Allan Kardec, sua vida, sua
obra e seu método
Este é o terceiro
texto de uma série que esperamos possa servir aos neófitos como iniciação ao
estudo da doutrina espírita. Os estudos aqui apresentados foram elaborados de
acordo com o temário que a Federação Espírita Brasileira adotou nos primórdios
do ESDE - Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita.
Cada texto compõe-se
de duas partes:
- questões para
debate
- texto para
leitura.
As respostas
correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto indicado
para leitura.
Questões para debate
1. Qual foi o nome
de batismo do Codificador do Espiritismo?
2. Em que data e
cidade ele nasceu e quando faleceu?
3. Como se chamou
sua esposa?
4. Quais são os
principais livros espíritas de sua autoria?
5. Em que consistiu
o chamado método kardequiano?
Texto para leitura
1. Na cidade de Lyon
(França), na Rua Sala 76, nasceu em 3 de outubro de 1804 aquele que se
celebrizaria sob o pseudônimo de Allan Kardec, de tradicional família francesa
de magistrados e professores, filho de Jean Baptiste Antoine Rivail e Jeanne
Louise Duhamel. Batizado pelo padre Barthe a 15-6-1805, recebeu o nome de
Hippolyte Léon Denizard Rivail.
2. Em Lyon fez ele
seus primeiros estudos, seguindo depois para Yverdon (Suíça), a fim de estudar
com o célebre professor Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), pedagogo suíço
que fundou diversas escolas. O instituto de Yverdon era um dos mais famosos e
respeitados na Europa, reputado mesmo como Escola-modelo, por onde passaram vultos
eminentes do Velho Continente.
3. Desde cedo,
Hippolyte tornou-se um dos mais eminentes discípulos de Pestalozzi. Na
"Revista Espírita" de maio de 1869 diz-se que, dotado de notável
inteligência e atraído por sua vocação, desde os 14 anos o jovem lionês
ensinava aos colegas menos adiantados tudo o que aprendia.
4. Concluídos os
estudos em Yverdon, ele se radicou em Paris, onde se tornaria conceituado
mestre não só de Letras, como de Ciências, distinguindo-se como notável
pedagogo, autor de obras didáticas e divulgador do método de Pestalozzi.
5. Encontrando-se no
mundo literário de Paris com a professora Amélie Gabrielle Boudet, também
autora de livros didáticos, o professor Hippolyte contrai com ela matrimônio,
conquistando preciosa colaboradora para sua futura atuação missionária. Como
pedagogo, no primeiro período de sua vida, publicou numerosos livros didáticos
e apresentou planos e métodos referentes à reforma do ensino francês. Entre as
obras publicadas destacam-se: Curso Teórico e Prático de Aritmética, Gramática
Francesa Clássica, Catecismo Gramatical da Língua Francesa, além de programas
para os cursos ordinários de Física, Química, Astronomia e Fisiologia.
As obras espíritas da lavra de Kardec
6. Em 1854, o
professou ouviu falar pela primeira vez nas mesas girantes, por meio de seu
amigo Fortier, estudioso do Magnetismo. A princípio, revelou-se cético a
respeito dos fenômenos, embora se dedicasse desde muito ao estudo do
Magnetismo. No ano seguinte, ele pôde assistir pela primeira vez aos propalados
fenômenos; corria o mês de maio de 1855. A partir de então passa a dedicar-se
ao assunto, recebendo provas numerosas de que as manifestações eram produzidas
pelos Espíritos de pessoas que haviam deixado a Terra.
7. Recebendo logo
depois das mãos dos senhores Carlotti, René Taillandier, Tiedeman-Manthese,
Sardou, pai e filho, e Didier, editor, cinquenta cadernos contendo comunicações
diversas, o professor se dedicou à desafiadora tarefa de organizar ditos
cadernos, resultando daí a codificação do Espiritismo e a elaboração de um
conjunto de obras fundamentadas nos ensinamentos fornecidos pelos Espíritos,
sendo a primeira delas "O Livro dos Espíritos", publicada em 18 de
abril de 1857 e considerada como o marco inicial da codificação, embora o
formato definitivo desse livro saísse apenas três anos depois, em março de
1860.
8. Explicando a sua
convicção, Kardec sustenta que sua crença apoia-se no raciocínio e em fatos. Era'
do seu feitio examinar, antes de negar ou afirmar, a priori, qualquer tema.
Foi, portanto, como racionalista estudioso, emancipado de qualquer misticismo,
que ele se pôs a examinar os fenômenos relacionados com as mesas girantes.
9. Em 1º de janeiro
de 1858 lançou o primeiro número da "Revista Espírita", e em 1º de
abril do mesmo ano fundou a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Em 1861
publicou a primeira edição de "O Livro dos Médiuns", a que se
seguiram "O Evangelho segundo o Espiritismo" (1864), "O Céu e o
Inferno" (1865) e "A Gênese" (1868), que são, juntamente com
"O Livro dos Espíritos", suas principais obras.
10. A primeira
revelação de sua missão ele a recebeu em 30-4-1856 por meio da jovem médium
Srta. Japhet, o que foi confirmado em 12-6-1856 por intermédio da Srta. Aline e
em 12-4-1860 por meio do Sr. Crozet. Na "Revista Espírita" de maio de
1869, publicada após sua desencarnação, ocorrida em 31 de março de 1869, Kardec
é definido como trabalhador infatigável, "sempre o primeiro e o último a
postos".
O método kardequiano
11. Kardec, cognominado
por Camille Flammarion "o bom senso encarnado", adotou, em seu
trabalho, o método intuitivo-racionalista, que aprendera com Pestalozzi,
considerando todavia o valor da análise experimental. Sob tais diretrizes,
cultiva o espírito natural da observação, apregoando o uso do raciocínio na
descoberta da verdade. Desestimula, porém, a atitude mecânica, para que o
aprendiz procure sempre a razão e a finalidade de tudo. Kardec sustenta que
devemos partir do simples para o complexo, do particular para o geral.
Recomenda a utilização de uma memória racional, fazendo o uso da razão, para
reter as ideias, de modo a evitar o processo de repetição mecânica das
palavras. Procura despertar no estudo a curiosidade do observador, de modo a
avivar sua atenção e percepção.
12. O lastro contido
no ensino basilar é sempre intuitivo, que ele considera "como o fundamento
geral dos nossos conhecimentos e o meio mais adequado para desenvolver as
forças do espírito humano, da maneira mais natural". Entendia Kardec que "todo
bom método devia partir do conhecimento dos fatos adquiridos pela observação,
pela experiência e pela analogia, para daí se extraírem, por indução, os
resultados e se chegar a enunciados gerais que pudessem servir de base de
raciocínio, dispondo-se esses materiais com ordem, sem lacuna,
harmoniosamente".
13. Diz J. Herculano
Pires que o método adotado por Kardec na codificação da Doutrina Espírita
transformou-se no método da própria doutrina e tem, na sua própria
simplicidade, a garantia da sua eficiência. Podemos – de acordo com Herculano
Pires – resumi-lo assim:
I - Escolha de
colaboradores mediúnicos insuspeitos, tanto do ponto de vista moral, quanto da
pureza das faculdades e da assistência espiritual.
II - Análise
rigorosa das comunicações, do ponto de vista lógico, bem como do seu confronto
com as verdades científicas demonstradas, pondo-se de lado tudo aquilo que não
possa ser logicamente justificado.
III - Controle dos
Espíritos comunicantes, através da coerência de suas comunicações e do teor de
sua linguagem.
IV - Consenso
universal, ou seja, concordância das várias comunicações, dadas por médiuns
diferentes, ao mesmo tempo e em vários lugares, sobre o mesmo assunto.
Respostas às questões propostas
1. Qual foi o nome de batismo do Codificador
do Espiritismo?
Batizado pelo padre
Barthe a 15-6-1805, ele recebeu o nome de Hippolyte Léon Denizard Rivail.
2. Em que data e cidade ele nasceu e quando
faleceu?
Kardec nasceu em 3
de outubro de 1804 na cidade de Lyon, França, e faleceu em Paris em 31 de março
de 1869.
3. Como se chamou sua esposa?
Amélie Gabrielle
Boudet.
4. Quais são os principais livros espíritas de
sua autoria?
O primeiro a sair
foi "O Livro dos Espíritos", publicado em 18 de abril de 1857 e
considerado o marco inicial da codificação, embora o formato definitivo desse
livro saísse apenas três anos depois, em março de 1860.
Seguiram-se "O
Livro dos Médiuns" (1861), "O Evangelho segundo o Espiritismo"
(1864), "O Céu e o Inferno" (1865) e "A Gênese" (1868), que
formam com "O Livro dos Espíritos" o chamado Pentateuco Kardequiano.
Não podemos
esquecer, porém, duas obras introdutórias importantíssimas: "Instruções
Práticas sobre as Manifestações Espíritas" (1858) e "O que é o
Espiritismo" (1859), além de "Viagem Espírita em 1862" e
"Obras Póstumas", este último publicado depois de sua desencarnação.
5. Em que consistiu o chamado método
kardequiano?
De acordo com o
professor J. Herculano Pires, o método utilizado por Kardec na codificação do
Espiritismo foi composto de quatro pontos:
I. Escolha de
colaboradores mediúnicos insuspeitos, tanto do ponto de vista moral, quanto da
pureza das faculdades e da assistência espiritual.
II. Análise rigorosa
das comunicações, do ponto de vista lógico, bem como do seu confronto com as
verdades científicas demonstradas, pondo-se de lado tudo aquilo que não possa
ser logicamente justificado.
III. Controle dos
Espíritos comunicantes, através da coerência de suas comunicações e do teor de
sua linguagem.
IV. Consenso
universal, ou seja, concordância das várias comunicações, dadas por médiuns
diferentes, ao mesmo tempo e em vários lugares, sobre o mesmo assunto.
Nota:
Links
que remetem aos textos anteriores:
Texto
n. 1 - http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2016/11/iniciacao-ao-estudo-da-doutrina-espirita.html
Texto
n. 2 - http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2016/11/iniciacao-ao-estudo-da-doutrina-espirita_17.html
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