quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Pílulas gramaticais (231)



Uma das dificuldades no uso correto de nosso idioma está relacionada com a regência, que é a parte da Gramática que trata das relações entre os termos de uma oração.
Se o termo regente é um nome, dizemos que se trata de regência nominal.
Exemplos:
Maria estava certa de seu amor por Carlos.
Carlos andava alheio a tudo.
Quando o termo regente é um verbo, estamos lidando com regência verbal.
Exemplos:
Maria ama Carlos.
Carlos gosta de Maria.
No primeiro exemplo, nota-se que o verbo amar, na acepção mencionada, pede complemento sem preposição. No segundo exemplo, vê-se que o verbo gostar, na acepção indicada, pede a preposição “de” antes do complemento.
Diz-se então que o verbo amar, no caso exemplificado, é transitivo direto e que o verbo gostar, na hipótese mencionada, é transitivo indireto.
A dificuldade a que inicialmente nos referimos decorre do fato de que um verbo pode, conforme a acepção em que for usado, apresentar regências diferentes.
Veja o caso do verbo amar:
I. Amar será transitivo direto quando tiver estes significados: ter amor a; querer muito bem a; sentir ternura ou paixão por; ter afeição, dedicação ou devoção a; prezar; sentir prazer em; apreciar muito, gostar de; praticar, realizar o amor físico com; possuir; desejar, querer; preferir, escolher.
Exemplos:
Amo a vida.
Ela ama o filho.
É preciso amar o próximo.
João ama o que faz.
II. Amar será intransitivo, ou seja, não pedirá complemento algum quando significar: ter amor; estar enamorado; ser propenso ao amor ou capaz de amar; praticar o ato sexual.
Exemplos:
Tenho ânsia de amar.
Maria não é capaz de amar.
Fernanda está amando.
III. Amar será pronominal nas seguintes acepções: experimentar (duas ou mais pessoas) um sentimento mútuo de amor, ternura, paixão; praticar (duas pessoas ou animais) o ato sexual; votar amor a si mesmo.
Exemplos:
Jamais foi proibido amarem-se duas pessoas.
Amemo-nos não somente agora, mas sempre.
Antônio não se ama, pois a tristeza não lhe permite amar-se.

*

Um amigo nosso, e também articulista de periódicos espíritas, pede-nos que lhe indiquemos uma obra que trate em profundidade do tema regência verbal.
A melhor obra que conhecemos, a propósito do assunto, é  Dicionário de Verbos e Regimes, de Francisco Fernandes, publicado pela editora Globo, que também publicou – com respeito ao tema regência nominal – a obra Dicionário de Regimes de Substantivos e Adjetivos, do mesmo autor.
As dúvidas que o leitor possa ter com relação a regência serão facilmente resolvidas à vista dos livros citados.



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