sábado, 23 de dezembro de 2023

 



Que é Deus e que somos?

 

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

 

Alma irmã, quando eu era criança, meus pais matricularam-me numa escola católica, como já lhe falei um dia. Morávamos na Penha, e a entidade que abrigava a escola chamava-se Irmandade Nossa Senhora da Penha. Quem a administrava era a Paróquia da Igreja Nossa Senhora da Penha, no bairro Penha, do Rio de Janeiro.

Ali cursei o antigo primário, e os conceitos cristãos que recebi, ainda que fazendo parte de remotas lembranças dessa época, ficaram impregnados de amor e gratidão em minha alma. Fiz a primeira comunhão na igreja, que frequentei com meus irmãos durante alguns anos. Confessei-me algumas vezes com o padre local e aprendi, entre outros ensinamentos católicos, que “Deus é o Espírito perfeitíssimo, criador do Céu e da Terra”.

Mas a pergunta do catecismo era: “Quem é Deus?”. O que nos remete a uma figura humana, cuja foto era a de um ancião cabeludo e barbudo, cercado de anjos que voejavam à sua volta.

O que diz a Bíblia sobre Deus podemos ler no primeiro dos dez mandamentos recebidos por Moisés no monte Sinai: “Eu Sou o Senhor vosso Deus, que vos tirou da terra do Egito”. No entanto, Moisés não consegue ver Deus, na sarça, senão como a manifestação de um grande clarão, uma luz intensa.

No versículo 26 desse livro, lemos a seguinte informação: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança [...]”. Daí ter dito Jesus que somos filhos de Deus.

Observamos, porém, que Deus jamais foi visto pelos homens ou mulheres. No capítulo 15:1 de Gênesis, é dito que “[...] veio a palavra do Senhor a Abraão [...]. Em 16:7 desse livro é informado: “[...] E o Anjo do Senhor a achou junto a uma fonte de água no deserto [...]”, referindo-se a Agar, serva de Sarai...

No capítulo 18 desse livro, é dito que o Senhor aparece a Abraão na forma de três anjos. Daí por diante, toda vez que Deus deseja manifestar-se aos hebreus, toma a forma de um ou mais anjos, conforme vemos no capítulo 19 de Gênesis.

Passemos, agora, para Êxodo, 3:1 e 2, em que é narrada a fala de Deus a Moisés do meio da sarça ardente: “1E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto e veio ao monte de Deus, a Horebe. 2E apareceu-lhe o Anjo do Senhor em uma chama de fogo, no meio de uma sarça; e olhou; e a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia”. E do meio da sarça, disse Deus a Moisés: “6Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. E Moisés cobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus”.

Diz João, em 1:18 “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, este o fez conhecer”. Ou seja, somos filhos de Deus e irmãos de Jesus, o nosso modelo e guia, conforme consta na questão 625 d’O Livro dos Espíritos.

Eis o que disse Jesus à samaritana, segundo o relato de João, 4:24 “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”. Pronto, cheguei aonde queria, ou seja, à pergunta número 1 d’O Livro dos Espíritos: “Que é Deus?” Resposta: “Deus é a Inteligência Suprema, causa primeira de todas as coisas.

E onde podemos encontrá-lo? Onde reina Deus?

Estando Deus em toda a parte, seu reino está dentro de nós, como afirmou Jesus aos fariseus, segundo relato de Lucas, 17:21.

Sendo Deus Espírito, e, tendo-nos criado à sua imagem e semelhança, como seus filhos, também nos cabe entender que o aspecto material de nossos corpos é apenas temporário. Somos, portanto, alma irmã, Espíritos encarnados, filhos de Deus, que nos criou para a perfeição, conforme nos propõe o modelo que Ele nos deu, Jesus Cristo: “Sede perfeitos, como perfeito é vosso Pai”.

Vivamos, pois, pela paixão, mas não a dos vícios materiais e sim a paixão do Cristo, que nos ensinou a amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos, sintetizando, assim, os Dez Mandamentos recebidos por Moisés. Essa paixão está na máxima espírita de que “Fora da caridade, não há salvação”.

E que é caridade? A resposta está na questão 886 d’O Livro dos Espíritos: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas”.

Na questão 88 d’O Livro dos Espíritos somos informados de que o Espírito é “[...] uma chama, um clarão, ou uma centelha etérea”.  

Somos, pois, filhos da Luz. Por isso, disse Jesus Cristo. “Brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mateus, 5:16). Ou seja, enquanto não vivenciarmos os ensinamentos morais que Jesus nos deixou, e o Espiritismo esclarece plenamente, estaremos longe de fazer brilhar nossa luz...

Concluo com a questão 11 e sua resposta d’O Livro dos Espíritos:

“— Será dado um dia ao homem compreender o mistério da Divindade?

— Quando não mais tiver o espírito obscurecido pela matéria. Quando, pela sua perfeição, se houver aproximado de Deus, ele o verá e compreenderá.”


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