sábado, 9 de dezembro de 2023

 



O maravilhoso é ser natural

 

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

 

Alma amiga, lembrei-me agora duma frase dita por Jesus: “Mas nada há encoberto que não haja de ser descoberto; nem oculto que não haja de ser sabido(Lucas, 12:2). Palavras que dirigiu aos “fariseus” de seu tempo, mas também se aplicam aos da época atual.

Explicando sobre a inexistência, na natureza, de nada sobrenatural, Allan Kardec publica um artigo na Revista Espírita de setembro de 1860, que no ano seguinte fará parte do capítulo 2, primeira parte d’O Livro dos Médiuns. Seu título é “Do Maravilhoso e do Sobrenatural”. É pelo pensamento, diz Kardec, que os espíritos se comunicam conosco, haja vista ser esse um dos seus atributos.

O Codificador do Espiritismo, obra dos espíritos, como ele bem admite, embora sua contribuição ímpar, em função de sua alta capacidade de análise e síntese, explica-nos que o Espiritismo rejeita o título de “maravilhosos ou sobrenaturais” aos fenômenos espíritas, que ele resume em oito itens:

1.º O princípio das manifestações fenomenológicas espíritas é o da existência e sobrevivência da alma à extinção do corpo;

2.º Tais manifestações não são maravilhosas, nem sobrenaturais. Fazem parte da lei natural;

3.º A designação de muitos fatos como sobrenaturais deve-se à ignorância das leis da natureza;

4.º São supersticiosas as crenças em fatos sobrenaturais cujas realidades o Espiritismo demonstra serem impossíveis;

5.º Ainda que haja “um fundo de verdade” em muitas crenças populares, o Espiritismo não ratifica as que se baseiam em ficções;

6.º Somente os ignorantes julgam o Espiritismo com base em fatos que este não admite;

7.º A ciência e filosofia espírita baseiam-se em fatos naturais, pouco conhecidos, mas agora revelados pelos espíritos, que resultam em nossa elevação moral, após estudo sério, perseverante e profundo;

8.º Por fim, diz Allan Kardec ser necessário observar, estudar com profundidade, paciência e perseverança, por longo tempo, para se emitir uma crítica séria ao que o Espiritismo nos vem revelar, por meio da espiritualidade superior.

Ou seja, nenhuma crítica aos fenômenos mediúnicos existe que não seja originária da negação a priori e da ignorância de sua ciência, que não se funda em fenômenos observáveis em laboratórios, mas em nossa observação espiritual criteriosa, atenta e perseverante, com respeito ao livre-arbítrio dos espíritos, cuja voz sopra onde quer, como já afirmara Jesus.

O maravilhoso está em tudo se encadear na natureza, com base na matéria e no espírito, dois dos elementos universais, como foi revelado a Allan Kardec na questão 27 d’O Livro dos Espíritos, regidos por Deus, nosso Pai e “criador de todas as coisas”, cujo Espírito paira soberano no universo e cuja Lei é a Lei Natural, escrita em nossa consciência, conforme lemos nas questões 614 e 621 da obra citada.

Paz e luz!

 

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