Sacrifícios religiosos e penitência legítima
Este é o módulo 136 de uma série que
esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita.
Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para
leitura.
As respostas correspondentes às
questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para
leitura.
Questões para debate
1. De acordo com a etimologia, que significa o vocábulo sacrifício?
2. Pagar o dízimo é uma forma moderna de sacrifício?
3. A que práticas a realização de sacrifícios religiosos está geralmente
relacionada?
4. Como o Espiritismo vê a prática das mortificações?
5. Em que consiste, segundo os ensinamentos cristãos, a verdadeira
penitência?
Texto para leitura
O propósito declarado
do sacrifício varia entre as diferentes culturas
1. O vocábulo sacrifício tem, conforme a etimologia, o sentido de se
“fazer alguma coisa sagrada”. Em seu sentido primitivo e unicamente religioso,
representa uma oferenda que se faz à divindade por meio de rituais. A oferenda
pode ser representada por uma pessoa, por um animal ou ainda por produtos de
origem vegetal ou outros objetos.
2. Importante que se faça distinção entre o conceito religioso do termo
e sua concepção popular. Assim, no aspecto religioso, além da característica do
ritual, subentende-se que o sacrifício será consumido pela divindade. Tarefas
que certas religiões exigem de seus adeptos, como, por exemplo, o pagamento de
dízimos, não constituem sacrifícios, mas regras da prática religiosa.
3. O propósito declarado do sacrifício varia muito entre as diferentes
culturas. Por extensão, pode ele ser considerado como uma renúncia ou privação
voluntária de alguma coisa, como a privação dos gozos inúteis, que a Doutrina
Espírita considera ato meritório, porque desprende da matéria o homem e eleva
sua alma.
4. Resistir à tentação que arrasta ao excesso ou ao gozo das coisas
inúteis, tirar do que temos para dar aos que carecem do bastante, fazer o bem aos
nossos semelhantes – eis algumas práticas que apresentam grande mérito dentro
do rol das chamadas privações voluntárias.
Certas religiões
impõem a mortificação para a remissão dos pecados
5. A realização de sacrifícios religiosos está geralmente relacionada
com as mortificações e as penitências. O verbo mortificar é sinônimo de
afligir, atormentar, castigar, macerar o próprio corpo com penitências. A
mortificação ocorreria devido ao arrependimento ou à dor resultante do pecado
cometido.
6. Em função do arrependimento, certas autoridades religiosas impõem uma
pena ao arrependido para remissão de seus pecados, pena essa representada por
jejuns, orações, macerações do corpo e outras tantas mortificações inerentes às
manifestações de culto externo.
7. Em seu livro Elucidações
Evangélicas, Sayão examina o assunto “penitência” e informa que essa
prática é, segundo algumas religiões, necessária ao pecador que não deseja
agravar sua culpa e tornar-se, por conseguinte, passível de maiores
castigos.
8. A penitência, tal como a entendia Jesus, não consiste, porém, na
reclusão em claustros, nos cilícios e em outras tribulações materiais. Ela
consiste no arrependimento sincero e profundo e no propósito firme em que a
criatura se coloca de não tornar a cometer as faltas que a arrastaram à mísera
condição humana e esforçar-se por repará-las.
Enfraquecer o corpo
sem necessidade é verdadeiro suicídio
9. O Espírito penitente – assevera Sayão – “absorve-se todo na oração e
na vigilância que Jesus recomendava e que formam um como antemural às ondas de
paixões que nos lançam no abismo do infortúnio”.
10. Falando sobre a mortificação e seu mérito, aconselham os Espíritos
superiores: “Procurai saber a que ela aproveita”. “Se somente serve para quem a
pratica e o impede de fazer o bem, é egoísmo, seja qual for o pretexto com que
entendam de colori-la. Privar-se a si mesmo e trabalhar para os outros, tal a
verdadeira mortificação, segundo a caridade cristã.” (L.E., 721.)
11. Debilitar o corpo com privações inúteis e macerações sem objetivo,
torturar e martirizar voluntariamente o corpo material são atos que,
evidentemente, contrariam a lei de Deus, porquanto enfraquecer o veículo
corpóreo sem necessidade é verdadeiro suicídio.
12. No intuito de obter favores ou mesmo agradar a Deus ou aos Bons
Espíritos, algumas pessoas executam determinadas ações ou se impõem certas
privações a que chamam de promessa. Ora, as promessas já tiveram sua época e já
vai distante o tempo das supersticiosas imposições da teocracia. Ao seu reinado
sucedeu o império da inteligência e da razão, únicos fundamentos inabaláveis da
fé esclarecida e ativa. Sacrifícios, mortificações e promessas são, portanto,
manifestações materiais do culto externo, praticadas por pessoas ainda
distantes das verdades espirituais.
Respostas às questões
propostas
1. De acordo com a
etimologia, que significa o vocábulo sacrifício?
Em seu sentido etimológico, sacrifício significa “fazer alguma coisa
sagrada”. Em sua acepção primitiva e religiosa, representa uma oferenda que se
faz à divindade por meio de rituais, a qual pode ser representada por uma
pessoa, por um animal ou ainda por produtos de origem vegetal ou outros
objetos.
2. Pagar o dízimo é
uma forma moderna de sacrifício?
Não. Determinadas tarefas que certas religiões exigem de seus adeptos,
como, por exemplo, o pagamento de dízimos, não constituem sacrifícios, mas
regras da prática religiosa.
3. A que práticas a
realização de sacrifícios religiosos está geralmente relacionada?
A realização de sacrifícios religiosos está geralmente relacionada com
as mortificações e as penitências.
4. Como o Espiritismo
vê a prática das mortificações?
Falando sobre a mortificação e seu mérito, aconselham os Espíritos superiores:
“Procurai saber a que ela aproveita”. Se somente serve para quem a pratica e o
impede de fazer o bem, é egoísmo, seja qual for o pretexto com que entendam de
colori-la. Privar-se a si mesmo e trabalhar para os outros, tal a verdadeira
mortificação, segundo a caridade cristã.
5. Em que consiste,
segundo os ensinamentos cristãos, a verdadeira penitência?
A penitência, tal como a entendia Jesus, não consiste na reclusão em
claustros, nos cilícios e em outras tribulações materiais. Ela consiste no
arrependimento sincero e profundo e no propósito firme em que a criatura se
coloca de não tornar a cometer as faltas que a arrastaram à mísera condição
humana e esforçar-se por repará-las.
Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec,
questões 720 a 726.
O Evangelho segundo o
Espiritismo, de Allan Kardec, cap. V, item 26.
Elucidações
Evangélicas, de Antônio Luiz Sayão, pp. 143 a 145 e 465.
Dicionário de
Ciências Sociais, de Benedicto Silva e outros, p. 1094.
Dicionário de
Teologia Moral, de Cardenal Francesco Roberti, p. 816.
Observação:
Eis os links que
remetem aos 3 últimos textos:
Módulo 133 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/05/adoracao-deus-este-e-o-modulo-133-de.html
Módulo 134 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/05/a-fe-suas-acepcoes-eimportancia-este-e.html
Módulo 135 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/06/a-prece-e-sua-eficacia-este-e-o-modulo.html
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