Um
olhar sobre os males da vida e suas causas
O tema provas e expiações,
mecanismos básicos no processo evolutivo, já foi por nós examinado em diversas
ocasiões.
O leitor, ainda que neófito em
matéria de Espiritismo, já leu certamente artigos e comentários que nos informam
que o planeta Terra é classificado pelos instrutores espirituais como um mundo
de expiação e provas, o que explica os inumeráveis problemas de ordem moral que
caracterizam nosso orbe.
Espíritos ainda em evolução, mais
próximos da animalidade que da angelitude, é evidente que não nascemos neste
mundo por acaso, uma vez que o acaso não existe e que tudo na vida obedece a um
meticuloso planejamento, ainda que não nos demos conta disso.
A necessidade de expiar as tolices
cometidas, eis uma das razões por que aqui estamos. A outra razão, inerente ao
processo evolutivo, é experimentar situações que revelem o grau de maturidade –
intelectual e moral – que tenhamos atingido.
O tema é tratado em várias obras de
Allan Kardec e por autores inúmeros, encarnados e desencarnados.
Na obra em que examina os ensinos
morais do Cristo, Allan Kardec nos oferece informações valiosas sobre os
chamados males da vida, que ele divide, para fins de estudo, em duas partes:
uma constituída dos males que o homem não pode evitar, isto é, que ocorrem
independentemente do seu procedimento; e a outra composta pelas tribulações de
que ele se constituiu a causa primária, decorrentes de sua incúria ou de seus
excessos.
Esta segunda parte, diz o
codificador da doutrina espírita, excede, em quantidade, de muito a primeira.
(Cf. O Evangelho segundo Espiritismo,
cap. XXVII, item 12.)
Eis alguns exemplos mencionados por Allan
Kardec de alguns dos males que o homem não pode evitar, mas cujo número, como
vimos, é inferior aos males que compõem a segunda parte:
- perda de entes
queridos ou dos que são o amparo da família;
- acidentes que nenhuma previsão pôde
impedir;
- reveses da fortuna, que frustram todas as precauções aconselhadas pela
prudência;
- flagelos naturais;
- enfermidades de nascença, sobretudo as que tiram
a tantos infelizes os meios de ganhar a vida pelo trabalho;
- as deformidades, a
idiotia, o retardamento mental; mortes de crianças em tenra idade etc. (Cf. O Evangelho segundo Espiritismo, cap. V,
item 6.)
Os males e tribulações descritos nos
exemplos acima remetem, na visão espírita, a causas ligadas às existências
anteriores daqueles que os suportam, em face do axioma segundo o qual todo
efeito tem uma causa e, portanto, tais males são efeitos que hão de ter uma
causa e, desde que admitamos um Deus justo e misericordioso, essa causa também
há de ser justa.
Outra informação muito importante e
que explica a função e a finalidade das provas no processo evolutivo da
criatura humana encontramos no texto abaixo reproduzido, de autoria de Allan
Kardec:
“Não
há crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste mundo denote a existência
de uma determinada falta. Muitas vezes são simples provas buscadas pelo
Espírito para concluir a sua depuração e ativar o seu progresso. Assim, a
expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação.
Provas
e expiações, todavia, são sempre sinais de relativa inferioridade, porquanto o
que é perfeito não precisa ser provado. Pode, pois, um Espírito haver chegado a
certo grau de elevação e, nada obstante, desejoso de adiantar-se mais,
solicitar uma missão, uma tarefa a executar, pela qual tanto mais recompensado
será, se sair vitorioso, quanto mais rude haja sido a luta.
Tais
são, especialmente, essas pessoas de instintos naturalmente bons, de alma
elevada, de nobres sentimentos inatos, que parece nada de mau haverem trazido
de suas precedentes existências e que sofrem, com resignação toda cristã, as
maiores dores, somente pedindo a Deus que as possam suportar sem murmurar.
Pode-se, ao contrário, considerar como expiações as aflições que provocam
queixas e impelem o homem à revolta contra Deus. Sem dúvida, o sofrimento que
não provoca queixumes pode ser uma expiação; mas é indício de que foi buscada
voluntariamente, antes que imposta, e constitui prova de forte resolução, o que
é sinal de progresso. (O Evangelho
segundo o Espiritismo, cap. V, item 9.)
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