Os Mensageiros
André Luiz
Publicamos neste espaço o estudo – sob a forma dialogada – de
onze livros escritos por André Luiz, integrantes da chamada Série Nosso Lar. As
obras selecionadas para o nosso estudo têm em comum a forma novelesca, que
tanto sucesso alcançou no meio espírita desde que apareceu em 1944 o livro Nosso Lar.
Serão ao todo 960 questões objetivas distribuídas em 120
partes, cada qual com oito perguntas e respostas. Os textos são publicados
neste blog sempre às quartas-feiras.
Concluído o estudo de Nosso
Lar, a obra em foco é agora o livro Os
Mensageiros, também psicografado pelo médium Chico Xavier.
Parte 2
9. As
dificuldades no lar podem levar o médium ao fracasso?
Sim. Dois casos de pessoas que saíram de "Nosso
Lar" preparadas para tarefa mediúnica no mundo, e, no entanto, fracassaram
inteiramente, são exemplos disso. O caso de Mariana é um deles: ela sentia que
deveria aplicar-se ao trabalho, mas Amâncio, seu esposo, nunca se conformou. Se
os enfermos a procuravam no receituário comum, a neurastenia do marido se
ampliava; se companheiros de doutrina a convidavam aos estudos, ele se
revoltava, ciumento, e mobilizava as próprias filhas contra a esposa, que
acabou afastando-se da tarefa mediúnica.
Uma outra entidade viveu experiência semelhante: também ela
entendia agora não haver executado sua tarefa mediúnica em virtude da irritação
que sentia pela indiferença dos familiares pelos serviços espirituais. Se o
marido fazia ponderações contrárias a suas convicções, ela refutava. Não
suportava qualquer parecer contrário ao seu ponto de vista em matéria de
crença, incapaz de perceber a vaidade e a tolice de seus gestos. Discussões,
insultos, conflitos tornavam-se constantes, e nesse clima ela sentia-se
inutilizada para qualquer trabalho de elevação espiritual. (Os Mensageiros,
cap. 9, pp. 52 a 54.)
10. Que
faculdades tinha o médium Joel e por que fracassou?
Joel recebeu no Ministério do Esclarecimento um tratamento
especial que lhe aguçou as percepções, partindo para a Terra com todos os
requisitos indispensáveis ao êxito de suas obrigações. Contudo, deixando-se
empolgar pela curiosidade doentia, Joel aplicou sua faculdade mediúnica somente
para dilatar suas sensações. No quadro de suas tarefas mediúnicas estava a
recordação de existências passadas como expressão indispensável ao
esclarecimento coletivo dos semelhantes. Contudo, a excitação psíquica, aos
primeiros contatos com o serviço, fez rodar o mecanismo de recordações
adormecidas e ele lembrou sua penúltima existência, quando fora Monsenhor
Alejandro Pizarro, nos últimos tempos da Inquisição Espanhola. Passou a
procurar, então, cada um de seus companheiros de lutas religiosas, para
reconstituir os passos de todos eles, por curiosidade, sem nenhum propósito
benfazejo. Exigia, assim, notícias de bispos, de autoridades políticas e de
padres amigos que haviam errado tanto quanto ele mesmo. As advertências dos
amigos espirituais não cessaram. Sofredores batiam-lhe às portas. Seus
companheiros tinham um abrigo de órfãos em projeto, um ambulatório que começava
a nascer e serviços semanais de instruções evangélicas, nas noites de terças e
sextas-feiras, mas Joel só queria saber de suas descobertas pessoais, sem
qualquer proveito útil. Esquecia que o Senhor lhe permitia aquelas
reminiscências, não para satisfazer-lhe a vaidade, mas para que entendesse a
extensão de seus débitos e se entregasse à obra de esclarecimento e conforto
aos feridos do mundo. Passou, assim, a existência de surpresa em surpresa, de
sensação em sensação, transformando a lembrança em viciação da personalidade.
Perdera a oportunidade de redenção e o pior era o estado de alucinação em que
agora vivia. Com o erro, a mente desequilibrou-se e as perturbações psíquicas
passaram a constituir-lhe doloroso martírio. (Obra citada, cap. 10, pp. 58 a
61.)
11. Que ensinamento
colhemos do caso Belarmino?
Belarmino foi um doutrinador fracassado. Sua tragédia é
igual à de todos os que conhecem o bem, mas não o praticam. Saíra de
"Nosso Lar" com tarefa de doutrinação no campo do Espiritismo
evangélico. Sua companheira Elisa acompanhou-o no serviço laborioso. Desde
criança conhecera o Espiritismo cristão; mais tarde chegou à presidência de um
grande grupo espiritista. Teve a seu dispor o concurso de oito médiuns
dedicados. Descambou, porém, para o campo da experimentação científica, à
procura de provas insofismáveis. Por vaidade, convidou pessoas para integrar
seu grupo, tão somente em virtude da falsa posição que usufruíam na cultura e
na pesquisa científica. Os resultados se tornaram pífios. A dúvida instalou-se
em seu coração. Perdeu a serenidade de outro tempo. Da dúvida passou à
descrença. Debalde Elisa o chamava para a esfera religiosa e edificante, mas
ele passou a desprezar o próprio Evangelho, que tachava de velharia. Largou a
atividade espírita, para dedicar-se à política humana e, desviado dos seus
objetivos fundamentais, apegou-se ao dinheiro, transformando os próprios
sentimentos. Quando desencarnou, tinha uma bela situação financeira no mundo e
um corpo crivado de enfermidades, um palácio confortável de pedra e um deserto
no coração. Voltara a ligar-se a antigos companheiros menos dignos de
experiências carnais e colhia agora, na vida espiritual, tormentos, remorsos,
expiações... (Obra citada, cap. 11, pp. 63 a 66.)
12. Que ocorreu
na erraticidade a Monteiro e qual foi, segundo Veneranda, a causa do seu
fracasso?
Monteiro também partiu de "Nosso Lar" em missão de
entendimento espiritual, quase na mesma ocasião em que Belarmino voltou à
carne. Monteiro tivera a própria mãe como orientadora. Sob seu controle,
estavam alguns médiuns de efeitos físicos, de psicografia e de incorporação.
Mas era tal o fascínio que o intercâmbio mediúnico exercia sobre ele, que
acabou distraindo-se por completo quanto à essência moral da doutrina. Era um
doutrinador implacável. Chegara a estudar longos trechos das Escrituras para
utilizá-los na conversa com ex-sacerdotes católicos que compareciam às sessões
mediúnicas em estado de ignorância e perturbação. Acendia luzes para os outros,
preferindo, porém, os caminhos escuros para si, esquecendo a si mesmo. Pregava
a paciência dentro do grupo, mas era impaciente lá fora. Concitava os espíritos
à serenidade, mas repreendia sem indulgência as senhoras humildes que não
continham o pranto de alguma criança enferma presente à reunião. E no comércio
era inflexível com seus devedores. Passava os dias no escritório estudando a
melhor forma de perseguir os clientes em atraso, e à noite ia ensinar o amor
aos semelhantes, a paciência e a doçura, exaltando o sofrimento e a luta como
estradas benditas de preparação para Deus. Seu fracasso foi completo e, devido
a isso, voltou à vida espiritual qual demente necessitado de hospício. O
raciocínio pedia socorro divino, mas o sentimento agarrava-se a objetivos
inferiores. Viu-se, assim, rodeado de Espíritos malévolos que lhe repetiam
longas frases de suas sessões mediúnicas. Eles, irônicos, lhe recomendavam
serenidade, paciência e perdão e perguntavam por que ele não se desgarrava do
mundo, estando já desencarnado. A revolta tomou conta de sua alma e, mais
tarde, quando já estava recolhido em "Nosso Lar", exigiu explicações
para o seu estado, visto que não se considerava fracassado. Veneranda
explicou-lhe a causa do seu fracasso: "Monteiro, meu amigo, a causa da sua
derrota não é complexa, nem difícil de explicar. Entregou-se você
excessivamente ao Espiritismo prático, junto dos homens, nossos irmãos, mas
nunca se interessou pela verdadeira prática do Espiritismo junto de Jesus,
nosso Mestre". (Obra citada, cap. 12, pp. 67 a 71.)
13. Muitos
médicos fracassam em sua tarefa na Medicina?
Sim. Diz André que, no que concerne à Medicina, os
ex-médicos em bancarrota espiritual são inúmeros. Vicente relatou então o caso
de um amigo, exímio cirurgião, que, atraído pelas aquisições monetárias, caiu
desastradamente. Nos dias de grandes negócios financeiros, sua mente se
deslocava da tarefa médica em busca dos interesses materiais. Não fosse a
proteção espiritual, essa atitude teria comprometido oportunidades vitais de
muita gente. A colaboração do médico tornara-se quase nula e muitos que
desencarnaram nas intervenções cirúrgicas, notando sua irresponsabilidade,
atribuíram-lhe suas mortes físicas, votando-lhe ódio terrível e dois deles,
mais ignorantes e maldosos, o esperaram no limiar do sepulcro para
atormentá-lo. (Obra citada, cap. 13, pp. 72 a 76.)
14. Que caminho
o grupo de Aniceto seguiu para ir de “Nosso Lar” à crosta terrestre?
O grupo seguiu um trajeto diferente e, por isso, não
utilizou a estrada livre mantida por ordem superior para as atividades normais
dos trabalhos espirituais e o trânsito dos irmãos esclarecidos, em vésperas de
reencarnação. À medida que eles caminhavam, a atmosfera começava a pesar
muitíssimo, porque penetravam a esfera de vibrações mais fortes da mente
humana. Estavam a grande distância da crosta, mas já podiam identificar a influenciação
mental da Humanidade encarnada, envolvida nos combates da 2ª Grande Guerra.
Mergulhavam num clima estranho, onde predominavam o frio e a ausência de luz
solar. A topografia era um conjunto de paisagens misteriosas, lembrando filmes
fantásticos do cinema terrestre. Picos muitos altos, vegetação esquisita, aves
de aspecto horripilante... Rija ventania soprava em todas as direções. Aniceto
explicou que aquele mundo é a continuação da Terra, que os olhos humanos não
podem ver, visto que a percepção humana não consegue apreender senão
determinado número de vibrações. No meio das sombras, alguns vultos pareciam
fugir apressados, confundindo-se nas trevas das furnas próximas. (Obra citada,
cap. 14 e 15, pp. 80 a 86.)
15. Na viagem
até à Crosta, o grupo utilizou a volitação?
No início, sim, o pequeno grupo valeu-se da volitação. Mas
depois de um certo tempo a volitação tornou-se difícil e o grupo passou a
caminhar. (Obra citada, cap. 15, págs. 82 a 86.)
16. Que aspectos
do Posto de Socorro ligado a “Campo da Paz” chamaram a atenção de André Luiz?
Tudo ali chamou a atenção de André, que diz que pesados
muros cercavam o Posto e, dentro dele, pomares e jardins maravilhosos
perdiam-se de vista. A sombra ali já não era tão intensa. Eles se sentiam banhados
em suavidade crepuscular, graças aos grandes focos de luz radiante. Pavilhões
de vulto alinhavam-se como se estivessem diante de prodigioso educandário.
Árvores senhoris, semelhantes ao carvalho, se enfileiravam. Havia mais luz no
céu e o vento era mais fagueiro. Aniceto explicou que a paz refletia ali o
estado mental dos que viviam naquele pouso de assistência fraterna. "A
Natureza é mãe amorosa em toda parte, acentuou o instrutor, mas cada lugar
mostra a influenciação dos filhos de Deus que o habitam." (Obra citada,
cap. 15, pp. 85 e 86.)
Observação:
Para acessar a Parte 1 deste estudo, publicada na semana passada,
clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/11/os-mensageiros-andre-luiz-publicamos.html
Como consultar as matérias deste
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