CINCO-MARIAS
Tristeza e infância
EUGÊNIA PICKINA
eugeniapickina@gmail.com
Não basta saber, é preciso aplicar. Não basta querer, é preciso também agir. Goethe
As emoções tomam parte na vida de todas as pessoas. A tristeza, então,
ainda que malvista pela sociedade, é uma emoção natural tal qual a alegria, a
ira e o medo. Estar triste cumpre uma função adaptativa e relevante para o
equilíbrio emocional do ser humano. De fato, se soubermos manejar a tristeza,
esta emoção nos auxiliará a superar muitos dos problemas que irão aparecer ao
longo da vida.
A tristeza, já na infância, implica aprendizado importante, porque é
emoção tão normal à criança como a alegria ou o vibrante estado de ânimo ou
curiosidade. Toda criança necessita experimentar a tristeza, pois isso coopera
com a construção de uma personalidade forte, empática e sensível ao mesmo
tempo.
No dia a dia, uma criança pode sentir-se triste devido a acontecimentos
diversos: uma mudança de casa, uma mudança de escola, uma viagem longa de um
dos pais, a morte do animalzinho de estimação…
Em relação à tristeza, os pais ajudam a criança simplesmente permitindo
que ela expresse seu pesar, sua necessidade de choro ou de um episódico
recolhimento.
Sentir-se triste nunca é sinal de debilidade, mas um estado emocional a que
todos nós estamos sujeitos. Por isso, quando você perceber seu filho triste,
procure compartilhar com ele o que você faz quando está triste, oferecendo,
dessa maneira, subsídios para o enfrentamento de sua própria tristeza,
escutando-o com respeito e atenção, porque é muito significativo saber que
temos tempo e espaço para nos colocar diante de nossos pais quando somos
pequenos.
Sobre a raiva, o medo, a tristeza, os pais nunca podem esquecer que é
uma atitude violenta rir ou menosprezar os dramas das crianças, pois o
sofrimento nos alcança desde a tenra idade.
Por fim, quando estamos diante de uma criança triste, simplesmente
lançar mão do silêncio e de um abraço – um abraço é sempre terapêutico porque
ajuda a criança a se sentir segura, reduzindo tensão, revigorando vontade e
autoestima, que são elementos que impulsionam naturalmente a superação da
tristeza – emoção básica e que cresce em nós sempre que perdemos algo, nos
sentindo sozinhos ou rejeitados.
Notinhas
Para muitos de nós, testemunhar nossos filhos pequenos chorarem ou
vê-los tendo uma explosão de raiva é difícil. Nós sentimos sua dor, mas também
nos sentimos desconfortáveis e só queremos fazê-los parar. Essa é uma reação compreensível.
Contudo, nossos filhos, e desde pequenos, precisam expressar seus sentimentos.
Precisam aprender que não há nada de errado em sentir tristeza, raiva, medo.
Pois sentimentos que são expressados não ficam reprimidos e essa é uma rica
lição para as crianças aprenderem desde cedo na vida. Além disso, o contato com
os sentimentos ajudará a criança a aprender a regular a intensidade deles. No
futuro, serão pessoas mais capazes de fazer escolhas acertadas com relação ao
que sentem.
Os filhos têm os pais como espelhos. Se os pais transmitirem mensagens
de equilíbrio ou mesmo de busca por equilíbrio, é isso que será assimilado
pelos pequenos. Quando a criança estiver triste, oriente-a a ter respirações
profundas, acomode-a perto de você, sinta o seu coração e a ajude a se
equilibrar oferecendo a si mesmo como referência.
*
Esta seção, cuja estreia neste blog ocorreu no dia 6 de janeiro deste
ano, traz sempre textos dedicados à infância, seus cuidados, sua educação.
Eugênia Pickina é educadora ambiental e terapeuta
floral e membro da Asociación Terapia Floral Integrativa (ATFI), situada em
Madri, Espanha. Escritora, tem livros infantis publicados pelo Instituto
Plantarum, colaborando com o despertar da consciência ambiental junto ao Jardim
Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).
Especialista em Filosofia (UEL-PR) e mestre em
Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP), está concluindo em São Paulo a
formação em Psicanálise. Ministra cursos e palestras sobre educação ambiental
em empresas e escolas no estado de São Paulo e no Paraná, onde vive.
Seu contato no Instagram é @eugeniapickina
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