XIV
- O Passamento.)
200. As convulsões da agonia são
indícios da luta do Espírito que, às vezes, procura romper os elos resistentes,
e, em outras, se agarra ao corpo do qual uma força irresistível o arrebata com
violência, molécula por molécula. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)
201. Quanto menos vê o Espírito além
da vida corporal, tanto mais se lhe apega, e, assim, sente que ela lhe foge e
quer retê-la; em vez de se abandonar ao movimento que o empolga, resiste com
todas as forças e pode mesmo prolongar a luta por dias, semanas e meses
inteiros. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)
202. Claro que, nesse momento, o
Espírito não possui toda a lucidez, visto como a perturbação de muito se
antecipou à morte; mas nem por isso sofre menos, e o vácuo em que se acha, e a
incerteza do que lhe sucederá, agravam-lhe as angústias. (Obra citada – Cap.
XIV - O Passamento.)
203. Chega, então, a morte, e nem por
isso está tudo terminado; a perturbação continua, ele sente que vive, mas não
define se material ou espiritualmente, e luta, e luta ainda, até que as últimas
ligações do perispírito se tenham de todo rompido. A morte pôs termo à moléstia
efetiva, mas não lhe sustou as consequências e, enquanto existirem pontos de
contato do perispírito com o corpo, o Espírito se ressentirá e sofrerá com suas
impressões. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)
204. Bem diversa é a situação do
Espírito desmaterializado, mesmo nas enfermidades mais cruéis! Sendo frágeis os
laços fluídicos que o prendem ao corpo, eles desfazem-se suavemente; depois, a
confiança no futuro entrevisto em pensamento ou na realidade, como sucede
algumas vezes, fá-lo encarar a morte qual redenção, advindo-lhe daí uma calma
resignada, que lhe ameniza o sofrimento. Após a morte, rotos os laços, nem uma
só reação dolorosa existe que o afete; o despertar é lépido, desembaraçado; por
sensações únicas, o alívio, a alegria! (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)
205. Na morte violenta, as sensações
não são precisamente as mesmas. Nenhuma desagregação inicial se deu com vistas
à separação do perispírito, ao passo que a vida orgânica em plena exuberância
de força é, subitamente, aniquilada. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)
206. Nessas condições, o
desprendimento só começa depois da morte e não se completa rapidamente. O
Espírito, colhido de improviso, fica como que aturdido, e sente, e pensa, e
acredita-se vivo, prolongando-se esta ilusão até que compreenda seu estado. (Obra
citada – Cap. XIV - O Passamento.)
207. Este estado intermediário entre a
vida corporal e a espiritual é dos mais interessantes, porque apresenta o
espetáculo singular de um Espírito que julga material seu corpo fluídico,
experimentando, ao mesmo tempo, todas as sensações da vida orgânica! Além
disso, dentro desse caso, há uma série infinita de modalidades, que variam
segundo os conhecimentos e progressos morais do Espírito. (Obra citada – Cap.
XIV - O Passamento.)
208. Para aqueles que se purificam em
alto grau, a situação pouco dura, porque já possuem, em si, como que um
desprendimento antecipado, cujo termo a morte mais súbita não faz senão
apressar. Outros há para os quais a situação se prolonga por anos inteiros. É situação,
aliás, muito frequente, até nos casos de morte comum, que, nada tendo de penosa
para Espíritos adiantados, torna-se horrível para os atrasados. (Obra citada –
Cap. XIV - O Passamento.)
209. No suicida, principalmente,
excede toda a expectativa. Preso ao corpo por todas as suas fibras, o
perispírito faz repercutir no Espírito todas as sensações daquele, com
sofrimentos cruciantes. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)
210. O estado do Espírito, por ocasião
da morte, pode então ser assim resumido: - Tanto maior é o sofrimento, quanto
mais lento for o desprendimento do perispírito; a presteza deste desprendimento
está na razão direta do adiantamento moral do Espírito; para o Espírito
desmaterializado, de consciência pura, a morte é qual um sono breve, isento de
agonia, e cujo despertar é suavíssimo. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)
211. Para que cada qual trabalhe na
sua purificação, reprima as más tendências e domine as paixões, abdicando das
vantagens imediatas em prol do futuro, não basta crer, mas compreender. Devemos
considerar esta vida sob um ponto de vista que satisfaça, ao mesmo tempo, a
razão, a lógica, o bom senso e o conceito em que temos a grandeza, a bondade, e
a justiça de Deus. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)
212. Considerado deste ponto de vista,
o Espiritismo, pela fé inabalável que insinua, é, de quantas doutrinas
filosóficas que conhecemos, a que exerce mais poderosa influência. O espírita
sério não se limita a crer, porque compreende, e compreende porque raciocina; a
vida futura é uma realidade que se desenrola incessantemente a seus olhos; uma
realidade que ele toca e vê, por assim dizer, a cada passo, de modo que a
dúvida não pode empolgá-lo, ou ter guarida em sua alma. (Obra citada – Cap. XIV
- O Passamento.)
213. A vida corporal, tão limitada,
amesquinha-se diante da vida espiritual, da verdadeira vida. Que lhe importam
os incidentes da jornada se ele compreende a causa e utilidade das vicissitudes
humanas, quando suportadas com resignação? A alma eleva-se nas relações com o
mundo invisível; os laços fluídicos, que o ligam à matéria, enfraquecem-se,
operando-se, por antecipação, um desprendimento parcial que facilita a passagem
para a outra vida. A perturbação consequente à transição pouco perdura, porque,
uma vez franqueada o passado, logo se reconhece no seu novo estado, nada
estranhando, antes compreendendo a situação em que se encontra. (Obra citada –
Cap. XIV - O Passamento.)
214. Com certeza, não é só o
Espiritismo que nos assegura tão auspicioso resultado, nem ele tem a pretensão
de ser o meio exclusivo, a garantia única de salvação para as almas. Força é
confessar, porém, que pelos conhecimentos que fornece, pelos sentimentos que
inspira, como pelas disposições em que coloca o Espírito, fazendo-lhe
compreender a necessidade de melhorar-se, facilita enormemente a salvação. (Obra
citada – Cap. XIV - O Passamento.)
215. E ele dá algo mais, e a cada um:
os meios de facilitar o desprendimento de outros Espíritos ao deixarem o
invólucro material, abreviando-lhes a perturbação pela evocação e pela prece.
Pela prece sincera, que é magnetização espiritual, provoca-se a desagregação
mais rápida do fluido perispiritual; pela evocação criteriosa, sábia, prudente,
com palavras de benevolência e conforto, combate-se o entorpecimento do
Espírito, ajudando-o a reconhecer-se mais cedo, e, se é sofredor,
insinua-se-lhe o arrependimento, único meio de abreviar seus sofrimentos. (Obra
citada – Cap. XIV - O Passamento.)
Respostas às
questões preliminares
A. Como explicar as convulsões da agonia que se observam,
às vezes, no momento da morte?
Essas convulsões são indícios da luta
do Espírito que, às vezes, procura romper os elos resistentes, e, em outras, se
agarra ao corpo do qual uma força irresistível o arrebata com violência,
molécula por molécula. Quanto menos vê o Espírito além da vida corporal, tanto
mais se lhe apega, e, assim, sente que ela lhe foge e quer retê-la; em vez de
se abandonar ao movimento que o empolga, resiste com todas as forças e pode
mesmo prolongar a luta por dias, semanas e meses inteiros. (A Vida no Outro Mundo – Cap. XIV - O
Passamento.)
B. Há Espíritos que, mesmo após a desencarnação, pensam que
não morreram e acreditam que continuam a viver em um corpo material?
Sim. Na morte violenta, por exemplo, o
desprendimento da alma só começa depois da morte e não se completa rapidamente.
O Espírito, colhido de improviso, fica como que aturdido, e sente, e pensa, e
acredita-se vivo, prolongando-se esta ilusão até que compreenda seu estado.
Este estado intermediário entre a vida corporal e a espiritual é dos mais
interessantes, porque apresenta o espetáculo singular de um Espírito que julga
material seu corpo fluídico, experimentando, ao mesmo tempo, todas as sensações
da vida orgânica! (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)
C. De forma didática, como definir o estado do Espírito por
ocasião da morte?
Esse estado pode ser assim resumido: -
Tanto maior é o sofrimento, quanto mais lento for o desprendimento do
perispírito; a presteza deste desprendimento está na razão direta do
adiantamento moral do Espírito; para o Espírito desmaterializado, de
consciência pura, a morte é qual um sono breve, isento de agonia, e cujo
despertar é suavíssimo. (Obra citada – Cap. XIV - O Passamento.)
Observação:
Para acessar a Parte 15 deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/05/a-vida-no-outro-mundo-cairbar-schutel.html
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