Revista Espírita de 1862
Allan Kardec
Parte 9
Damos sequência ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1862, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo será baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1862 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. A homogeneidade,
em termos de doutrina espírita, é um fator importante?
B. Como o Espírito de
Bernardin associou o Espiritismo ao Cristianismo?
C. Que fatores mais
concorrem para o suicídio?
Texto para leitura
91. David, por meio
da Sra. Dozon, descreve o último quadro de Ingres, que retrata o menino Jesus
entre os doutores do Templo. A obra, diz Lamennais, foi inspirada pela
espiritualidade ao artista encarnado. (PP. 173 a 176)
92. A Revista noticia
a denúncia feita por um padre a respeito dos milhões que Kardec havia amealhado
valendo-se do Espiritismo. O Codificador rebate a acusação e conta que a
primeira edição de O Livro dos Espíritos correu por sua conta e risco,
porque nenhum editor quis dela encarregar-se. A obra rendeu-lhe cerca de 500
francos. (PP. 176 a 180)
93. Kardec diz que a
Sociedade Espírita de Viena, que acabava de entrar em seu terceiro ano,
nomeou-o seu presidente de honra. Os planos de divulgação do Espiritismo por
meio de jornal em alemão são mencionados na Revista. (PP. 180 e 181)
94. Comentando o
assunto, Kardec aplaude o rumo adotado pelos confrades de Viena e diz ter
aceitado a honra que lhe foi feita, na qual via não uma homenagem à sua pessoa,
mas aos princípios regeneradores do Espiritismo. (P. 182)
95. E. Collignon
escreve a Kardec protestando contra as palavras usadas em abril/1862 pelo Espírito
de Gérard de Codemberg, que se refere aos irmãos que se afastam do Espiritismo
chamando-os de ovelhas sarnentas. (P. 183)
96. Kardec reconhece
que Gérard expressou-se, talvez, um pouco cruamente, mas o fundo de seu
pensamento é correto, porque a homogeneidade é o princípio vital de toda
sociedade ou reunião espírita. (PP. 183 a 185)
97. A Revista publica
então, em seguida, mensagem do Espírito de Bernardin, recebida por E. Collignon
(a mesma que protestara contra as palavras de Gérard de Codemberg), na qual o
comunicante pede sejam excluídos dos trabalhos espíritas os falsos irmãos, os
curiosos, os incrédulos, visando exatamente à homogeneidade necessária aos
grupos espíritas. Bernardin, nessa mensagem, diz ainda:
I - O Espiritismo não
é uma religião nova, mas a consagração dessa religião universal cujas bases
foram lançadas pelo Cristo.
II - É preciso deixar
os caminhos tenebrosos, cheios de precipícios, para entrar no caminho que leva
à felicidade.
III - Nossa sorte
futura está em nossas mãos: a duração de nossas provas depende inteiramente de
nós.
IV - Para ser mártir
não é preciso ser pasto das feras: sejamos mártires de nós mesmos, destruindo
todos os instintos carnais, estudando as nossas inclinações, gostos e ideias,
desconfiando de tudo o que a consciência reprova.
V - O Espiritismo,
sob o ponto de vista religioso, é apenas a confirmação do Cristianismo. (PP.
186 a 188)
98. Abrindo o número
de julho de 1862, Kardec mostra como tudo na vida muda de aspecto quando, pelo
pensamento, o homem sai do vale estreito da existência terrena e se eleva na
radiosa, esplêndida e incomensurável vida de além-túmulo. Assim fazendo,
ver-se-á a vida terrena como uma estação passageira e mais suportáveis se
tornarão as tribulações que ela nos oferece. Tal é o resultado da diferença do
ponto de vista sob o qual se encara a vida: um nos dá balbúrdia e ansiedade; o
outro, a calma e a serenidade. (PP. 191 a 195)
99. Kardec,
analisando notícia sobre o aumento de suicídios na França, diz que é simples
atribuir todos eles à monomania, que segundo o Sr. Gastineau parece ter-se
apoderado da espécie humana. Se há suicídios por monomania, ocorrem também, diz
Kardec, suicídios voluntários, realizados com premeditação e pleno conhecimento
de causa. (PP. 196 a 198)
100. Na falta de uma
estatística oficial, Kardec diz que é justo pensar que os casos mais numerosos
sejam determinados pelos reveses da fortuna, as decepções e os pesares de vária
natureza. Nestes casos, o suicídio não é um ato de loucura, mas de desespero, e
a publicidade deles concorre para o seu aumento. (PP. 198 e 199)
101. Concluindo seu
pensamento, Kardec diz que são, porém, a incredulidade, a dúvida quanto ao
futuro e as ideias materialistas os maiores excitantes do suicídio, porque dão
a covardia moral que leva a pessoa a matar-se. (PP. 199 a 202) (Continua
no próximo número.)
Respostas às questões propostas
A. A homogeneidade,
em termos de doutrina espírita, é um fator importante?
Sim. A homogeneidade
é, segundo Kardec, o princípio vital de toda sociedade ou reunião espírita. (Revista
Espírita de 1862, pp. 183 a 185.)
B. Como o Espírito de
Bernardin associou o Espiritismo ao Cristianismo?
Em mensagem
transcrita pela Revista, Bernardin diz que o Espiritismo não é uma religião
nova, mas a consagração dessa religião universal cujas bases foram lançadas
pelo Cristo. E, sob o ponto de vista religioso, é tão somente a confirmação do
Cristianismo. (Obra citada, pp. 186 a 188.)
C. Que fatores mais
concorrem para o suicídio?
Na falta de uma
estatística oficial, Kardec diz que é justo pensar que os casos mais numerosos
sejam determinados pelos reveses da fortuna, as decepções e os pesares de vária
natureza. Mas, indiscutivelmente, a incredulidade, a dúvida quanto ao futuro e
as ideias materialistas são os maiores excitantes do suicídio, porque dão a
covardia moral que leva a pessoa a matar-se. (Obra citada, pp. 198 a 202.)
Observação:
Para
acessar a parte 8 deste estudo, publicada na semana passada, clique em https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/01/blog-post_25.html
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