Lembrando o óbolo da viúva no Natal
JORGE
LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De
Brasília-DF
Em
palestra proferida no último domingo de 2019, na Federação Espírita Brasileira,
Geraldo Campetti Sobrinho referiu-se ao óbolo da viúva, observado por Jesus,
que informou a seus discípulos que a doação dela foi maior do que a de todas as
ricas ofertas depositadas no gazofilácio. Pois a viúva dera o que lhe faria
falta, enquanto os demais doadores ofereciam o que lhes sobrava. E o que ela
doara, informou Geraldo, seria mais ou menos vinte centavos de reais em nossos
dias.
O
expositor lembrou-nos que mais vale um pouco doado com amor do que muita doação
feita para receber o aplauso do mundo. Isso nos faz lembrar uma frase popular
muito repetida por dona Cely, nossa mãezinha, que desencarnou há alguns anos na
avançada idade de 89 anos: “O pouco com Deus é muito; o muito sem Deus é nada”.
Quando
auxiliamos alguém com amor, ainda que nossa ajuda o sacie apenas por um dia, o
prazer que sentimos em ajudar é maior do que a de quem ajudamos. Neste mês em que se comemora o Natal, até o fim
de 2019, nossos sentimentos de amor e compaixão são estimulados pela mensagem
de Jesus para que façamos sempre o bem.
Muitos
comerciantes que estavam à beira da falência têm sido salvos por esse “renascer
anual do Cristo” nos corações do povo brasileiro. A solidariedade está presente
mesmo nos ateus, o que se explica pela euforia das festas de fim de ano. Há confraternizações
nos escritórios, nas indústrias, nos clubes, nos lares, nas escolas, nas
igrejas. E as vendas “explodem”...
Atire
a primeira pedra quem nunca participou do amigo oculto, do bingo, da quermesse
da igreja em que muitos só comparecem uma vez ao ano. Qual é a família que
nunca levou o filhinho ou a filhinha ao shopping para ver Papai Noel chegando
de helicóptero ou recebendo-os, sentado em seu trenó, com um abraço e o grito
carinhoso: – Ho, ho, ho!
Embora
Jesus, o homenageado, seja lembrado mais pelas guloseimas e presentes, Ele sempre
nos envia alguns dos seus elevados emissários para nos relembrar que seu Reino
não é deste Mundo. E nada custa doar a quem anda descalço, ou quase nu, um par
de calçados e vestuários esquecidos no guarda-roupas de nossa casa há mais de
seis meses, como disse Geraldo.
Citarei
duas dessas surpresas proporcionadas pelos emissários de Jesus neste mês de
dezembro de 2019:
A
primeira ocorreu no dia em que estávamos para jantar, eu e esposa, num dos self-services
do Conjunto Nacional, shopping de Brasília. Aproximou-se de nós humilde
moça, que nos rogou um pouco de comida, pois tinha fome. Nesse momento,
Lourdes, minha mulher, que é vidente, observou, ao lado da jovem, um Espírito
com aparência de idoso de barbas brancas, que disse à nossa companheira: – Em nome de Jesus, alimente esta pobre
irmã. Lourdes atendeu-o imediatamente, com imensa alegria. E, enquanto servia à
jovem, dizia-lhe: – Pede, minha filha,
o que você desejar comer.
Quando
terminou de encher o prato da moça com o que de melhor esta lhe pedira e pagar
seu alimento, minha esposa disse ter sido aquele o melhor presente já recebido
em sua vida. A pobre, ao se afastar, olhava agradecida para o prato cheio e
para sua benfeitora. Ao lado da pedinte, o Espírito Bezerra de Menezes, o “Médico
dos Pobres”, acenava para Lourdes com um beijo carinhoso, que ela jamais
esquecerá.
O
segundo fato é também muito comum nesta época de nossa forte sintonia com o plano
espiritual. Um amigo disse-nos que voltava da academia onde costuma malhar e
estava com dois reais no bolso. Em frente a sua casa, há uma banca de jornais
que também vende gostoso cafezinho ao preço de um real.
Nosso
amigo vinha pensando em tomar seu cafezinho ali, quando jovem senhora o abordou
e lhe pediu um trocado. Ele, então, respondeu-lhe: – Venha comigo até a banca, pois vou comprar
um cafezinho e dou-lhe o troco.
Ela
seguiu-o desconfiada. Ao chegarem à banca, nosso amigo pediu ao jornaleiro um
cafezinho e entregou-lhe dois reais, esperando receber o troco. Para sua
surpresa o dono da banca devolveu-lhe os dois reais e disse-lhe que daquela vez
o café ficava por conta da casa. Meu amigo, que tem fama de nefelibata, por ser
meio desligado do mundo real, respondeu-lhe, indicando a moça: – Prometi dar-lhe o troco...
O
jornaleiro pegou a nota de dois reais, foi até o caixa e, caindo em si, voltou
com o dinheiro, pegou um pacote de biscoitos, entregou-o à pobre, junto com os
dois reais, e lhe ofereceu um suco. Vendo isso, outro senhor, que antes conversava
com ele, pediu à jovem para abrir a mão, que encheu de moedas. Ela olhou,
agradecida, para seus três benfeitores e pediu ao Sr. Marcelo que substituísse
o suco pelo cafezinho.
Como
lembrou Jesus, não é preciso que doemos muito com ostentação. E o ditado
popular confirma: “Quem dá aos pobres empresta a Deus”. Isso é Natal!
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