Revista Espírita de 1863
Allan Kardec
Parte 13
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1863, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo baseia-se na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1863 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Que disse Kardec
sobre o livro em que Daniel Dunglas Home relatou os fenômenos por ele
produzidos?
B. Que significam
estas palavras: o dedo de Deus?
C. Pode um Espírito comunicar-se
mesmo antes do sepultamento do seu corpo?
Texto para leitura
122. O jornal Écho
de Sétif de 23/7/1863 transcreveu artigo do Sr. C*** em que este responde à
brochura publicada pelo Sr. Leblanc de Prébois contra o Espiritismo. A Revista
divulga parte do mencionado artigo. (PP. 279 e 280)
123. Na seção de
livros, Kardec comenta a obra Revelações sobre minha vida sobrenatural,
escrita por Daniel Dunglas Home, em que este faz um relato puro e simples, sem
quaisquer explicações, dos fenômenos mediúnicos por ele produzidos. Lembrando
que tais fenômenos são interessantes para quem conhece o Espiritismo, mas pouco
convincentes para os incrédulos, o Codificador censura no livro:
I) a ausência de
qualquer conclusão, qualquer dedução filosófica ou moral acerca dos fenômenos;
II) as incorreções de
estilo, sobretudo na versão francesa;
III) a qualificação
de sobrenatural dada pelo Sr. Home à sua vida. Aliás, a respeito da passagem do
notável médium pela França, Kardec insiste na tese de que ele (Home) apressou
em terras francesas a eclosão do Espiritismo pelo brilho de seus fenômenos,
mesmo entre os incrédulos, provando que não são cercados de mistérios e que se
pode ser médium sem o ar de feiticeiro. (PP. 280 a 284)
124. Outra obra
citada pela Revista, recomendada por Kardec com toda a confiança e sem
restrições, é Sermões sobre o Espiritismo, em que um espírita de Metz
refuta os sermões pregados na Catedral de Metz em maio de 1863 pelo rev. Pe.
Letierce, da Companhia de Jesus. (P. 284)
125. A Revista
transcreve duas mensagens espontâneas obtidas na Sociedade Espírita de Paris. A
primeira, sem assinatura, é de uma jovem morta prematuramente, após longa
enfermidade. “Não conheci – disse a jovem – a perturbação e entrei serena e
recolhida no dia radioso que envolve os que, depois de muito sofrimento,
esperaram um pouco.” A segunda, de autoria do Espírito de Lamennais, fala sobre
o purgatório. (PP. 285 e 286)
126. O número de
setembro da Revista é fechado com três mensagens obtidas fora de Paris:
I) A castidade é o
tema da primeira, em que o autor afirma que de todas as virtudes exemplificadas
pelo Cristo nenhuma foi mais indignamente esquecida quanto a castidade. No
final da comunicação, o autor enfatiza a importância da educação da criança,
cujos órgãos da inteligência são, na infância, como cera mole, apta a receber a
moldagem do mais fraco objeto que a toque, deixando uma impressão que, depois
de endurecida a cera, se tornará inapagável.
II) O dedo de Deus é
o assunto da segunda mensagem, na qual um Espírito familiar diz que o dedo de
Deus pode ser a punição sobre a cabeça do culpado, o remorso que rói os
corações, mas também a paz reservada ao justo ou a justiça grave e austera,
temperada pela misericórdia.
III) Na terceira
comunicação, um Espírito explica por que a verdade tem sido ensinada no mundo
de forma gradual. É que – afirma o comunicante – a humanidade devia progredir
com sábia lentidão, para que a marcha fosse segura. (PP. 286 a 291)
127. Abrindo o número
de outubro de 1863, Kardec diz que a sociedade vinha sendo trabalhada, um
século antes, pelas ideias materialistas, reproduzidas sob todas as formas,
traduzindo-se na maioria das obras literárias e artísticas. O espiritualismo,
no entanto, reagiu e foi nessas circunstâncias, eminentemente favoráveis, que chegou
o Espiritismo. Se tivesse chegado antes – afirma o Codificador – ter-se-ia
chocado com o materialismo todo-poderoso; se chegasse em tempo mais recuado,
teria sido abatido pelo fanatismo cego. (PP. 293 a 295)
128. Na sequência,
Kardec assevera que um dos mais importantes princípios espíritas é o da
pluralidade das existências, que os céticos confundem, geralmente, com o dogma
da metempsicose. Charles Fourier, Jean Reynaud e muitos outros escritores e
pensadores contemporâneos foram reencarnacionistas, como a escritora George
Sand. (PP. 295 e 296)
129. A Revista
noticia o falecimento do Sr. Costeau, membro da Sociedade Espírita de Paris,
que foi sepultado no cemitério de Montmartre em vala comum, fato que mostra que
a Sociedade de Paris não era um grupo exclusivamente aristocrático, visto que
contava em seu seio mais de um proletário. (PP. 297 e 298)
130. Momentos antes
do sepultamento, o Sr. Vézy – médium da Sociedade – desceu à cova e transmitiu
uma mensagem dada ali mesmo pelo Sr. Costeau, que, referindo-se à simplicidade
do seu enterro, informou que ali se encontrava uma multidão imensa de amigos do
plano espiritual que vieram recebê-lo no retorno à verdadeira vida. (PP. 299 e
300)
131. Terminadas as
formalidades do sepultamento, o grupo espírita dirigiu-se ao túmulo onde fora
sepultado o corpo de Georges. De novo, o Sr. Vézy transmitiu linda mensagem de
Georges, que fora em vida cunhado do Sr. d’Ambel, vice-presidente da Sociedade
Espírita de Paris, presente também à cerimônia. (PP. 300 a 302)
Respostas às questões propostas
A. Que disse Kardec
sobre o livro em que Daniel Dunglas Home relatou os fenômenos por ele
produzidos?
Kardec censurou no
livro três coisas: I) a ausência de qualquer conclusão, qualquer dedução
filosófica ou moral acerca dos fenômenos; II) as incorreções de estilo,
sobretudo na versão francesa; III) a qualificação de sobrenatural dada pelo Sr.
Home à sua vida. Mesmo assim, ele reconheceu que a passagem de Home pela França
apressou em terras francesas a eclosão do Espiritismo pelo brilho de seus
fenômenos, mesmo entre os incrédulos, provando que não são cercados de
mistérios e que se pode ser médium sem o ar de feiticeiro. (Revista Espírita
de 1863, pp. 280 a 284.)
B. Que significam
estas palavras: o dedo de Deus?
Segundo mensagem
publicada na Revista, o dedo de Deus pode ser a punição sobre a cabeça do
culpado, o remorso que rói os corações, mas também a paz reservada ao justo ou
a justiça grave e austera, temperada pela misericórdia divina. (Obra citada,
pág. 286 a 290.)
C. Pode um Espírito comunicar-se mesmo antes do sepultamento
do seu corpo?
Sim. Foi o que ocorreu com o Sr. Costeau. Segundo a Revista,
momentos antes do sepultamento, o Sr. Vézy, médium da Sociedade Espírita de
Paris, desceu à cova e transmitiu uma mensagem dada ali mesmo pelo Sr. Costeau,
que,
referindo-se à simplicidade do seu enterro, informou que ali se encontrava uma
multidão imensa de amigos do plano espiritual que vieram recebê-lo no retorno à
verdadeira vida. (Obra citada, pp. 299 e 300.)
Observação:
Para
acessar a Parte 12 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/07/revista-espirita-de-1863-allan-kardec_0211526159.html
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