O Evangelho segundo o Espiritismo
Allan Kardec
Parte 10
Prosseguimos o estudo metódico de “O
Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, terceira das obras que
compõem o Pentateuco Kardequiano, cuja primeira edição foi publicada em abril
de 1864.
Este estudo é publicado sempre às
quintas-feiras.
Caso o leitor queira ter em mãos o
texto consolidado dos estudos relativos à presente obra, para acompanhar, pari
passu, o presente estudo, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#ALLAN
e, em seguida, no verbete "O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Eis as questões de hoje:
73. Qual é, para o Espiritismo, a virtude fundamental?
A caridade é a virtude fundamental
sobre a qual há de repousar todo o edifício das virtudes terrenas. Sem ela não
existem as outras. Sem a caridade não há como esperar melhor sorte, não há
interesse moral que nos guie; sem a caridade não há fé, pois a fé não é mais do
que pura luminosidade que torna brilhante uma alma caridosa. A caridade é, em
todos os mundos, a eterna âncora de salvação; é a mais pura emanação do próprio
Criador; é a sua própria virtude, dada por ele às suas criaturas. (O Evangelho segundo o Espiritismo,
capítulo XIII, itens 12 e 13.)
74. Como são pesados os méritos individuais resultantes da
caridade que praticamos?
Em face da frase "Sou pobre,
não posso fazer a caridade", que ouvimos com frequência em nosso meio, um
Espírito protetor contou a seguinte história: “Dois homens acabavam de morrer.
Dissera Deus: Enquanto esses dois homens viverem, deitar-se-ão em sacos
diferentes as boas ações de cada um deles, para que por ocasião de sua morte
sejam pesadas. Quando ambos chegaram aos últimos momentos, mandou Deus que lhe
trouxessem os dois sacos. Um estava cheio, volumoso, atochado, e nele ressoava
o metal que o enchia; o outro era pequenino e tão vazio que se podiam contar as
moedas que continha. Este o meu, disse um, reconheço-o; fui rico e dei muito.
Este o meu, disse o outro, sempre fui pobre, oh! quase nada tinha para
repartir. Mas, oh! surpresa! Postos na balança os dois sacos, o mais volumoso
se revelou leve, mostrando-se pesado o outro, tanto que fez se elevasse muito o
primeiro no prato da balança. Deus, então, disse ao rico: Deste muito, é certo,
mas deste por ostentação e para que teu nome figurasse em todos os templos do
orgulho e, ao demais, dando, de nada te privaste. Vai para a esquerda e fica
satisfeito com o te serem as tuas esmolas contadas por qualquer coisa. Depois,
disse ao pobre: Tu deste pouco, meu amigo; mas, cada uma das moedas que estão
nesta balança representa uma privação que te impuseste; não deste esmolas,
entretanto praticaste a caridade, e, o que vale muito mais, fizeste a caridade
naturalmente, sem cogitar de que te fosse levada em conta; foste indulgente;
não te constituíste juiz do teu semelhante; ao contrário, todas as suas ações
lhe relevaste: passa à direita e vai receber a tua recompensa”. (Obra citada,
capítulo XIII, item 15.)
75. A tranquilidade real não pode ser conquistada ao preço da
indiferença pelos problemas alheios. Como entender essa ideia?
O sentimento mais apropriado a
fazer que progridamos, domando em nós o egoísmo e o orgulho, aquele que dispõe
nossa alma à humildade, à beneficência e ao amor do próximo, é a piedade.
Piedade que nos comove até às entranhas à vista dos sofrimentos de nossos
irmãos e que nos impele a lhes estender a mão para socorrê-los. Nunca,
portanto, abafemos nos nossos corações essas emoções celestes; não procedamos
como certos egoístas endurecidos que se afastam dos aflitos, porque o
espetáculo de suas misérias lhes perturbaria por instantes a existência álacre.
Evitemos conservar-nos indiferentes, quando pudermos ser úteis. A tranquilidade
comprada à custa de uma indiferença culposa é a tranquilidade do mar morto, no
fundo de cujas águas se escondem a vasa fétida e a corrupção. (Obra citada,
capítulo XIII, item 17.)
76. Qual o verdadeiro sentido do mandamento "honrai pai
e mãe"?
O mandamento "Honrai a vosso
pai e a vossa mãe" é um corolário da lei geral de caridade e de amor ao
próximo, visto que não pode amar o próximo aquele que não ama a seu pai e a sua
mãe; mas o termo honrai encerra um dever a mais para com eles: o da piedade
filial. Honrar a seu pai e a sua mãe não consiste apenas em respeitá-los; é
também assisti-los na necessidade; é proporcionar-lhes repouso na velhice; é
cercá-los de cuidados como eles fizeram conosco, na infância. (Obra citada,
capítulo XIV, itens 2, 3 e 4.)
77. Quantas espécies de famílias existem?
Há duas espécies de famílias: as
famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis,
as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos,
através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se
extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência
atual. (Obra citada, capítulo XIV, item 8.)
78. Qual o motivo do ódio e da repulsa instintiva que se
notam em certas crianças?
Quando deixa a Terra, o Espírito
leva consigo as paixões ou as virtudes inerentes à sua natureza e se aperfeiçoa
no espaço, ou permanece estacionário, até que deseje receber a luz. Muitos, então,
se vão cheios de ódios violentos e de insaciados desejos de vingança. Mas a
alguns dentre eles, mais adiantados do que outros, é dado entrevejam uma
partícula da verdade; apreciam então as funestas consequências de suas paixões
e são induzidos a tomar resoluções boas. Compreendem que, para chegarem a Deus,
uma só é a senha: caridade. Ora, não há caridade sem esquecimento dos ultrajes
e das injúrias; não há caridade sem perdão, nem com o coração tomado de ódio.
Então, mediante inaudito esforço, conseguem tais Espíritos observar as pessoas
a quem eles odiaram na Terra. Ao vê-los, porém, a animosidade se lhes desperta
no íntimo; revoltam-se à ideia de perdoar e, ainda mais, à de abdicarem de si
mesmos, sobretudo à ideia de amarem os que lhes destruíram os haveres, a honra,
a família. Entretanto, abalado fica o coração desses infelizes. Eles hesitam,
vacilam, agitados por sentimentos contrários. Se predomina a boa resolução,
oram a Deus, imploram aos bons Espíritos que lhes deem forças, no momento mais
decisivo da prova. Por fim, após anos de meditações e preces, o Espírito aproveita a possibilidade de reencarnar na
família daquele a quem detestou. Com a permissão das autoridades incumbidas
disso, ele então reencarna. Qual será seu
procedimento na família escolhida? Dependerá da sua maior ou menor persistência
nas boas resoluções que tomou. O incessante contacto com seres a quem odiou
constitui prova terrível, sob a qual não raro sucumbe, se não tem ainda
bastante forte a vontade. Assim, conforme prevaleça ou não a resolução boa, ele
será amigo ou inimigo daqueles entre os quais foi chamado a viver. É assim
que se explicam esses ódios, essas repulsões instintivas que se notam da parte
de certas crianças e que parecem injustificáveis aos olhos de quem não admite a
realidade da reencarnação. (Obra citada, capítulo XIV, item 9.)
79. Qual é, segundo o Espiritismo, a principal tarefa dos
pais junto a seus filhos?
Segundo mensagem assinada pelo
Espírito de Santo Agostinho, o dever dos pais é dar todas as condições para que
seus filhos progridam e pôr todo o seu amor em aproximá-los de Deus. Essa, a
missão que lhes está confiada e cuja recompensa receberão, se fielmente a
cumprirem. “Lembrai-vos – diz Santo Agostinho – que a cada pai e a cada mãe perguntará
Deus: Que fizestes do filho confiado à vossa guarda? Se por culpa vossa ele se
conservou atrasado, tereis como castigo vê-lo entre os Espíritos sofredores,
quando de vós dependia que fosse ditoso.” (Obra citada, capítulo XIV, item 9.)
80. Na descrição que faz do Juízo Final, Jesus destaca uma
virtude. Qual é ela?
A virtude chama-se caridade, que
ele não considera apenas como uma das condições para a salvação, mas como a
condição única. Se outras houvesse a serem preenchidas, ele as teria declinado.
Desde que coloca a caridade em primeiro lugar, é que ela implicitamente abrange
todas as outras: a humildade, a brandura, a benevolência, a indulgência, a
justiça etc., e porque é ela a negação absoluta do orgulho e do egoísmo. (Obra
citada, capítulo XV, itens 1, 2 e 3.)
Observação:
Para acessar a Parte 9 deste estudo, publicada na semana
passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/01/o-evangelho-segundo-o-espiritismo-allan_14.html
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