Gebaldo José de
Sousa
De Goiânia-GO
“Acima de
tudo (...) esteja o amor, que é o vínculo da perfeição.” – Paulo, Cl.
3:14.
Há pessoas que
passaram por nossa
vida , sem
jamais dela se afastarem, graças a Deus!
A generosidade e a doação
constantes com
que agiram são
marcas discretas, mas
indeléveis , eis
que o correr
dos anos mais
acentua sua presença em nossas lembranças . São
as marcas deixadas pelo
amor, o laço da perfeição.
*
Não há como falar de José, sem mencionar Maria. Junto do
homem de voz
rouquenha e bondade sem
par , lá estava ela, a santa mulher .
Sempre receptivos , amáveis ,
cordiais . Daquela cordialidade sincera que nos deixa à vontade . Prontos
a ouvir e a ajudar . Sobretudo a ajudar . Suas mãos , sempre estendidas, doaram ilimitadamente.
A pureza de seus propósitos , de suas
almas generosas, estampava-se-lhes nos
olhares de bondade , em
seus gestos
de ternura .
No lar acolhiam conterrâneos ,
familiares ou
não , que
vinham à Capital à procura
de médicos ou
de outras providências. Era o bom José a encaminhar , a orientar , a ouvir , a doar-se. E era a boa Maria – as mãos
sempre no trabalho, o sorriso nos
lábios, o olhar bondoso
sobre os óculos
da costura, a mão na massa do biscoito saboroso ! – a servir , a amar , com humildade . Nas faces ,
a bondade e o riso mais
puro, delicado.
Nos idos de 1960, órfão
de pai , acolheram-me em seu lar , por alguns meses. Trataram-me como
a um filho .
Amaram-me e me compreenderam. Além dos corações
abertos , o copo
de leite quente ,
o biscoito , o bolo e a
boa palavra , amiga ,
a encorajar , a estimular .
Com sua
ternura , adubaram-me o coração em momentos cruciais
da vida , dando-me alento
à alma , adolescente
ainda .
Às vezes , doía-lhes o próprio coração , pelas lutas
da vida , mas
não repassavam aos demais
suas dores
mais íntimas. Nem
por isso
deixavam de sorrir , de servir
e de amar . Calavam suas
dores , lenindo dores
menores .
Jamais lhes percebi qualquer
dissimulação ou
impaciência .
A sinceridade de seus
corações dava-lhes aura
de paz , de amor ,
que os envolvia e se estendia aos demais , a todos
contagiando, pacificando, encorajando, transmitindo otimismo
e confiança em
Deus e na vida !
Ele, embora generoso ,
se foi em maio
de 1964, apartando-se fisicamente de nós .
Ela, contudo , doou-se aos familiares
e aos amigos até
abril de 1995. Em
agosto desse ano ,
faria 86 anos , pois
nasceu em 1909. Partiu suavemente , depois de cumprir, além
do dever , a própria
missão .
Amou a todos que dela
se aproximaram, pessoas e animais . Era de
ver como
tratava seu cão, seu
papagaio e seus
gatos . Hospitalizava-os amiúde , condoída de seus
penares . Em
tudo deixou a marca
de sua ternura, de seu
sorriso franco ,
espontâneo .
Ao partir , sua filha escreveu:
“Mater mea
Maria, Esposa de José.
Maria Perdão .
Maria, mamãe Maria.
Maria Sapiência .
Maria, vovó
Maria.
Maria Bondade .
Maria, Dona Maria.
Maria Exemplo .
Maria, linda Maria.
Maria Renúncia .
Maria, Pura Maria.
Maria Eternidade .”
E digo mais : poderíamos acrescentar
ao seu nome
quantos adjetivos
bons existam!
Maria Alegria . Maria Humildade .
Maria Amor . Maria Ternura .
Maria Esperança . Maria Fé . Maria Paciência .
Maria Perseverança. Maria Compreensão .
Maria Simplicidade . Maria Brandura . Maria Meiguice .
Maria Santidade . Maria Beleza ,
pois , em seus traços , que o tempo não desfigurou, percebíamos que
foi jovem belíssima, quando então
cantava no coro da Igreja ,
com sua
voz maviosa .
Maria e José Honradez e Trabalho . Maria
e José Nobreza e Amizade .
Agora, no meu coração e nos corações
daqueles que os amam, viraram José e
Maria Saudades .
Onde quer que se
encontrem, possam ouvir nossa
sincera gratidão ,
nossa prece
de amor , nosso
“Deus lhes
pague”, nossas lágrimas de doce saudade ! E
– quem sabe? – nosso
até breve !
Mirando em seus exemplos , que
possamos nos tornar
dignos deles.
Que Deus os abençoe na caminhada
evolutiva , sempre !
Que o Divino Mestre – que entende de Maria e José! – ilumine seus passos , seus corações !
Como veem,
esquecê-los quem há-de?
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