Inteligência e instinto
Este é o módulo 61 de uma série que esperamos sirva
aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo
compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões
apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura.
Questões para debate
1. Que é inteligência?
2. Podemos dizer que o homem tem dupla natureza?
3. Que são atos instintivos?
4. Que diferença existe entre os atos instintivos
e os atos inteligentes?
5. É certo dizer que os animais devem sua vida ao
instinto e que o homem vive graças à inteligência?
Texto para leitura
É à alma que o homem deve sua inteligência e racionalidade
1. A inteligência é o atributo essencial do
Espírito, em razão do qual toma ele conhecimento de sua própria existência e
exerce atividades voluntárias e livres. Quando o Espírito atinge o grau de
humanização, sua inteligência adquire desenvolvimento superior, com o
surgimento da razão e do senso moral, que lhe facultam a capacidade de conceber
e reconhecer a existência de Deus.
2. Realizando múltiplos atos livres e voluntários,
apresentando finalidade nítida e obedecendo a juízos e raciocínios bem
elaborados, o homem é um ser que revela dupla natureza: material e espiritual.
Não nos esqueçamos de que há uma alma unida ao corpo do homem e somente a ela
deve ele sua inteligência e racionalidade, seus conhecimentos e sentimentos,
bem como sua vontade e liberdade.
3. Existem, entretanto, seres que realizam atos em
que se revela também nítida finalidade, mas que parecem obedecer antes a automatismos
que a impulsos decorrentes da livre vontade. Tais atos visam sobretudo à
conservação do indivíduo e da espécie, objetivando as funções de nutrição e de
reprodução, provendo ao crescimento, ao desenvolvimento e à propagação, enfim,
da plena realização da vida.
4. Esses atos são devidos ao instinto – são os
chamados atos instintivos. Existem esboçados no reino vegetal, mas são bem mais
evidentes no reino animal, tanto quanto na espécie humana, e ocorrem, seja no
homem, seja nos animais, ao lado dos atos inteligentes.
A inteligência e o instinto decorrem do mesmo princípio
5. Existe diferença entre o instinto e a
inteligência? Será o instinto, como alguns pensam, um atributo inerente à
matéria e não à alma? Se assim fosse, teríamos de admitir que a matéria é
também inteligente, o que é manifestamente falso. Ora, se ao ato instintivo
falta o caráter principal do ato inteligente, que é ser deliberado, revela, no
entanto, uma causa inteligente, porque apta a prever e a evitar o engano, o que
levou muitos estudiosos a admitir que instinto e inteligência procedem de um
mesmo princípio, que inicialmente teria somente as qualidades do instinto e
depois se desenvolveria, evoluiria e passaria por uma transformação que lhe
daria as qualidades da inteligência livre.
6. Esta última hipótese não resiste a uma análise
mais profunda, porque frequentemente o instinto e a inteligência se encontram
juntos no mesmo ser e, às vezes, no mesmo ato. No caminhar, por exemplo, é
instintivo o simples movimento das pernas, tanto no homem como no animal – um
pé vai adiante do outro maquinalmente. Mas no acelerar o passo ou retardá-lo,
bem como no levantar o pé para desviar-se de um obstáculo, intervém a vontade,
a deliberação e o cálculo. De igual modo, o animal carnívoro é levado pelo
instinto a alimentar-se de carne, mas age com inteligência e mesmo astúcia
quando toma medidas para garantir sua presa.
7. Em face disso é que se diz que o instinto é uma
espécie de inteligência, enquanto outros afirmam que é uma inteligência sem
raciocínio. O fato é que muitas vezes se torna difícil estabelecer um limite
nítido de separação entre o instinto e a inteligência, porque muitas vezes eles
se confundem.
8. Inteligência e instinto – e esta é a opinião
mais comum – são manifestações do mesmo princípio espiritual, que obedecem a
duas determinantes ou a dois motores diferentes: um ligado à vontade e à
liberdade do indivíduo, e outro que escapa totalmente à vontade e à liberdade.
Nesse sentido, podem distinguir-se perfeitamente os atos que dependem da
inteligência desenvolvida daqueles que decorrem estritamente do instinto.
Os atos inteligentes aprimoram-se com a aprendizagem
9. Sendo a inteligência, em sua plenitude, a
faculdade de pensar e agir racional e deliberadamente, os atos inteligentes são
conscientes, voluntários, livres e calculados. São, além disso, suscetíveis de
variações, porque a inteligência, variável e individual por excelência, é
suscetível de progresso. Os atos inteligentes decorrem da aprendizagem e pela
aprendizagem se aprimoram, fato que não ocorre com os atos instintivos.
10. Vejamos o exemplo do patinho: logo que rompe a
casca do ovo que o mantinha encerrado, se vê próximo um córrego ou um lago,
corre alegremente para ele e lança-se na água, nadando imediatamente com
perfeição. Onde aprendeu o pato a nadar? São igualmente instintivos o ato do
castor, que constrói sua casa com terra, água e galhos de árvores; o ato dos
pássaros, que constroem com perfeição seus ninhos; o ato da aranha, que tece
com precisão sua teia. Veem-se já aí alguns dos caracteres do instinto: é algo
inato, perfeito e específico, ou seja, surge espontaneamente, sem prévia
aprendizagem, em todos os indivíduos de uma mesma espécie e leva a atos
completos, acabados, perfeitos, desde a primeira vez que são realizados.
11. Verifica-se, no entanto, que esses atos
continuam durante toda a vida do ser sem mudança alguma. Essa capacidade de
nadar, de construir, de tecer não sofre variação através dos tempos, de modo
que o castor constrói hoje a sua cabana como o faziam seus ancestrais e assim
farão os seus descendentes, com os mesmos materiais e da mesma maneira. Nas edificações dos homens, ao contrário, é
evidente a evolução na forma e no uso dos materiais, porque decorrem de atos
inteligentes, sujeitos à vontade e à liberdade, variáveis de acordo com as
circunstâncias, o que é uma característica dos atos inteligentes.
12. O homem também deve a sua conservação e
manutenção a atos instintivos, e não apenas aos atos inteligentes. Lembremos
tão somente o que se dá nos primeiros dias após o nascimento de uma criança,
que, do mesmo modo como ocorre com as crias de outros mamíferos, suga o leite
materno, sem que ninguém lhe tenha ensinado. A circulação sanguínea, o
funcionamento do aparelho digestivo e tantas outras funções verificáveis no ser
humano também se devem à força do instinto.
Respostas às questões propostas
1. Que é inteligência?
A inteligência é o atributo essencial do Espírito,
em razão do qual toma ele conhecimento de sua própria existência e exerce
atividades voluntárias e livres. Quando o Espírito atinge o grau de
humanização, sua inteligência adquire desenvolvimento superior, com o
surgimento da razão e do senso moral, que lhe facultam a capacidade de conceber
e reconhecer a existência de Deus.
2. Podemos dizer que o homem tem dupla natureza?
Sim. O homem é um ser que revela uma natureza
material e uma natureza espiritual. Não nos esqueçamos de que há uma alma unida
ao seu corpo físico e somente a ela deve ele sua inteligência e racionalidade,
seus conhecimentos e sentimentos, bem como sua vontade e liberdade.
3. Que são atos instintivos?
São os atos que parecem obedecer antes a
automatismos que a impulsos decorrentes da livre vontade. Eles visam sobretudo
à conservação do indivíduo e da espécie, objetivando as funções de nutrição e
de reprodução, provendo ao crescimento, ao desenvolvimento e à propagação,
enfim, da plena realização da vida. Esses atos são devidos ao instinto e, por
isso, chamados atos instintivos.
4. Que diferença existe entre os atos instintivos e os atos
inteligentes?
A diferença entre uns e outros é que os atos
inteligentes são conscientes, voluntários, livres e calculados. São, além
disso, suscetíveis de variações, porque a inteligência, variável e individual
por excelência, é suscetível de progresso. Os atos inteligentes decorrem da
aprendizagem e pela aprendizagem se aprimoram, fato que não ocorre com os atos
instintivos.
5. É certo dizer que os animais devem sua vida ao instinto e que o
homem vive graças à inteligência?
Não. O homem deve também a sua conservação e
manutenção a atos instintivos, e não apenas aos atos inteligentes. Lembremos o
que se dá nos primeiros dias após o nascimento de uma criança, que, do mesmo
modo como ocorre com as crias de outros mamíferos, suga o leite materno, sem
que ninguém lhe tenha ensinado. A circulação sanguínea, o funcionamento do
aparelho digestivo e tantas outras funções verificáveis no ser humano também se
devem à força do instinto.
Bibliografia:
A Gênese, de Allan Kardec, cap. 3, itens 11 a 17.
Nota:
Eis os links que remetem aos 3
últimos textos:
Módulo 58 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/12/iniciacao-ao-estudo-da-doutrina-espirita_14.html
Módulo 59 – https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/12/iniciacao-ao-estudo-da-doutrina-espirita_21.html
Módulo 60 – https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/12/iniciacao-ao-estudo-da-doutrina-espirita_28.html
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