quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O coração busca o olhar


Cínthia Cortegoso
De Londrina-PR

No meio da manhã, o jovem sentia a liberdade no rosto e suas mãos passeavam, sensivelmente, pelo mar de trigo. O vento estava ameno, com o sol dourado refletido no campo.
Caminhava com os braços abertos procurando tocar nos delicados raminhos. Com o chapéu, protegia o rosto do calor. Deixava o trigo tombado a cada passada. Calmo, intenso, vivaz era o momento conquistado.
O tato apreciava a textura da planta; o olfato, o cheiro leve do trigo; a audição levava a seu universo o som do movimento dos ramos e do canto do pássaro. O gosto da alegria estava em seu ser.
– Benjamin. Venha, filho! – chamou a mãe aproximando-se. – Hora do almoço.
– Estou a caminho. Você viu minha bengala, mãe? – perguntou o rapazinho.
– Está próxima do seu cão, o guia que o aguarda pacientemente.
O jovem pegou no braço da mãe e seguiram para casa. Com os olhos da alma, buscou o alto e, mais uma vez, agradeceu a vida.


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