Humildade, uma virtude difícil
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
O
Espírito Manoel Philomeno de Miranda, na obra intitulada Painéis da Obsessão,
psicografada por Divaldo Franco, diz que a humildade é virtude escassa na
humanidade. Nesse livro, entre outros casos, lemos a história de Argos, que
tivera moratória de cinco anos de vida, após ser submetido a uma cirurgia de ablação
dum pulmão, gravemente afetado pela tuberculose.
Casado
há pouco tempo com Áurea, ambos frequentavam um grupo espírita, e ele fizera
comovente prece solicitando amparo espiritual, sob a promessa de dedicar-se
permanentemente “com todos os recursos” ao exercício do amor, para superar o
orgulho e conquistar a “comunhão fraternal” com seus inimigos de vida
pregressa. Em especial, sua dívida de existência passada era com o Espírito
Felipe, a quem assassinara com florete enfiado no pulmão...
Argos,
porém, tão logo teve alta, afastara-se da convivência fraterna. Diz Philomeno
de Miranda que “Argos foi-se afastando do convívio físico e psíquico dos
companheiros operosos e aliando-se aos mais irresponsáveis [...]” (op. cit. Ed.
LEAL, 2015, p. 233).
Em
consequência, ele enfraqueceu-se organicamente e voltou a ter problemas
respiratórios, com gripes e dispneias frequentes. Sua própria esposa, embora
mais dedicada que o marido às atividades mediúnicas do centro que frequentava,
não ficara livre das influências espirituais negativas. Não somente as do
Espírito Felipe, inimigo de ambos, como as do próprio marido, que lhe requeria
cada vez mais cuidados.
Após
considerações sobre o orgulho, disfarçado em humildade por conveniência,
Miranda esclarece-nos que a prepotência é uma das causas do fracasso humano.
Com isso, os inimigos do Além conquistam seu domínio no cotidiano dessas
pessoas. Não foi à toa que Jesus Cristo nos recomendou vigiar e orar, para não
sermos tentados e derrubados de nosso falso pedestal.
Argos
presumia-se mais importante do que o era, de fato, nos trabalhos do centro que
frequentava. Possuía boa vontade, mas desejava impor uma liderança
insustentável, por falta de mérito próprio. Tendo em vista os pensamentos
negativos que emitia, por não ver seus caprichos atendidos, afastou-se da
convivência do grupo que o acolhera fraternalmente. Embora tendo escapado da
desencarnação imediata, quando orou com sincero desejo de renovação espiritual,
deixou-se dominar pelo orgulho e tornou-se presa fácil do Espírito Felipe. A falta de humildade fora o ponto frágil de sua
alma, que o deixaria em situação de grande sofrimento depurador, pois Deus
jamais desampara seus filhos. Diz Miranda que
Não são poucos os
candidatos à evolução que tombam no caminho, apesar de possuidores de boa
vontade, que é uma excelente qualidade para o cometimento. Entretanto,
distraídos da vivência da humildade, abandonam o compromisso na primeira
oportunidade, vitimados pelo desalento, pela amargura, ou vencidos por
intempestivo cansaço de que se fazem fáceis presas (op. cit., p. 237).
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