Revista
Espírita de 1861
Allan
Kardec
Parte
4
Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1861, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A
coleção do ano de 1861 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por
Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada
parte do estudo, que será sempre apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a)
questões preliminares;
b)
texto para leitura.
As
respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões
preliminares
A.
Que significado tinha entre os antigos o vocábulo deus?
B.
Pode uma pessoa, mesmo decorrida uma semana depois de desencarnada, ter dúvida
de sua morte?
C.
Kardec aprovava as reuniões mediúnicas com público?
Texto para leitura
55.
Kardec diz que a questão das mesas e pranchetas é inteiramente acessória e não
a principal. Elas foram o prelúdio dos grandes e poderosos meios de
comunicação, como o alfabeto é o prelúdio da leitura corrente. (PP. 114 e 115)
56.
Mostrando a utilidade da mediunidade, Kardec lembra que não faltam os inimigos
no mundo dos Espíritos. Lá como cá, os mais perigosos são os que não
conhecemos. O Espiritismo prático nos permite conhecê-los. (P. 116)
57.
A Revista transcreve a análise que o Sr. Escande fez, no jornal Mode Nouvelle, da obra “História do
Maravilhoso”, do Sr. Louis Figuier. (P. 117 a 125)
58.
Analisando um artigo publicado pelo Siècle
de 4/2/1861, Kardec diz que entre os antigos o vocábulo deus tinha um
significado muito elástico: era uma qualificação genérica, aplicada a todo ser
que lhes parecia elevar-se acima do nível da humanidade. Tal é, em substância,
o princípio da Mitologia. Os deuses não eram senão os Espíritos de simples
mortais que se manifestavam naquela época, como hoje se dá. (PP. 126 e 127)
59.
O Cristianismo despojou esses deuses do seu prestígio e o Espiritismo os
reduziu, hoje, ao seu justo valor, mostrando que só existe um Deus, o Criador
de todas as coisas. (P. 127)
60.
Alfred Leroy, de 50 anos, fisionomia distinta, enforcou-se a caminho de
Charenton. Numa carta achada em seu bolso, Alfred diz que recorreu ao suicídio
por haver sido abandonado à própria sorte. Evocado uma semana depois na
Sociedade Espírita de Paris, seu Espírito disse que o suicídio era uma prova
contra a qual tinha de lutar. (PP. 127 e 128)
61.
São Luís, esclarecendo o caso Leroy, disse que a expiação e o sofrimento seriam
a consequência do seu gesto, porque a culpa é bem maior quando o homem é levado
ao suicídio por haver sucumbido à tentação. (PP. 130 e 131)
62.
Jules Michel, morto aos 14 anos e evocado oito dias depois de sua morte, tinha
dúvida de haver morrido. Ele podia ver sua mãe e seus irmãos, e mesmo o seu
corpo, deitado, todo duro, mas sentia não estar mais nele. (P. 131)
63.
Jules Michel explicou, falando de sua desencarnação: “Estava entorpecido;
queria mover-me e não podia; as mãos estavam molhadas de suor e sentia um
grande trabalho em meu corpo; depois nada mais senti e despertei muito
aliviado; não sofria mais e estava leve como uma pluma. Então me vi em meu
leito e contudo não estava nele...” (P. 132)
64.
Mensagem enviada a Kardec pelo Conde X..., de Roma, diz que, não sendo uma lei
nova, o Espiritismo está destinado a restabelecer a unidade da crença, pois ele
é a confirmação e o esclarecimento do Cristianismo. (PP. 133 e 134)
65.
Falando sobre a inveja nos médiuns, o Espírito de Luos diz que há muitos
médiuns que se tornam vãos, em vez de humildes, à medida que seus dons se desenvolvem
e, com isso, repelem comunicações importantes. (P. 137)
66.
No médium – conclui Luos – a inveja é tão temível quanto o orgulho. Não é
mostrando-se invejoso dos dons do vizinho que o médium receberá dons
semelhantes. (P. 138)
67.
Comentando a mensagem, Kardec diz que os Espíritos simpatizam com os médiuns em
razão de suas qualidades ou de seus defeitos; ora, os defeitos que mais afastam
os bons Espíritos são o orgulho, o egoísmo e o ciúme. (P. 138)
68.
Em seu discurso anual na Sociedade Espírita de Paris, Kardec rejeita a ideia de
se tornarem públicas as sessões da Sociedade, reafirmando que primeiro a pessoa
deve estudar para depois assistir às manifestações. (P. 140)
69.
O Espiritismo é uma Ciência – assinala Kardec – e, como qualquer ciência, não
se aprende brincando. (P. 142)
70.
Outra crítica feita à Sociedade, segundo lembrou Kardec, diz que ela se ocupava
de coisas insignificantes, por abster-se de tratar de questões políticas e
religiosas. Kardec refutou, em seu discurso anual, essa crítica. (P. 143)
71.
Kardec agradeceu, em sua fala, o concurso recebido não só dos Espíritos, mas
também dos médiuns, afirmando que o mundo dos Espíritos os espera e lá todos os
devotamentos serão compensados, na medida do desinteresse, da humildade e da abnegação
aqui demonstrados. (P. 144)
72.
Aludindo aos princípios básicos do Espiritismo, Kardec diz que todas as
comunicações que lhe chegam de fora os têm confirmado, até mesmo no tocante à
reencarnação, aceita agora pela força da evidência. (P. 145)
Respostas às
questões propostas
A. Que significado
tinha entre os antigos o vocábulo deus?
O
vocábulo deus tinha então um significado muito elástico: era uma qualificação
genérica, aplicada a todo ser que lhes parecia elevar-se acima do nível da
humanidade. Esse foi, em substância, o princípio da Mitologia. Os deuses não
eram senão os Espíritos de simples mortais que se manifestavam naquela época,
como hoje se dá. O Cristianismo despojou esses deuses do seu prestígio e o
Espiritismo os reduziu ao seu justo valor, mostrando que só existe um Deus, o
Criador de todas as coisas. (Revista
Espírita de 1861, pp. 126 e 127.)
B. Pode uma pessoa,
mesmo decorrida uma semana depois de desencarnada, ter dúvida de sua morte?
Sim,
e isso é mais comum do que se pensa. A Revista menciona o caso Jules Michel
que, morto aos 14 anos e evocado oito dias depois de sua morte, tinha dúvida de
haver morrido. Falando de sua desencarnação, ele disse: “Estava entorpecido;
queria mover-me e não podia; as mãos estavam molhadas de suor e sentia um
grande trabalho em meu corpo; depois nada mais senti e despertei muito
aliviado; não sofria mais e estava leve como uma pluma. Então me vi em meu leito
e contudo não estava nele...” (Obra citada, pp. 131 e 132.)
C. Kardec aprovava
as reuniões mediúnicas com público?
Não.
O Codificador rejeitava essa ideia por entender que primeiro a pessoa deve
estudar para depois assistir às manifestações. Afirmou Kardec: “O Espiritismo é
uma Ciência e, como qualquer ciência, não se aprende brincando.” (Obra citada,
pp. 140 a 142.)
Observação:
Para acessar a Parte 3 parte deste estudo, publicada na semana
passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/09/blog-post_14.html
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