O Livro dos Espíritos
Allan Kardec
Estamos fazendo neste espaço – sob a
forma dialogada – o estudo dos oito principais livros do Codificador do
Espiritismo. Serão ao todo 1.120 questões objetivas distribuídas em 140 partes,
cada qual com oito perguntas e respostas. Os textos são publicados neste blog
sempre às quintas-feiras.
Continuamos hoje o estudo da principal
obra espírita – O Livro dos Espíritos
–, cuja publicação inicial ocorreu em 18 de abril de 1857.
Parte 5
33. Como se dá a separação da alma, uma vez morto o corpo? É ela dolorosa?
A separação da alma e do corpo não é
dolorosa. A pessoa quase sempre sofre mais durante a vida do que no momento da
morte. Os sofrimentos que algumas vezes se experimentam no instante da morte
são um gozo para o Espírito que vê chegar o termo do seu exílio. Na morte
natural, a que sobrevém pelo esgotamento dos órgãos, em consequência da idade,
o homem deixa a vida sem o perceber: é uma lâmpada que se apaga por falta de
óleo. Uma vez desatados os laços que a retinham ao corpo, a alma se desprende
gradualmente, nunca de forma brusca. Ela não se escapa como um pássaro cativo a
que se restitua subitamente a liberdade, pois os dois estados se tocam e
confundem, de sorte que o Espírito se solta pouco a pouco dos laços que o
prendiam. (O Livro dos Espíritos,
questões 154, 155, 163 e 164.)
34. Após a morte corpórea, o Espírito sabe perfeitamente o que lhe
aconteceu?
Não, pois a alma passa algum tempo em
estado de perturbação, cuja duração depende da elevação de cada um. Aquele que
já está purificado reconhece-se quase imediatamente, pois que se libertou da
matéria antes que cessasse a vida do corpo, enquanto que o homem carnal, aquele
cuja consciência ainda não está pura, guarda por muito mais tempo a impressão
da matéria.
Por ocasião da morte, tudo, a
princípio, é confuso. De algum tempo precisa a alma para entrar no conhecimento
de si mesma. Ela se acha como que aturdida, no estado de uma pessoa que
despertou de profundo sono e procura orientar-se sobre sua situação. A lucidez
das ideias e a memória do passado lhe voltam, à medida que se apaga a influência
da matéria que ela acaba de abandonar e se dissipa a espécie de névoa que lhe
obscurece os pensamentos. (Obra citada, questões 163 a 165.)
35. O conhecimento espírita ajuda o indivíduo a libertar-se da
perturbação que se segue à morte?
Sim, porque – com o conhecimento
espírita - o Espírito já antecipadamente compreende sua situação. Mas é a
prática do bem e a consciência pura que maior influência exercem. Segundo o
Espiritismo, a perturbação que se segue à morte nada tem de penosa para o homem
de bem, que se conserva calmo, semelhante em tudo a quem acompanha as fases de
um tranquilo despertar. Para aquele, porém, cuja consciência não é pura, a
perturbação é cheia de ansiedade e de angústias, que aumentam à proporção que
ele de sua situação se compenetra. (Obra citada, questão 165.)
36. Em que consiste e em que se fundamenta a doutrina da
reencarnação?
A doutrina da reencarnação
fundamenta-se na justiça de Deus e na revelação, pois ninguém ignora que o bom
pai deixa sempre aberta a seus filhos uma porta para o arrependimento. Não
seria diferente com nosso Pai maior, que faculta aos Espíritos os meios de
alcançar a perfeição, meta para a qual todos nós fomos criados. A doutrina da
reencarnação mostra-nos que os Espíritos passam por inúmeras existências
corporais até que, depurando-se de suas imperfeições, atinjam a perfeição. A
cada nova existência, o Espírito dá um passo adiante na senda do progresso, de
modo que há de vir um momento em que, limpo de todas as impurezas, não terá
mais necessidade das provas da existência corporal. (Obra citada, questões 166,
167, 168 e 171.)
37. Nossas diferentes existências corpóreas se passam todas na
Terra?
Não. Elas ocorrem nos diferentes mundos
que povoam o Universo. As que passamos na Terra não são as primeiras nem as
últimas; são, porém, das mais materiais e das mais distantes da perfeição.
(Obra citada, questões 172 a 174.)
38. Existe o período da infância em outros mundos?
Sim. Em toda parte a infância é uma
transição necessária, mas não é, em todos os globos, tão obtusa como o é em
nosso mundo. (Obra citada, questão 183.)
39. É possível a um Espírito vencer numa única existência todos os graus
da perfeição?
Não, pois o que o homem julga perfeito
longe está da perfeição. Há qualidades que lhe são desconhecidas e
incompreensíveis. Poderá ser tão perfeito quanto o comporte sua natureza
terrena, mas isso não é a perfeição absoluta. Dá-se com o Espírito o que se
verifica com a criança que, por mais precoce que seja, tem de passar pela
juventude, antes de chegar à idade da madureza; e também com o enfermo que,
para recobrar a saúde, tem de passar pela convalescença. Ademais, ao Espírito
cumpre progredir em ciência e em moral. Se somente se adiantou num sentido,
importa se adiante no outro, para atingir o extremo superior da escala. (Obra
citada, questões 192, 192-A e 194-A.)
40. Pode uma pessoa nas futuras encarnações descer abaixo do ponto já
alcançado anteriormente?
Com relação à posição social, sim; como
Espírito, não, visto que não pode degenerar. A marcha dos Espíritos é
progressiva, jamais retrógrada. Eles se elevam gradualmente na hierarquia e não
descem da categoria a que ascenderam. Em suas diferentes existências corporais,
podem descer como homens, não como Espíritos. Assim, a alma de um potentado da
Terra pode mais tarde animar o mais humilde obreiro e vice-versa, porque entre
os homens as categorias estão, frequentemente, na razão inversa da elevação das
qualidades morais. Herodes era rei e Jesus, carpinteiro. (Obra citada, questões
193 e 194.)
Observação:
Para acessar a Parte 4 deste estudo, publicada na semana passada, clique
aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/01/o-livro-dos-espiritos-allan-kardec_16.html
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