A seara é grande, mas poucos os trabalhadores
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Diferentemente
de outras organizações cristãs, nas instituições verdadeiramente espíritas não
existem sacerdócio nem funções remuneradas. O dever de trabalhar e de
participar compete a todos os que se dizem espíritas, desde o simples fechar de
uma porta até a direção da instituição mais importante.
Verifica-se,
no entanto, uma carência generalizada de trabalhadores na seara espírita, fato
que impede que muitos trabalhos sejam desenvolvidos ou que se realizem com a
eficácia desejada.
Participar
de um trabalho em favor do próximo ou da comunidade deveria ser um propósito
comum de todas as pessoas, pelo bem que proporciona sobretudo a quem o realiza,
uma vez que o trabalho é uma das alavancas do progresso individual e coletivo.
Contrariamente
ao que alguns filósofos escreveram, o trabalho nada tem a ver com castigo ou
punição divina. Se o fosse, não haveria razão alguma para Jesus ter dito: “Meu
Pai trabalha até hoje, e eu também” (João, 5:17).
O
Espiritismo nos ensina que o trabalho é lei da Natureza e é por causa disso que
o homem deve seu sustento e sua segurança ao trabalho que desenvolve.
Eis,
em poucas palavras, o que o Espiritismo nos ensina sobre o trabalho e sua
importância em nossa vida:
1) “O homem quintessencia o espírito pelo
trabalho e tu sabes que só mediante o trabalho do corpo o Espírito adquire
conhecimentos.” (O Livro dos Espíritos,
Prolegômenos.)
2) Por trabalho só se devem entender as
ocupações materiais? “Não; o Espírito trabalha, assim como o corpo. Toda
ocupação útil é trabalho.” (L.E., questão 675)
3) “Sem o trabalho, o homem permaneceria sempre
na infância, quanto à inteligência. Por isso é que seu alimento, sua segurança
e seu bem-estar dependem do seu trabalho e da sua atividade.” (L.E., 676)
4) “Tudo em a Natureza trabalha. Como tu,
trabalham os animais, mas o trabalho deles, de acordo com a inteligência de que
dispõem, se limita a cuidarem da própria conservação. Daí vem que do trabalho
não lhes resulta progresso, ao passo que o do homem visa duplo fim: a
conservação do corpo e o desenvolvimento da faculdade de pensar, o que também é
uma necessidade e o eleva acima de si mesmo.” (L.E., 677)
5) Achar-se-á isento da lei do trabalho o homem
que possua bens suficientes para lhe assegurarem a existência? “Do trabalho
material, talvez; não, porém, da obrigação de tornar-se útil, conforme aos
meios de que disponha, nem de aperfeiçoar a sua inteligência ou a dos outros, o
que também é trabalho. Aquele a quem Deus facultou a posse de bens suficientes
a lhe garantirem a existência não está, é certo, constrangido a alimentar-se
com o suor do seu rosto, mas tanto maior lhe é a obrigação de ser útil aos seus
semelhantes, quanto mais ocasiões de praticar o bem lhe proporciona o
adiantamento que lhe foi feito.” (L.E., 679)
6) “Os sofrimentos voluntários de nada servem,
quando não concorrem para o bem de outrem. Supões que se adiantam no caminho do
progresso os que abreviam a vida, mediante rigores sobre-humanos, como o fazem
os bonzos, os faquires e alguns fanáticos de muitas seitas? Por que de
preferência não trabalham pelo bem de seus semelhantes? Vistam o indigente;
consolem o que chora; trabalhem pelo que está enfermo; sofram privações para
alívio dos infelizes e então suas vidas serão úteis e, portanto, agradáveis a
Deus. Sofrer alguém voluntariamente, apenas por seu próprio bem, é egoísmo;
sofrer pelos outros é caridade: tais os preceitos do Cristo.” (L.E., 726)
7) “A moral sem as ações é o mesmo que a semente
sem o trabalho. De que vos serve a semente, se não a fazeis dar frutos que vos
alimentem?” (L.E., 905)
Em
face do acima exposto, seria de grande utilidade que pudéssemos examinar o que
temos feito das nossas horas, lembrando-nos da advertência que Abel Gomes nos
fez em mensagem constante do livro “Falando à Terra”, obra psicografada por
Francisco Cândido Xavier:
“À
maneira que nos desenvolvemos em sabedoria e amor, consideramos a perda dos
minutos como sendo a mais lastimável e ruinosa de todas. (...) Guardamos, cada
dia, a colheita dos recursos e das emoções que estamos realmente plantando. Não
existe infelicidade, senão aquela que decretamos para nós mesmos.”
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