Cristianismo e Espiritismo
Léon Denis
Parte 9
Continuamos o estudo do livro Cristianismo e Espiritismo, que vimos realizando conforme a 6ª
edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, baseada em tradução de
Leopoldo Cirne.
Esperamos que este estudo constitua para o leitor uma forma
de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas
encontram-se no final do texto indicado para leitura.
Questões preliminares
A. O Cristianismo era uma fé viva e radiante. Que é preciso
para que ele renasça e resplandeça?
B. Que requisitos se esperam e se exigem de uma Religião
verdadeira?
C. Onde se produziram as primeiras manifestações do moderno
Espiritualismo?
Texto para
leitura
114. Na vida é preciso não enxergar somente a evolução
material, que não é mais que uma face das coisas. A realidade viva reside no
ser psíquico, no Espírito. É ele quem anima essas formas materiais. (P. 141)
115. Outro erro da escola materialista é pensar que tudo o
que caracteriza o espírito humano – aptidões, faculdade, vícios e virtudes – se
explica pela lei de hereditariedade e pela influência do meio. Basta reparar em
torno de vós, e vereis um desmentido a esta asserção. (P. 142)
116. Não são a condição nem a origem que dão o talento ao
indivíduo. Um pai ilustrado pode ter uma descendência medíocre e vice-versa.
Laplace e Newton eram filhos de pobres camponeses. Faraday era simples
encadernador. (P. 142)
117. É bem amargo assinalar que o Catolicismo e o
materialismo concorrem, cada qual a seu modo, para aniquilar ou, pelo menos,
dificultar o exercício das potências ocultas no ser humano – razão, vontade,
liberdade... Como então nos admirarmos de que nossa civilização ainda apresente
tantas chagas repugnantes, se o homem a si mesmo ignora, ignorando a extensão
das riquezas que nele a mão divina colocou para sua felicidade e elevação? (P.
143)
118. Se o materialismo e o negativismo tivessem apenas sido
os inimigos da superstição e da idolatria, ter-se-ia podido ver neles os
agentes de uma transformação necessária, mas eles extrapolaram e preconizaram
esse apego exclusivo às coisas materiais, que lentamente nos desarma,
enfraquece e prepara para a queda e para o desbarato. (P. 144)
119. Seria pueril acreditar que a fé do passado pode
renascer. Para sempre se afrouxou o laço religioso que prendia os homens à
Igreja romana. O Catolicismo já não está em condições de fornecer às sociedades
modernas o alimento necessário à sua vida espiritual, à sua elevação moral. Os
crentes atuais não são nem menos materiais, nem menos aferrados à fortuna, aos
prazeres, aos gozos, do que os livres pensadores. (P. 146)
120. O Cristianismo era uma fé viva e radiante; o
Catolicismo é apenas uma doutrina áspera e sombria, irreconciliável com os
preceitos do Evangelho, não tendo para opor a seus críticos senão as afirmações
de um dogma impotente. (P. 147)
121. O Cristianismo trouxe ao mundo, mais que todas as
outras religiões, o amor ativo por todo aquele que sofre, a dedicação à
Humanidade levada até ao sacrifício, a ideia de fraternidade na vida e na
morte. (P. 148)
122. O Cristianismo, para renascer e resplandecer, deverá
vivificar-se nessa fonte em que se desalteravam os primeiros cristãos. Terá que
transformar-se, libertar-se de todo caráter miraculoso, voltar a ser simples,
claro, racional. (P. 149)
123. A Religião deve inspirar-se nas modernas descobertas,
nas leis da Natureza e nas prescrições da razão; deve fazer compreender que uma
estreita solidariedade liga homens e Espíritos; deve mostrar, acima de tudo, a
regra de soberana justiça, segundo a qual cada um colhe, através dos tempos,
tudo o que semeou de bem e de mal. (P. 149)
124. Os fenômenos de além-túmulo são encontrados na base de
todas as grandes doutrinas do passado, seja na Índia, na Grécia ou no Egito,
onde esse estudo era privilégio de reduzido número de iniciados. (P. 152)
125. Foi, contudo, num mundo novo, menos escravizado aos
preconceitos do passado – a América do Norte – que se produziram as primeiras
manifestações do moderno Espiritualismo, dali se espalhando por todo o globo.
(P. 154)
126. Essa nova revelação tomou um caráter científico, e foi
por meio de fatos materiais que atraiu a atenção dos homens. Grosseiras no
princípio, à proporção que se ganhava terreno, as manifestações
transformaram-se. (P. 156)
127. De cinquenta anos para cá, em todos os países o
fenômeno espírita tem sido objeto de frequentes investigações, empreendidas e
dirigidas por comissões científicas. Céticos, sábios, professores célebres têm
submetido esses fatos a um exame profundo e rigoroso. [1] (P. 157)
128. O novo Espiritualismo apresenta-se hoje com um cortejo
de provas, com um conjunto de testemunhos, tão imponente, que já não é possível
a dúvida para os investigadores de boa-fé. Era isso que asseverava o professor
Challis, da Universidade de Cambridge. É por isso que o movimento de propagação
da ideia espírita se acentuou em toda a Terra. Em toda parte, o Espiritismo
possui as suas sociedades de experimentação, os seus divulgadores, os seus
jornais. (P. 158) (Continua na próxima edição.)
[1] O autor se refere ao período 1850-1900, quando
efetivamente os fatos espíritas tiveram imensa notoriedade no mundo todo,
primeiramente com Allan Kardec, depois com Charles Richet, fundador da
Metapsíquica.
Respostas às
questões preliminares
A. O
Cristianismo era uma fé viva e radiante. Que é preciso para que ele renasça e
resplandeça?
O Cristianismo, para renascer e resplandecer, deve vivificar-se
nessa fonte em que se desalteravam os primeiros cristãos. Terá que
transformar-se, libertar-se de todo caráter miraculoso, voltar a ser simples,
claro, racional. (Cristianismo e
Espiritismo, cap. VIII, pp. 147 a 149.)
B. Que
requisitos se esperam e se exigem de uma Religião verdadeira?
A Religião, para ser autêntica, deve inspirar-se nas
modernas descobertas, nas leis da Natureza e nas prescrições da razão; deve
fazer compreender que uma estreita solidariedade liga homens e Espíritos; deve mostrar,
acima de tudo, a regra de soberana justiça, segundo a qual cada um colhe,
através dos tempos, tudo o que semeou de bem e de mal. (Obra citada, cap. VIII,
pp. 149 e 150.)
C. Onde se
produziram as primeiras manifestações do moderno Espiritualismo?
Os fenômenos de além-túmulo são muito antigos e
encontram-se na base de todas as grandes doutrinas do passado, seja na Índia,
na Grécia ou no Egito. Mas foi num mundo novo, menos escravizado aos
preconceitos do passado – a América do Norte – que se produziram as primeiras
manifestações do moderno Espiritualismo, que dali se espalharam por todo o
globo. (Obra citada, cap. VIII, pp. 152 a 154.)
Nota:
Para ver os três últimos textos, clique nos links abaixo:
Parte 6 – https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/12/iniciacao-aos-classicos-espiritas_29.html
Parte 7 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2018/01/iniciacao-aos-classicos-espiritas.html
Parte 8 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2018/01/iniciacao-aos-classicos-espiritas_12.html
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