sábado, 4 de janeiro de 2020





Lembrando o óbolo da viúva no Natal

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Em palestra proferida no último domingo de 2019, na Federação Espírita Brasileira, Geraldo Campetti Sobrinho referiu-se ao óbolo da viúva, observado por Jesus, que informou a seus discípulos que a doação dela foi maior do que a de todas as ricas ofertas depositadas no gazofilácio. Pois a viúva dera o que lhe faria falta, enquanto os demais doadores ofereciam o que lhes sobrava. E o que ela doara, informou Geraldo, seria mais ou menos vinte centavos de reais em nossos dias.
O expositor lembrou-nos que mais vale um pouco doado com amor do que muita doação feita para receber o aplauso do mundo. Isso nos faz lembrar uma frase popular muito repetida por dona Cely, nossa mãezinha, que desencarnou há alguns anos na avançada idade de 89 anos: “O pouco com Deus é muito; o muito sem Deus é nada”.
Quando auxiliamos alguém com amor, ainda que nossa ajuda o sacie apenas por um dia, o prazer que sentimos em ajudar é maior do que a de quem ajudamos.  Neste mês em que se comemora o Natal, até o fim de 2019, nossos sentimentos de amor e compaixão são estimulados pela mensagem de Jesus para que façamos sempre o bem.
Muitos comerciantes que estavam à beira da falência têm sido salvos por esse “renascer anual do Cristo” nos corações do povo brasileiro. A solidariedade está presente mesmo nos ateus, o que se explica pela euforia das festas de fim de ano. Há confraternizações nos escritórios, nas indústrias, nos clubes, nos lares, nas escolas, nas igrejas. E as vendas “explodem”...
Atire a primeira pedra quem nunca participou do amigo oculto, do bingo, da quermesse da igreja em que muitos só comparecem uma vez ao ano. Qual é a família que nunca levou o filhinho ou a filhinha ao shopping para ver Papai Noel chegando de helicóptero ou recebendo-os, sentado em seu trenó, com um abraço e o grito carinhoso: Ho, ho, ho!
Embora Jesus, o homenageado, seja lembrado mais pelas guloseimas e presentes, Ele sempre nos envia alguns dos seus elevados emissários para nos relembrar que seu Reino não é deste Mundo. E nada custa doar a quem anda descalço, ou quase nu, um par de calçados e vestuários esquecidos no guarda-roupas de nossa casa há mais de seis meses, como disse Geraldo.
Citarei duas dessas surpresas proporcionadas pelos emissários de Jesus neste mês de dezembro de 2019:
A primeira ocorreu no dia em que estávamos para jantar, eu e esposa, num dos self-services do Conjunto Nacional, shopping de Brasília. Aproximou-se de nós humilde moça, que nos rogou um pouco de comida, pois tinha fome. Nesse momento, Lourdes, minha mulher, que é vidente, observou, ao lado da jovem, um Espírito com aparência de idoso de barbas brancas, que disse à nossa companheira: Em nome de Jesus, alimente esta pobre irmã. Lourdes atendeu-o imediatamente, com imensa alegria. E, enquanto servia à jovem, dizia-lhe: Pede, minha filha, o que você desejar comer.
Quando terminou de encher o prato da moça com o que de melhor esta lhe pedira e pagar seu alimento, minha esposa disse ter sido aquele o melhor presente já recebido em sua vida. A pobre, ao se afastar, olhava agradecida para o prato cheio e para sua benfeitora. Ao lado da pedinte, o Espírito Bezerra de Menezes, o “Médico dos Pobres”, acenava para Lourdes com um beijo carinhoso, que ela jamais esquecerá.
O segundo fato é também muito comum nesta época de nossa forte sintonia com o plano espiritual. Um amigo disse-nos que voltava da academia onde costuma malhar e estava com dois reais no bolso. Em frente a sua casa, há uma banca de jornais que também vende gostoso cafezinho ao preço de um real.
Nosso amigo vinha pensando em tomar seu cafezinho ali, quando jovem senhora o abordou e lhe pediu um trocado. Ele, então, respondeu-lhe: Venha comigo até a banca, pois vou comprar um cafezinho e dou-lhe o troco.
Ela seguiu-o desconfiada. Ao chegarem à banca, nosso amigo pediu ao jornaleiro um cafezinho e entregou-lhe dois reais, esperando receber o troco. Para sua surpresa o dono da banca devolveu-lhe os dois reais e disse-lhe que daquela vez o café ficava por conta da casa. Meu amigo, que tem fama de nefelibata, por ser meio desligado do mundo real, respondeu-lhe, indicando a moça: Prometi dar-lhe o troco...
O jornaleiro pegou a nota de dois reais, foi até o caixa e, caindo em si, voltou com o dinheiro, pegou um pacote de biscoitos, entregou-o à pobre, junto com os dois reais, e lhe ofereceu um suco. Vendo isso, outro senhor, que antes conversava com ele, pediu à jovem para abrir a mão, que encheu de moedas. Ela olhou, agradecida, para seus três benfeitores e pediu ao Sr. Marcelo que substituísse o suco pelo cafezinho.
Como lembrou Jesus, não é preciso que doemos muito com ostentação. E o ditado popular confirma: “Quem dá aos pobres empresta a Deus”. Isso é Natal!






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