O Além e a
Sobrevivência do Ser
Léon Denis
1ª Parte
Damos início hoje ao estudo do clássico O Além e a Sobrevivência do Ser, de autoria de Léon Denis, com base na 8ª edição publicada em português pela Federação Espírita Brasileira.
Nosso propósito é que este estudo sirva para o leitor como
uma forma de iniciação ao estudo dos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Esta obra divide-se em duas partes. Qual é o objeto da
primeira?
B. A época dos dogmas e das teorias especulativas já
passou?
C. Onde se localiza o Além?
Texto para
leitura
1. Nesta obra, Léon Denis propõe-se abordar uma das mais
altas e mais graves questões com que defronta o pensamento humano. Haverá em
nós um elemento, um princípio que persista depois da morte do corpo? Haverá
qualquer coisa da nossa consciência, da nossa personalidade moral, da nossa
inteligência, do nosso eu, que subsista à decomposição do invólucro material?
2. Neste breve estudo, ficarão de lado – diz ele – o
domínio das esperanças religiosas, por muito respeitável que seja, assim como o
das teorias filosóficas, para exclusivamente buscar as provas experimentais
capazes de nos fixarem a opinião.
3. As afirmações dogmáticas e as teorias especulativas já
não bastam. O espírito humano, que se tornou difícil de contentar-se, por
efeito dos métodos científicos e de crítica hoje em uso, exige para toda crença
uma base positiva, um criterium de
certeza.
4. Na época atual, em que tantas convicções se enfraquecem
e extinguem, em que tantas ilusões se esfrangalham, o respeito, o culto da
morte continua sendo uma das raras tradições vivas. A lembrança dos seres
queridos se conserva, intensa e profunda, no coração do homem.
5. Foi em Paris, não o esqueçamos, que se estabeleceu o
costume de saudar os féretros ao passarem.
6. É, de fato, um espetáculo tocante ver, nos dias 1º e 2 de novembro, por sob um céu geralmente acaçapado e sombrio, às vezes até fustigadas por uma chuva insistente, aborrecida e gelada, numerosas multidões se encaminharem para os cemitérios, a fim de cobrirem de crisântemos os túmulos daqueles a quem amaram.
7. Aos que voltam dessa piedosa peregrinação e mesmo aos que, em todas as épocas do ano, acompanham um enterro, não se apresentará esta interrogação: Que é feito de todos esses viajantes que transpuseram os umbrais do mundo invisível? E o pensamento de cada um interroga o oceano silencioso dos mortos!
8. Sim, não obstante o desenfreado amor à matéria,
característico dos tempos atuais, não obstante a luta ardorosa pela vida, luta
que nos arrebata em sua engrenagem e nos absorve inteiramente, a ideia do Além
se ergue a todo instante em nosso íntimo.
9. Suscitam-na o espetáculo quotidiano das tristezas da
Humanidade, a sucessão das gerações que surgem e passam, as chegadas e partidas
que se verificam em torno de nós, as constantes migrações, de um mundo para
outro, daqueles que partilharam dos nossos trabalhos, das nossas alegrias, das
nossas dores, dos que teceram a nosso lado a teia não raro tão dolorosa da
existência.
10. A todos quantos essa questão se tenha apresentado, pode
então ser perguntado: - Nunca percebestes, no silêncio profundo das horas
noturnas, das horas de insônia, quando tudo repousa em derredor, algum ruído
misterioso, que se assemelhasse a uma advertência de amigos ou, melhor ainda, o
murmúrio de um ente caro tentando fazer-se ouvir? Não haveis sentido passar-vos
por sobre a fronte como que um sopro ligeiro, brando qual carícia, ou o roçar
de uma asa?
11. Certamente dirão: - Isso é por demais vago e pouco
concludente. À nossa época de cepticismo são necessárias manifestações de outra
precisão, fenômenos mais tangíveis, mais probantes.
12. Tais manifestações, contudo, existem e delas é que esta
obra irá tratar, penetrando assim o domínio do espiritualismo experimental, o
domínio das novas ciências psíquicas que projetam luz intensa sobre o problema
do Além.
13. Desde alguns anos estas ciências têm tomado uma
extensão considerável e não é mais possível ao homem inteligente desconhecê-las
ou desprezá-las. A despeito das fraudes e dos embustes, os fenômenos psíquicos
reais, de todas as ordens, se multiplicaram de tal maneira que a possibilidade
de se produzirem não mais dá lugar à dúvida.
14. Se alguns sábios ainda os discutem, é antes do ponto de
vista das causas atuantes do que da realidade dos fatos considerados em si
mesmos.
15. Não faz muito, verificou-se em nosso mundo o nascimento
de uma nova ciência. Rompendo o círculo apertado em que a ciência de ontem, a
ciência materialista se confinara, ela rasgou ao espírito humano imensas
aberturas sobre a vida invisível.
16. O descobrimento da matéria radiante, isto é, de um
estado sutil da matéria, até então fora completamente do alcance das nossas
percepções, o descobrimento dos raios X, das ondas hertzianas e da
radioatividade dos corpos demonstraram a existência de forças, de potências
incalculáveis e a possibilidade de formas de existência que os nossos fracos e
limitados sentidos, por inaptos, não conseguem perceber.
17. Assim como o mundo dos infinitamente pequenos se nos
conservava desconhecido antes da invenção do microscópio, assim também, sem as
descobertas de William Crookes, Roentgen, Berthelot e Curie, ignoraríamos ainda
que um infinito de forças, de radiações, de potências nos cerca, envolve e
banha nas suas profundezas.
18. Depois daquelas demonstrações, que homem ousaria,
doravante, fixar limites ao império da vida? A própria morte parece não ser
mais do que uma porta aberta para formas impalpáveis, imponderáveis da
existência; as ondas da vida invisível marulham sem cessar em torno de nós.
19. Muitos há que frequentemente inquirem de si mesmos: -
Onde está o Além? Mas o Além e o Aquém se penetram, se confundem: estão um no
outro. O Além é simplesmente o que os nossos sentidos não alcançam, os quais,
como se sabe, são muito pobres, não nos permitindo, por isso, perceber senão as
formas mais grosseiras da vida universal. As formas sutis lhes escapam
absolutamente.
20. Aliás, que é que a Humanidade, durante longo tempo, soube
do Universo? Quase nada! O telescópio e o microscópio alargaram em sentidos
opostos o campo de suas percepções.
21. Àquele que, antes de inventado o microscópio, falasse
dos infusórios, dessa vida exuberante que desabrocha em miríades de seres nos
ares e nas águas, houveram certamente respondido com um encolher de ombros. Eis
que, porém, novas perspectivas se descerram e ignorados domínios da Natureza se
revelam.
Respostas às
questões preliminares
A. Esta obra
divide-se em duas partes. Qual é o objeto da primeira?
A sobrevivência do ser humano. Haverá em nós um elemento,
um princípio que persista depois da morte do corpo? Haverá qualquer coisa da
nossa consciência, da nossa personalidade moral, da nossa inteligência, do
nosso eu, que subsista à decomposição do invólucro material? Essas questões,
eis o objeto da primeira parte da obra cujo estudo ora iniciamos. (O Além e a Sobrevivência do Ser.)
B. A época dos
dogmas e das teorias especulativas já passou?
Sim. As afirmações dogmáticas e as teorias especulativas já
não bastam. O espírito humano, que se tornou difícil de contentar-se, exige
para toda crença uma base positiva, um criterium
de certeza. (Obra citada.)
C. Onde se
localiza o Além?
Muitos há que frequentemente fazem a si mesmos esta
pergunta: - Onde está o Além? Ora, o Além e o Aquém se penetram, se confundem:
estão um no outro. O Além é simplesmente o que os nossos sentidos não alcançam,
os quais, como se sabe, são muito pobres, não nos permitindo, por isso,
perceber senão as formas mais grosseiras da vida universal. As formas sutis
lhes escapam absolutamente. (Obra citada.)
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