Este texto é o
segundo de uma série de estudos que esperamos possam servir aos neófitos como
iniciação ao estudo da doutrina espírita. Os estudos aqui apresentados foram
elaborados de acordo com o temário que a Federação Espírita Brasileira adotou
nos primórdios do ESDE - Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, por ela
criado e difundido por todo o Brasil.
Cada texto compõe-se
de duas partes:
- questões para
debate
- texto para
leitura.
As respostas
correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final de cada
texto.
Questões para debate
1. Qual é a data que
lembra a ocorrência dos fenômenos de Hydesville e quais foram as
características de tais fenômenos?
2. Qual a
importância dos fenômenos de Hydesville no surgimento da Doutrina Espírita?
3. Em que consistiam
os fenômenos conhecidos pelo nome de mesas girantes?
4. Qual foi a
posição do professor Hippolyte Léon Denizard Rivail ante o fenômeno das mesas
girantes e qual o resultado de sua conduta?
Texto para leitura
1. Em março de 1848,
no humilde vilarejo de Hydesville, Estado de Nova York, surgiram certos fatos
inabituais que abalaram a opinião pública da época. Eram ruídos, pancadas,
batidas, designados em inglês pelo vocábulo "raps".
2. Na Europa, os
fenômenos tomaram outra forma, surgindo então as chamadas mesas girantes, que
chamaram a atenção do professor Hippolyte Léon Denizard Rivail para o estudo
atento das manifestações espíritas. Após a fase das mesas que giravam e
respondiam às perguntas através de pancadas previamente convencionadas, surgiu
a psicografia indireta, em que o médium utilizava um lápis preso a uma mesinha
ou prancheta para escrever e, por fim, a psicografia direta, em que ele segura
diretamente o lápis ou caneta para registrar a mensagem dos Espíritos. Foi
elaborada então, em consequência desses fenômenos, a chamada codificação da
Doutrina Espírita, em que o professor Rivail, identificado pelo pseudônimo
Allan Kardec, teve participação essencial.
3. Foi no dia 31 de
março de 1848 que ruídos insólitos atraíram a atenção pública, inclusive da
imprensa norte-americana, tornando-se objeto de comprovação por numerosos
observadores, a ponto de marcar na América do Norte a data de nascimento do
Moderno Espiritualismo, nome com que os americanos designavam então o
Espiritismo.
4. Os fenômenos
ocorreram numa tosca cabana de Hydesville, no Condado de Wayne, no Estado de
Nova York, onde residia a família Fox: o Sr. John, a Sra. Margareth e suas
filhas Kate e Margareth. Os fatos, a partir do primeiro diálogo do Espírito com
a Sra. Fox, ocorrido em 31-3-1848, empolgaram a população do lugar, ocasionando
depois as primeiras demonstrações públicas realizadas em Rochester, no
Corinthian Hall, do que resultou a formação do primeiro núcleo de estudos dos fatos
espíritas.
5. As manifestações
ruidosas na casa do Sr. Fox foram produzidas pelo Espírito de um mascate
chamado Charles Rosma, que fora assassinado e sepultado no porão daquela
cabana. A família Fox professava a religião metodista, mas, apesar disso, Kate
e Margareth, as meninas da casa, eram excelentes médiuns. Na noite do primeiro
diálogo com Charles Rosma, um dos moradores do vilarejo sugeriu fosse adotado
um interessante método para a comunicação do Espírito, em que cada letra do
alfabeto corresponderia a determinado número de pancadas. Estava, pois, descoberta
a "telegrafia espiritual", que foi o processo adotado, posteriormente,
na fase das mesas girantes.
6. Em 1850, quando a
repercussão dos fenômenos já era muito grande na América, a senhora Fox e suas
três filhas – Kate, Margareth e Leah – passaram a realizar sessões públicas em
Nova York, no Hotel Barnum, atraindo muitos curiosos. Havia então nos Estados
Unidos muitos grupos espíritas em atividade e era grande o número de adeptos do
movimento, apesar das investidas da imprensa, que de modo geral atacava os
fenômenos e as médiuns.
7. A relevância dos
acontecimentos pode ser assinalada pela sua ressonância na esfera científica,
visto que os fatos atraíram o interesse de pesquisadores de alto nível
cultural, como Dale Owen, o juiz Edmonds, o físico William Crookes e muitos
outros.
8. A divulgação
dessas experiências e, a seguir, a conversão do juiz Edmonds, materialista que
rira da crença nos Espíritos, pasmaram os norte-americanos, aumentando ainda
mais o interesse pelas manifestações. A notícia disso chegou logo à Europa,
onde iria despertar as consciências e preparar, conjuntamente com os fenômenos
das mesas girantes, o advento da Doutrina Espírita.
9. As mesas girantes
não se limitavam a levantar-se sobre um pé para responder às perguntas feitas;
elas moviam-se em todos os sentidos, giravam sob as mãos dos pesquisadores e,
às vezes, elevavam-se no ar. Nos anos de 1853 a 1855, as mesas que giravam
constituíram verdadeiro passatempo, sendo diversão quase obrigatória nas
reuniões sociais, a ponto de ter sido dito pelo padre Ventura de Raulica que o
fenômeno era "o maior acontecimento do século".
10. A cidade de
Paris inteira assistia, atônita e estarrecida, a esse turbilhão de fenômenos
imprevistos que, para a maioria, só imaginações alucinadas poderiam criar, mas
que acabavam se impondo aos mais céticos e frívolos.
11. A posição do
professor Hippolyte Léon Denizard Rivail diante dos fatos possibilitou o
advento da Doutrina Espírita. O professor, logo que assistiu à primeira
manifestação das mesas girantes, em maio de 1855, dedicou-se a estudar com
seriedade os fenômenos, do que resultou, pouco tempo depois, a elaboração da
Doutrina Espírita.
12. Inicialmente, as
mesas respondiam às perguntas por meio de pancadas previamente convencionadas.
Depois, adaptando-se um lápis numa das extremidades, a cestinha – ou outro
objeto qualquer, pequeno e leve – permitia que os Espíritos grafassem suas
mensagens no papel. Daí, à psicografia direta, em que o médium segura o lápis
com sua mão, foi um passo importante, que possibilitou a produção de uma imensa
quantidade de livros mediúnicos.
13. Aludindo às
mesas girantes, Kardec diz que, apesar da simplicidade do fenômeno, elas
representarão sempre o ponto de partida da Doutrina Espírita, cujo marco
inicial ocorreu em 18 de abril de 1857, data de publicação da 1ª edição de
"O Livro dos Espíritos".
Respostas às questões propostas
1. Qual é a data que lembra a ocorrência dos
fenômenos de Hydesville e quais foram as características de tais fenômenos?
A data é 31 de março
de 1848. Os fatos ocorridos em Hydesville, classificados mais tarde como
fenômenos de efeitos físicos, consistiam em ruídos, pancadas, batidas, fatos
que em inglês foram designados pelo vocábulo "raps".
2. Qual a importância dos fenômenos de
Hydesville no surgimento da Doutrina Espírita?
A relevância dos
acontecimentos de Hydesville pode ser assinalada pela sua ressonância na esfera
científica. A divulgação dessas experiências e, em seguida, a conversão do juiz
Edmonds, materialista que anteriormente rira da crença nos Espíritos, pasmaram
os norte-americanos, aumentando ainda mais o interesse pelas manifestações. A
notícia disso chegou logo à Europa, onde iria despertar as consciências e
preparar, conjuntamente com os fenômenos das mesas girantes, o advento da
Doutrina Espírita.
3. Em que consistiam os fenômenos conhecidos
pelo nome de mesas girantes?
As mesas girantes
moviam-se em todos os sentidos, giravam sob as mãos dos pesquisadores e, em
alguns casos, elevavam-se no ar. Além disso, utilizavam, às vezes, de um dos
pés para, por meio de pancadas, responder às perguntas feitas. Nos anos de 1853
a 1855, esse fato surpreendente constituiu na França verdadeiro passatempo,
sendo diversão quase obrigatória nas reuniões sociais, a ponto de ter sido dito
pelo padre Ventura de Raulica que o fenômeno era "o maior acontecimento do
século".
4. Qual foi a posição do professor Hippolyte
Léon Denizard Rivail ante o fenômeno das mesas girantes e qual o resultado de
sua conduta?
A posição adotada
pelo professor Hippolyte Léon Denizard Rivail em face dos fenômenos das mesas
girantes possibilitou o advento da Doutrina Espírita. Logo que assistiu à
primeira manifestação das mesas girantes, em maio de 1855, o futuro Codificador
do Espiritismo dedicou-se a estudar com seriedade os fenômenos, advindo daí as
obras que formam o arcabouço filosófico e científico do Espiritismo.
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