Revista
Espírita de 1864
Allan
Kardec
Parte 19
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1864, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de 1864 pertence a uma série iniciada em janeiro
de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando
desencarnou.
Cada parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras,
compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto
abaixo.
Questões preliminares
A. Dar à luz uma criança deformada pode ser considerado uma
expiação?
B. A faculdade chamada de dupla vista é o mesmo que visão
espiritual?
C. As pessoas dotadas de visão espiritual são médiuns?
Texto para leitura
222. O Espiritismo vem rasgar esse mistério, provando que essas
almas deserdadas desde o berço já viveram antes e apenas expiam, em corpos
disformes, suas faltas passadas. (P. 283)
223. A mãe e o pai que dão à luz seres desgraçados como os da
camponesa de Lutter são criaturas submetidas, de igual modo, a uma expiação,
porque não existe uma única infração das leis de Deus que, cedo ou tarde, não
tenha suas funestas consequências, nesta vida ou na seguinte. (P. 283)
224. Foi exatamente isso que informou um Espírito protetor em
mensagem dada à Sociedade Espírita de Paris em 29-7-1864: “Não creais que essa
mulher (...) seja vítima do acaso ou de uma cega fatalidade. Não: o que lhe
acontece tem sua razão de ser, ficai bem convencidos”. “Ela é castigada no seu
orgulho; desprezou os fracos e os enfermos; foi dura para com os seres
infelizes, dos quais desviava os olhos com desgosto, em vez de os abarcar com
um olhar de comiseração; envaideceu-se da beleza física de seus filhos, à custa
de mães menos favorecidas; mostrava-os com orgulho, porque a seus olhos a
beleza do corpo valia mais que a da alma; assim, neles desenvolveu vícios, que
lhes retardaram o avanço, em vez de desenvolver as qualidades do coração.” (P.
284)
225. Mais um suicídio foi indevidamente atribuído pela imprensa às
ideias espíritas. Filho de um médico, o suicida contava apenas dezenove anos
quando desferiu um tiro na boca. Na semana seguinte à divulgação da notícia
pelo Siècle, o Sr. d’Ambel informou
pelas páginas do jornal Avenir que o
Espiritismo era completamente estranho ao ato do rapaz, que, por haver
fracassado em várias tentativas nos exames de bacharelato e temendo ser
reprovado mais uma vez, suicidou-se em seguida a uma viva discussão com seu
pai. Na verdade, diz o Sr. d’Ambel, o moço não conhecia a doutrina espírita,
que, com certeza, o teria detido na rampa fatal, caso a estudasse. (PP. 284 e
285)
226. Na seção de livros, a Revista noticia o relançamento da obra A Pluralidade dos Mundos Habitados,
revista e ampliada pelo Sr. Camille Flammarion, que tratou da questão da
existência de vida em outros mundos do ponto de vista da astronomia, da física
e da filosofia natural. Sem qualquer referência ao Espiritismo, a obra
constitui, ainda assim, documento valioso por confirmar a tese esposada pela
doutrina espírita acerca do assunto. (P. 286)
227. Encerrando o número de setembro, Kardec anuncia o surgimento
em Bordeaux de mais um periódico espírita: A
Voz de Além-Túmulo, a quarta publicação espírita surgida na mesma cidade,
que contava em sua direção com o confrade Aug. Bez. (P. 286)
228. O número de outubro de 1864 começa com um artigo a respeito
dos espelhos mágicos, nome dado a objetos de reflexos geralmente brilhantes,
como o gelo, placas metálicas, garrafas e vidros, nos quais certas pessoas veem
imagens que lhes possibilitam responder a perguntas que lhes são dirigidas. (P.
289)
229. O fenômeno não é extremamente raro e pôde ser observado por Kardec
no cantão de Berne, na Suíça, onde um camponês de 64 anos, muito religioso e
com formação protestante, gozava da faculdade de descobrir fontes e de ver num
copo as respostas às perguntas que lhe faziam. (PP. 289 e 290)
230. Eis alguns curiosidades a respeito do caso:
I) O sensitivo se recusava a responder às perguntas que visassem à
cupidez ou à realização de algum desígnio mau.
II) O mesmo procedimento adotava se as perguntas fossem fúteis ou
de pura curiosidade.
III) O copo por ele utilizado era um copo comum para água, mas
estava sempre vazio: em nenhuma hipótese ele o usava para outra coisa.
IV) Quando lhe faziam alguma pergunta, ele concentrava a atenção e
a vontade no assunto proposto, olhando no fundo do copo, onde se formavam de
imediato as imagens das pessoas, que ele descrevia, física e moralmente, como o
faria um sonâmbulo lúcido. (PP. 290 a 292)
231. Depois de relatar alguns fatos ocorridos com o sensitivo,
Kardec atesta que ele era dotado de uma faculdade especial e, realmente, via. O
exame atento do fenômeno - diz o Codificador - demonstra uma completa analogia
entre sua faculdade e o fenômeno designado sob o nome de segunda vista, dupla
vista ou sonambulismo desperto. Ela tem, pois, o seu princípio na propriedade
radiante do fluido perispiritual, que permite à alma perceber, em certos casos,
coisas a distância. (P. 294)
232. O copo constituía, no caso, um simples acessório, porque tal
faculdade é inerente ao indivíduo e não ao objeto. Essa é a razão por que nem
todos veem nos chamados espelhos mágicos, visto que, para isto, não basta a
visão corporal; é preciso ser dotado da dupla vista, que seria mais exatamente
chamada visão espiritual - o sexto sentido ou sentido espiritual, de que tanto
se falou e que, como os demais sentidos, pode ser mais ou menos obtuso ou
sutil. (P. 295)
233. Criticando a expressão espelhos mágicos, que ele propõe seja
substituída por espelhos espirituais, Kardec encerra o artigo reafirmando que a
visão espiritual é um dos atributos do Espírito e constitui uma das percepções
do sentido espiritual, que se expande sempre que uma causa exterior entorpece
os sentidos corpóreos. As pessoas dotadas de visão espiritual são médiuns? Sim
e não, conforme as circunstâncias. A mediunidade consiste na intervenção dos
Espíritos; o que se faz por si mesmo não é um ato mediúnico. (PP. 296 a 298)
Respostas às questões propostas
A. Dar
à luz uma criança deformada pode ser considerado uma expiação?
Sim. A mãe e o pai que dão à luz seres desgraçados como os da
camponesa de Lutter são criaturas submetidas, de igual modo, a uma expiação,
porque não existe uma única infração das leis de Deus que, cedo ou tarde, não
tenha suas funestas consequências, nesta vida ou na seguinte. Foi exatamente
isso que informou um Espírito protetor em mensagem dada à Sociedade Espírita de
Paris em 29-7-1864. (Revista Espírita de
1864, pp. 283 e 284.)
B. A
faculdade chamada de dupla vista é o mesmo que visão espiritual?
Sim. Kardec diz que a faculdade da dupla vista seria mais
exatamente chamada de visão espiritual, sexto sentido ou sentido espiritual,
que, como os demais sentidos, pode ser mais ou menos obtuso ou sutil. (Obra
citada, pág. 295.)
C. As
pessoas dotadas de visão espiritual são médiuns?
Sim e não, conforme as circunstâncias. A mediunidade consiste na
intervenção dos Espíritos; o que se faz por si mesmo não é um ato mediúnico.
(Obra citada, pp. 296 a 298.)
Observação:
Para
acessar a Parte 18 deste estudo, publicada na semana passada, clique
aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/12/revista-espirita-de-1864-allan-kardec_0131893452.html
Como consultar as matérias deste
blog? Se você não o conhece, clique em Espiritismo Século XXI e verá como utilizá-lo e seus vários recursos. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário