No
Espiritismo a pedra de toque é a obra de Kardec
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA
FILHO
aoofilho@gmail.com
O Espiritismo, embora tenha uma feição
religiosa e seja igualmente uma doutrina filosófica, jamais pode perder suas
características de ciência de observação, que ele é, a qual não admite como
ponto doutrinário senão o que tenha passado pelo crivo a que Kardec submeteu os
ensinos que, no seu conjunto, conhecemos pelo nome de doutrina espírita.
Se o codificador da doutrina espírita
não tivesse o cuidado que teve em sua tarefa de codificação dos ensinamentos
que vieram do Plano Espiritual, certamente o Espiritismo não existiria, uma vez
que, de 1857 até esta data, a Ciência experimentou um avanço vertiginoso e, no
entanto, em nada abalou os princípios, os fundamentos, a estrutura da doutrina
que abraçamos.
Lembremos que Kardec viveu numa época
em que não havia máquina de escrever, nem rádio, nem automóvel, nem televisão.
Os estudos de Einstein, a mecânica quântica e tudo o que diz respeito à
eletrônica são-lhe posteriores.
Herculano Pires sintetizou em 4 pontos
o método que o Codificador adotou na tarefa a que se propôs:
1º - Escolha de colaboradores
mediúnicos insuspeitos, do ponto de vista moral, da pureza das faculdades e da
assistência espiritual.
2º - Análise rigorosa das
comunicações.
3º - Controle dos Espíritos
comunicantes, através da coerência de suas comunicações e do teor de sua
linguagem.
4º - Consenso universal, apurado pela
concordância existente entre as várias comunicações, recebidas por meio de
médiuns diversos situados em diferentes lugares.
Kardec repassava as respostas que
obtinha ao crivo de outros Espíritos, valendo-se de médiuns diferentes. Assim é
que ele trabalhou com as médiuns Caroline e Julie Baudin, Japhet, Aline,
Ermance Dufaux e muitos outros cujos nomes o leitor pode encontrar com
facilidade nos volumes que formam a coleção da Revista Espírita.
Escreveu ele em O Livro dos Médiuns
que "não existe uma comunicação má que possa resistir a uma crítica
rigorosa" (L.M., cap. 24, item 266). E, na mesma obra, consignou a célebre
orientação assinada por Erasto: “Mais vale repelir dez verdades do que admitir
uma única mentira, uma única teoria falsa” (obra citada, cap. 20, item 230).
É por causa desses cuidados que
Herculano escreveu em seu livro A Pedra e o Joio, publicado em 1975: “O
toque é a forma mais comum de verificação da verdade. Usa-se o toque na
Medicina, na Agricultura, na Joalheria — onde é tão conhecida a função da pedra
de toque — e praticamente em todas as atividades humanas. Foi pelo toque dos
dedos nas chagas que Tomé reconheceu a legitimidade da aparição de Jesus
ressuscitado. No Espiritismo a pedra de toque é a obra
de Kardec. Mas por que essa obra e não outra? É bom que se deixe bem
esclarecido esse porquê, pois há multas pessoas que não entendem a razão disso
e acham que se dá preferência a Kardec por motivos emocionais e até por
fanatismo”.
A justificativa do que diz Herculano é
esmiuçada em profundidade e com clareza no texto de abertura do seu livro,
acima mencionado, que deveria ser lido e meditado por todos aqueles que se
aventuram no campo literário, sobretudo os que se melindram quando a crítica
aponta esse ou aquele deslize nas obras que publicam.
A Pedra e o Joio, de Herculano
Pires, integra a Biblioteca virtual da revista O Consolador. Para lê-la, e
eventualmente baixá-la, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/bibliotecavirtual/diversosautores.html
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