Uma
das dificuldades no uso correto de nosso idioma está relacionada com a
regência, que é a parte da Gramática que trata das relações entre os termos de
uma oração.
Se
o termo regente é um nome, dizemos que se trata de regência nominal.
Exemplos:
Maria
estava certa de seu amor por Carlos.
Carlos
andava alheio a tudo.
Quando
o termo regente é um verbo, estamos lidando com regência verbal.
Exemplos:
Maria
ama Carlos.
Carlos
gosta de Maria.
No
primeiro exemplo, nota-se que o verbo amar, na acepção mencionada, pede
complemento sem preposição. No segundo exemplo, vê-se que o verbo gostar, na
acepção indicada, pede a preposição “de” antes do complemento.
Diz-se
então que o verbo amar, no caso exemplificado, é transitivo direto e que o
verbo gostar, na hipótese mencionada, é transitivo indireto.
A
dificuldade a que inicialmente nos referimos decorre do fato de que um verbo
pode, conforme a acepção em que for usado, apresentar regências diferentes.
Veja
o caso do verbo amar:
I.
Amar será transitivo direto quando tiver estes significados:
ter amor a; querer muito bem a; sentir ternura ou paixão por; ter afeição,
dedicação ou devoção a; prezar; sentir prazer em; apreciar muito, gostar de; praticar,
realizar o amor físico com; possuir; desejar, querer; preferir, escolher.
Exemplos:
Amo
a vida.
Ela
ama o filho.
É
preciso amar o próximo.
João
ama o que faz.
II.
Amar será intransitivo, ou seja, não
pedirá complemento algum quando significar: ter amor; estar enamorado; ser
propenso ao amor ou capaz de amar; praticar o ato sexual.
Exemplos:
Tenho
ânsia de amar.
Maria
não é capaz de amar.
Fernanda
está amando.
III.
Amar será pronominal nas seguintes
acepções: experimentar (duas ou mais pessoas) um sentimento mútuo de amor,
ternura, paixão; praticar (duas pessoas ou animais) o ato sexual; votar amor a
si mesmo.
Exemplos:
Jamais
foi proibido amarem-se duas pessoas.
Amemo-nos
não somente agora, mas sempre.
Antônio
não se ama, pois a tristeza não lhe permite amar-se.
*
Um
amigo nosso, e também articulista de periódicos espíritas, pede-nos que lhe
indiquemos uma obra que trate em profundidade do tema regência verbal.
A
melhor obra que conhecemos, a propósito do assunto, é Dicionário
de Verbos e Regimes, de Francisco Fernandes, publicado pela editora Globo,
que também publicou – com respeito ao tema regência nominal – a obra Dicionário de Regimes de Substantivos e
Adjetivos, do mesmo autor.
As
dúvidas que o leitor possa ter com relação a regência serão facilmente
resolvidas à vista dos livros citados.
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