quarta-feira, 26 de julho de 2023

 



Revista Espírita de 1863

 

Allan Kardec

 

Parte 13

 

Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1863, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo baseia-se na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1863 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Que disse Kardec sobre o livro em que Daniel Dunglas Home relatou os fenômenos por ele produzidos?

B. Que significam estas palavras: o dedo de Deus?

C. Pode um Espírito comunicar-se mesmo antes do sepultamento do seu corpo?

 

Texto para leitura

 

122. O jornal Écho de Sétif de 23/7/1863 transcreveu artigo do Sr. C*** em que este responde à brochura publicada pelo Sr. Leblanc de Prébois contra o Espiritismo. A Revista divulga parte do mencionado artigo. (PP. 279 e 280)

123. Na seção de livros, Kardec comenta a obra Revelações sobre minha vida sobrenatural, escrita por Daniel Dunglas Home, em que este faz um relato puro e simples, sem quaisquer explicações, dos fenômenos mediúnicos por ele produzidos. Lembrando que tais fenômenos são interessantes para quem conhece o Espiritismo, mas pouco convincentes para os incrédulos, o Codificador censura no livro:

I) a ausência de qualquer conclusão, qualquer dedução filosófica ou moral acerca dos fenômenos;

II) as incorreções de estilo, sobretudo na versão francesa;

III) a qualificação de sobrenatural dada pelo Sr. Home à sua vida. Aliás, a respeito da passagem do notável médium pela França, Kardec insiste na tese de que ele (Home) apressou em terras francesas a eclosão do Espiritismo pelo brilho de seus fenômenos, mesmo entre os incrédulos, provando que não são cercados de mistérios e que se pode ser médium sem o ar de feiticeiro. (PP. 280 a 284)

124. Outra obra citada pela Revista, recomendada por Kardec com toda a confiança e sem restrições, é Sermões sobre o Espiritismo, em que um espírita de Metz refuta os sermões pregados na Catedral de Metz em maio de 1863 pelo rev. Pe. Letierce, da Companhia de Jesus. (P. 284)

125. A Revista transcreve duas mensagens espontâneas obtidas na Sociedade Espírita de Paris. A primeira, sem assinatura, é de uma jovem morta prematuramente, após longa enfermidade. “Não conheci – disse a jovem – a perturbação e entrei serena e recolhida no dia radioso que envolve os que, depois de muito sofrimento, esperaram um pouco.” A segunda, de autoria do Espírito de Lamennais, fala sobre o purgatório. (PP. 285 e 286)

126. O número de setembro da Revista é fechado com três mensagens obtidas fora de Paris:

I) A castidade é o tema da primeira, em que o autor afirma que de todas as virtudes exemplificadas pelo Cristo nenhuma foi mais indignamente esquecida quanto a castidade. No final da comunicação, o autor enfatiza a importância da educação da criança, cujos órgãos da inteligência são, na infância, como cera mole, apta a receber a moldagem do mais fraco objeto que a toque, deixando uma impressão que, depois de endurecida a cera, se tornará inapagável.

II) O dedo de Deus é o assunto da segunda mensagem, na qual um Espírito familiar diz que o dedo de Deus pode ser a punição sobre a cabeça do culpado, o remorso que rói os corações, mas também a paz reservada ao justo ou a justiça grave e austera, temperada pela misericórdia.

III) Na terceira comunicação, um Espírito explica por que a verdade tem sido ensinada no mundo de forma gradual. É que – afirma o comunicante – a humanidade devia progredir com sábia lentidão, para que a marcha fosse segura. (PP. 286 a 291)

127. Abrindo o número de outubro de 1863, Kardec diz que a sociedade vinha sendo trabalhada, um século antes, pelas ideias materialistas, reproduzidas sob todas as formas, traduzindo-se na maioria das obras literárias e artísticas. O espiritualismo, no entanto, reagiu e foi nessas circunstâncias, eminentemente favoráveis, que chegou o Espiritismo. Se tivesse chegado antes – afirma o Codificador – ter-se-ia chocado com o materialismo todo-poderoso; se chegasse em tempo mais recuado, teria sido abatido pelo fanatismo cego. (PP. 293 a 295)

128. Na sequência, Kardec assevera que um dos mais importantes princípios espíritas é o da pluralidade das existências, que os céticos confundem, geralmente, com o dogma da metempsicose. Charles Fourier, Jean Reynaud e muitos outros escritores e pensadores contemporâneos foram reencarnacionistas, como a escritora George Sand. (PP. 295 e 296)

129. A Revista noticia o falecimento do Sr. Costeau, membro da Sociedade Espírita de Paris, que foi sepultado no cemitério de Montmartre em vala comum, fato que mostra que a Sociedade de Paris não era um grupo exclusivamente aristocrático, visto que contava em seu seio mais de um proletário. (PP. 297 e 298)

130. Momentos antes do sepultamento, o Sr. Vézy – médium da Sociedade – desceu à cova e transmitiu uma mensagem dada ali mesmo pelo Sr. Costeau, que, referindo-se à simplicidade do seu enterro, informou que ali se encontrava uma multidão imensa de amigos do plano espiritual que vieram recebê-lo no retorno à verdadeira vida. (PP. 299 e 300)

131. Terminadas as formalidades do sepultamento, o grupo espírita dirigiu-se ao túmulo onde fora sepultado o corpo de Georges. De novo, o Sr. Vézy transmitiu linda mensagem de Georges, que fora em vida cunhado do Sr. d’Ambel, vice-presidente da Sociedade Espírita de Paris, presente também à cerimônia. (PP. 300 a 302)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Que disse Kardec sobre o livro em que Daniel Dunglas Home relatou os fenômenos por ele produzidos?

Kardec censurou no livro três coisas: I) a ausência de qualquer conclusão, qualquer dedução filosófica ou moral acerca dos fenômenos; II) as incorreções de estilo, sobretudo na versão francesa; III) a qualificação de sobrenatural dada pelo Sr. Home à sua vida. Mesmo assim, ele reconheceu que a passagem de Home pela França apressou em terras francesas a eclosão do Espiritismo pelo brilho de seus fenômenos, mesmo entre os incrédulos, provando que não são cercados de mistérios e que se pode ser médium sem o ar de feiticeiro. (Revista Espírita de 1863, pp. 280 a 284.)

B. Que significam estas palavras: o dedo de Deus?

Segundo mensagem publicada na Revista, o dedo de Deus pode ser a punição sobre a cabeça do culpado, o remorso que rói os corações, mas também a paz reservada ao justo ou a justiça grave e austera, temperada pela misericórdia divina. (Obra citada, pág. 286 a 290.)

C. Pode um Espírito comunicar-se mesmo antes do sepultamento do seu corpo?

Sim. Foi o que ocorreu com o Sr. Costeau. Segundo a Revista, momentos antes do sepultamento, o Sr. Vézy, médium da Sociedade Espírita de Paris, desceu à cova e transmitiu uma mensagem dada ali mesmo pelo Sr. Costeau, que, referindo-se à simplicidade do seu enterro, informou que ali se encontrava uma multidão imensa de amigos do plano espiritual que vieram recebê-lo no retorno à verdadeira vida. (Obra citada, pp. 299 e 300.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 12 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/07/revista-espirita-de-1863-allan-kardec_0211526159.html

 

 

 

 

 


 

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