Columbine, Realengo,
Goiânia... como entender tudo isso?
Mais uma ocorrência de difícil compreensão e aceitação enlutou diversas
famílias na cidade de Goiânia, capital do estado de Goiás.
Um aluno de 14 anos entrou armado na escola onde estudava e matou dois
colegas, além de ferir mais quatro pessoas.
Detido pela Polícia, o adolescente contou
que se inspirou nos massacres de Realengo, no Rio de Janeiro, e de Columbine,
nos Estados Unidos. [Na
foto ao lado, vê-se o portão do Colégio Goyases com a faixa Família Goyases em luto!]
O massacre de Columbine, ocorrido em abril de 1999, deixou 12 alunos e
um professor mortos. Já em Realengo, em abril de 2011, 12 pessoas foram mortas
na Escola Municipal Tasso da Silveira.
Naquela época, ou seja, seis anos atrás, um leitor do Rio de Janeiro,
reportando-se aos crimes cometidos na Escola Municipal Tasso da Silveira, enviou
à redação da revista O Consolador as
seguintes perguntas:
1) Mesmo que o fato ali ocorrido possa ser atribuído a uma expiação
coletiva dos alunos, a ser desencadeada por uma pessoa, esta poderia, graças ao
seu livre-arbítrio, tomar a decisão de não fazer tal coisa, lutando até contra
algum obsessor que a tenha influenciado para o ato?
2) Ocorrendo essa hipótese, as crianças expiariam de outra forma suas
faltas?
3) O trabalho de uma pessoa dedicada ao bem do próximo pode aliviar
muitas de suas faltas, dependendo isso da própria pessoa?
Assim respondemos ao leitor:
Inicialmente é bom deixar claro que a morte daquelas crianças pode ser
atribuída a uma expiação coletiva como também a uma prova. Como nos é ensinado
pelo Espiritismo, é muito difícil afirmar, num caso concreto, se a vicissitude
por que passa uma pessoa advém de uma prova ou de uma expiação.
Com relação à primeira pergunta, a resposta é sim. O rapaz poderia
perfeitamente deixar de cometer os crimes, ainda que assediado por um mau
Espírito.
Lembremos que ninguém vem ao mundo com a missão de matar. O ato de
tirar a vida a alguém é algo que fere a lei natural e não pode ter, portanto, o
beneplácito dos poderes que regem a vida na Terra. Nenhuma influência advinda
de outra pessoa, encarnada ou desencarnada, é irresistível.
Quanto à segunda pergunta, não ocorrendo os crimes que, de fato,
ocorreram na escola de Realengo, e tendo as crianças que desencarnar na idade
em que faleceram, é claro que sua desencarnação poderia ocorrer de outra forma
e em outras circunstâncias, sem o trauma e o horror que marcaram o triste episódio.
Há na literatura espírita relatos de casos assim e a questão n. 853 d´O Livro dos Espíritos, que trata do
assunto, é bem clara: “Fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante
da morte o é. Chegado esse momento, de uma forma ou doutra, a ele não podeis
furtar-vos”.
No tocante à última pergunta, é correto o entendimento de que o
trabalho no bem pode não apenas aliviar mas também reduzir as faltas que
cometemos no passado, de acordo com uma lei evangélica que nos chegou ao
conhecimento graças ao apóstolo Pedro, que assevera em sua 1ª Epístola, 4:8:
“(...) tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobre a
multidão de pecados”.
O ensinamento do apóstolo tem sido repetido frequentes vezes pelo
confrade Divaldo Franco, que usa nesse caso palavras diferentes, a saber: “O
bem que fazemos anula o mal que fizemos”, e é, sim, confirmado pelo
Espiritismo, que nos oferece, sobre o assunto, inúmeros exemplos.
*
A respeito dos tristes episódios de Columbine, Realengo e do ocorrido
anteontem em Goiânia, vem-nos a propósito uma sempre oportuna observação feita
por Batuíra (Espírito) no seu livro Mais
luz, psicografado por Chico Xavier:
“Fácil comentar os desastres em que tombam tantas esperanças na sombra
da criminalidade ou da frustração, mas é preciso saber o que temos feito para
que as trevas se dissipem. Doar a precisa orientação no caminho será talvez o mais substancial
apoio que sejamos capazes de oferecer aos que nos partilham a marcha. Auxiliemo-nos, pois, uns aos outros, acendendo lâmpadas que nos
clareiem a estrada – o coração humano é sempre uma lâmpada viva. Basta que se
lhe comunique luz para que irradie de si mesmo a necessária claridade com que
se ilumina, iluminando os que se lhe fazem companheiros no dia a dia.”
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