domingo, 2 de julho de 2023

 



Há 21 anos Chico Xavier partia para a pátria espiritual 

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

Num dia como hoje – 2 de julho – no ano em que o Brasil ganhou sua última Copa do Mundo, há 21 anos, foi sepultado em Uberaba (MG) o corpo do médium Francisco Cândido Xavier, que contava, ao desencarnar, 92 anos de idade, 75 dos quais dedicados à causa espírita.

Mais conhecido pelo singelo nome Chico Xavier, foi ele o maior médium da história do Espiritismo no Brasil e, certamente, um dos maiores e melhores sensitivos da história.

Nascido em Pedro Leopoldo, cidade do interior de Minas Gerais, Chico foi filho de Maria João de Deus e João Cândido Xavier. Educado na fé católica, teve seu primeiro contato com a Doutrina Espírita em 1927, após a ocorrência de um processo obsessivo que acometeu uma de suas irmãs. Ele passou então a estudar e a desenvolver suas faculdades mediúnicas, que, como relata em nota aposta no livro Parnaso de Além-Túmulo, somente ganharam maior clareza no final de 1931.

A mediunidade de Chico manifestou-se aos 4 anos de idade por meio da vidência e da clariaudência. O menino via e ouvia os Espíritos e conversava com eles. Aos 5 anos passou também a conversar com a mãe, então desencarnada.

Chico Xavier psicografou mais de quatrocentos livros. Sem jamais admitir ser o autor de nenhuma dessas obras, dizia sempre que reproduzia apenas o que os Espíritos lhe ditavam. Por esse motivo, nunca aceitou remuneração pelo dinheiro arrecadado com a venda de seus livros, estimada em mais de 20 milhões de exemplares. Os direitos autorais de suas obras foram por ele   doados à FEB (Federação Espírita Brasileira) e a outras organizações espíritas e instituições de caridade.

Seu primeiro livro, Parnaso de Além-Túmulo, com 256 poemas escritos por poetas desencarnados, dentre eles os portugueses João de Deus, Antero de Quental e Guerra Junqueiro, e os brasileiros Olavo Bilac, Cruz e Sousa e Augusto dos Anjos, foi publicado pela primeira vez em 1932. Mas sua obra de maior tiragem continua sendo Nosso Lar, de André Luiz (autor espiritual), com mais de um milhão e quinhentos mil cópias vendidas, primeiro volume de uma série que mais tarde contaria com a parceria do médico mineiro Waldo Vieira, hoje igualmente desencarnado.

Uma de suas psicografias mais famosas, que teve repercussão mundial, foi a do caso em que José Divino Nunes, acusado de matar o melhor amigo, Maurício Henriques, foi inocentado pelo juiz, que aceitou como prova válida (entre outras que também foram apresentadas pela defesa) um depoimento do próprio falecido, constante de um texto psicografado por Chico Xavier. O caso aconteceu em outubro de 1979, na cidade de Goiânia, Goiás. Na mensagem mediúnica, o Espírito de Maurício afirmou que sua morte decorreu de um acidente.

Chico é lembrado por seus livros e também por suas obras assistenciais em Uberaba, cidade onde faleceu. Nos anos 1970 passou a ajudar mais diretamente pessoas carentes, tendo para isso criado uma fundação.

Muito conhecido no Brasil, especialmente nas últimas décadas, por sua benevolência e assistência ao próximo, deu ele relevante contribuição para a expansão do movimento espírita brasileiro, encorajando com sua grande popularidade os espíritas a revelarem sua adesão à doutrina codificada por Allan Kardec.

Chico Xavier faleceu em decorrência de parada cardíaca. Conforme relatos de amigos e parentes próximos, Chico teria pedido a Deus para morrer em um dia em que os brasileiros estivessem muito felizes e o país em festa, porque assim ninguém ficaria triste com sua desencarnação. Foi o que ocorreu, porque no dia de seu falecimento o Brasil festejava a conquista da Copa do Mundo de Futebol.

Dois dias depois, em 2 de julho, ocorreu o sepultamento de seu corpo, que teve, como se esperava, grande acompanhamento, especialmente das pessoas mais simples que tributaram sua homenagem ao grande médium pelo muito que dele todos nós recebemos.

Hoje, 21 anos depois de sua partida, nós espíritas continuamos a sentir muita falta de sua presença e nutrimos a convicção de que muitos dos problemas que se verificam atualmente no movimento espírita brasileiro certamente não estariam ocorrendo, caso ele ainda estivesse fisicamente entre nós.

A ele, pois, nesta data tão marcante, o nosso abraço, o nosso carinho, a nossa gratidão e a certeza de que dias melhores virão para esta nação e para o nosso orbe, se todos nós, espíritas ou não, nos empenharmos para que tal se verifique.

 

 

 


 


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