O Espiritismo perante a Ciência
Gabriel Delanne
Parte 44 e final
Concluímos nesta data o estudo do
clássico O Espiritismo perante a Ciência,
de Gabriel Delanne, conforme tradução da obra francesa Le Spiritisme devant la Science.
Nosso objetivo é que este estudo tenha
servido para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do
Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas
encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Embora tenha sido esta obra
publicada originalmente em 1883, algumas das teorias nela expostas foram
comprovadas posteriormente?
B. É verdade que os fenômenos ditos
espíritas foram examinados também pela Sociedade Inglesa de Pesquisas
Psíquicas?
C. Que tipo de prova foi acrescentado,
posteriormente, à coleção de fenômenos relativos à realidade das manifestações
espíritas?
Texto para leitura
964. Desde a época, já longínqua, em
que apareceu a 1ª edição desta obra (1883), o autor teve a satisfação de
verificar que algumas das mais importantes teorias aqui expostas tiveram a
consagração da ciência.
965. Todos os nossos conhecimentos
sobre a matéria foram renovados pelo descobrimento dos fenômenos da
radioatividade. O átomo não é mais a base indestrutível do Universo. As teorias
materialistas de Büchner, Moleschott, Carl Vogt, Hoeckel etc. foram declaradas
radicalmente falsas. Não é a matéria que produz a energia, como a conhecemos.
Os fenômenos da radioatividade demonstram que partes constitutivas do átomo
podem escapar-se dele, de sorte que, no fim de algum tempo mais ou menos longo,
esse átomo volta ao éter donde saíra.
966. Na obra de Kardec intitulada A Gênese, publicada em 1868,
encontra-se, no capítulo dos fluidos, essa teoria nitidamente exposta pelos
Espíritos, na metade do último século. Lê-se textualmente, à página 298: “A
matéria tangível, tendo por elemento primitivo o fluido cósmico etéreo, deve
poder, desagregando-se, voltar ao estado de eterização, como o diamante, o mais
duro dos corpos, pode volatizar-se em gás impalpável. A solidificação da
matéria não é, em realidade, mais que um estado transitório do fluido
universal, que pode tornar ao estado primitivo, quando as condições de coesão
cessarem de existir.” É este um fato que deve fazer inspirar a maior confiança
no valor intelectual e científico dos guias do grande iniciador.
967. Além disso, tudo o que temos
escrito sobre os fluidos, isto é, sobre os estados cada vez mais rarefeitos da
matéria, é confirmado pela descoberta dos raios X e das ondas hertzianas, que
são, incontestavelmente, manifestações dessas formas superiores da matéria
cósmica, desconhecidas no século 19.
968. É bom assinalar também que o
estudo das manifestações extracorpóreas do Espírito, cuja importância já tinha
sido assinalada por Allan Kardec e por nós, foi empreendido, desde 1883, pela Sociedade Inglesa de Pesquisas Psíquicas (Society
for Psychical Research) e, depois, no novo mundo, pelo ramo americano dessa
Sociedade. Os sábios que a compõem chegaram a estabelecer, experimentalmente, a
exteriorização de todas as formas do pensamento, à qual deram o nome geral de
telepatia. Verificaram, ainda, casos de visão a distância, sem o socorro dos
olhos, e fatos de premonição, em condições que estabelecem, absolutamente, a
autenticidade desses fenômenos, cuja realidade foi assinalada no curso desta
obra.
969. Demonstramos, no 1º volume da
nossa obra intitulada Aparições
materializadas dos vivos e dos mortos, que os fantasmas dos vivos são de
indiscutível realidade, porque foram fotografados, o que não deixa dúvida
alguma a respeito de seu caráter objetivo. Pode-se produzir experimentalmente
essa duplicação do ser humano; resulta, pois, daí que a alma, mesmo durante a
sua passagem sobre a Terra, está sempre associada a uma forma de matéria
quintessenciada, o que justifica nossas afirmações relativamente à existência
do perispírito.
970. No 2º volume da mesma obra encontrar-se-ão
documentos extremamente numerosos, que confirmam, por pesquisas ulteriores em
todos os países, as notáveis experiências de materialização de Crookes.
Assinalaremos, particularmente, as de Aksakof com Eglinton e a senhora
d'Espérance; depois, as pesquisas do doutor Gibier em Nova York, e as
empreendidas durante 20 anos por uma legião de sábios, em companhia de Eusápia
Paladino, principalmente no Círculo Minerva, em Gênova, e, enfim, as do
professor Richet e nós, em Argélia, na Vila Cármen.
971. Vimos, pelos trabalhos de
Crookes, que a realidade das manifestações resulta:
1º. da vista coletiva do fantasma, por
todos os assistentes;
2º. das fotografias que puderam ser
tiradas;
3º. das ações materiais exercidas pelo
fantasma;
4º. da visão simultânea da aparição e
do médium;
5º. enfim, a essas provas veio
juntar-se outra, absoluta, a da moldagem de parte da aparição, moldagem
insimulável, que é como um testemunho permanente da realidade objetiva do
fantasma e do caráter realmente humano de sua materialização.
972. Esses últimos resultados foram
obtidos, a princípio, na América, pelo professor Denton, depois na Inglaterra
por Mrs. Reimers e Oxley, Ashton e outros. Ultimamente, resultados semelhantes
foram obtidos com o médium Kluski, no Instituto
Metapsíquico Internacional.
973. Chegou-se a pesar,
simultaneamente, ou sucessivamente, o médium e o Espírito materializado, e
percebeu-se que a matéria que compunha o corpo do fantasma era tomada quase
totalmente ao corpo do médium. Nestes últimos anos, a Sra. Bisson estudou particularmente
o início desse fenômeno, provocando a saída da matéria exteriorizada do médium,
à qual se deu o nome de ectoplasma.
974. O conjunto dos fenômenos da
mediunidade obteve, de alguma sorte, uma consagração oficial com o haver o
professor Richet apresentado à Academia de Medicina, em 1922, sua obra Tratado de Metapsíquica. Se o autor não
adotou, ainda, as conclusões espíritas que deduzimos desse conjunto de
fenômenos, não rejeita formalmente nossa interpretação. Tanto ele tem razão que
desde o último século um grande número de homens de ciência adotaram
formalmente a teoria espírita como a única explicação geral de todos os
fenômenos.
975. Na Inglaterra, tivemos a alegria
de contar entre os novos adeptos homens tais como o ilustre psicólogo Myers, o
professor Barrett, Sir Oliver Lodge, eminente físico, e, nos últimos tempos, o
engenheiro Crawford; na América, o professor Hyslop, o doutor Hodgson; na
Itália, o célebre criminalista Lombroso, os drs. Pio Foa, Vesani, Scozzi,
Venzano, os professores, Botazi, Brofferio, Bozzano, Tumolo, o astrônomo Porro
e outros.
976. Há um quarto de século vêm sendo
empreendidas, sobre os fenômenos psíquicos, pesquisas em quase todos os países.
Na França, Camille Flammarion publicou o resultado de seus trabalhos em três volumes
intitulados: Antes da Morte, Em torno da Morte, Depois da Morte, sob o título geral A Morte e seu Mistério, que termina por uma afirmação nitidamente
espírita.
977. Na mesma ordem de ideias,
Warcollier nos dá, numa obra sobre a telepatia, o resultado de suas pesquisas e
o doutor Osty afirma, no seu livro O
Conhecimento Supranormal, que certas pessoas têm a faculdade de apreender,
anormalmente, o conhecimento de coisas que lhes são desconhecidas e de prever o
futuro.
978. É uma profunda satisfação para os
espiritistas verificar que nenhuma de suas afirmações foi contraditada, vai
para mais de meio século, e que, pelo contrário, as experiências empreendidas
no mundo inteiro têm confirmado o valor de suas assertivas, tanto no ponto de
vista experimental como filosófico.
979. Graças à inteligência e à
generosa iniciativa de Jean Meyer, esclarecido filantropo, foi criado em 1919,
em Paris:
1. Um Instituto Metapsíquico
Internacional, reconhecido de utilidade pública, do qual fazem parte eminentes
cientistas, tais como o professor Richet, o conde Grammont e o professor
Leclainche, membros da Academia de Ciências; Camille Flammarion, o Doutor
Santolíquido, o Professor Tessier, o Doutor Calmette, inspetor geral do Serviço
de Saúde; entre os membros estrangeiros, Oliver Lodge, Bozzano; como diretor o
Doutor Geley.
2. Na mesma data, a União Espírita
Francesa, com sede em Paris, que, apesar de sua recente criação, reúne já 26
sociedades, de todas as regiões da França e das colônias.
980. A essas duas instituições incumbe
dar as bases científicas para o estudo do Espiritismo e à difusão de sua
filosofia o mais vigoroso impulso. É, pois, com confiança que podemos
considerar o futuro e o triunfo certo dessa grande e nobre doutrina.
Respostas às questões preliminares
A. Embora tenha sido esta obra publicada originalmente em
1883, algumas das teorias nela expostas foram comprovadas posteriormente?
Sim. Delanne menciona esse fato no
Apêndice por ele escrito quase cinquenta anos depois do surgimento deste livro.
Os novos conceitos sobre matéria e energia derrubaram as teorias materialistas
de Büchner, Moleschott, Carl Vogt e Hoeckel. Não é a matéria que produz a
energia; esta é que dá origem à matéria. Além disso, tudo o que ele escreveu
sobre os fluidos, isto é, sobre os estados cada vez mais rarefeitos da matéria,
foi confirmado pelas descobertas científicas feitas posteriormente. (O Espiritismo perante a ciência,
Apêndice.)
B. É verdade que os fenômenos ditos espíritas foram
examinados também pela Sociedade Inglesa de Pesquisas Psíquicas?
Sim. Eles foram estudados na
Inglaterra e depois, na América, pelo ramo americano dessa Sociedade. Os sábios
que a compõem chegaram a estabelecer, experimentalmente, a exteriorização de
todas as formas do pensamento, à qual deram o nome geral de telepatia.
Verificaram, ainda, casos de visão a distância, sem o socorro dos olhos, e
fatos de premonição, em condições que estabelecem, absolutamente, a autenticidade
desses fenômenos, cuja realidade havia sido assinalada no curso desta obra.
(Obra citada, Apêndice.)
C. Que tipo de prova foi acrescentado, posteriormente, à
coleção de fenômenos relativos à realidade das manifestações espíritas?
Conforme os trabalhos de William
Crookes, a realidade das manifestações era provada por quatro ordens de
fenômenos: 1º. vista coletiva do fantasma, por todos os assistentes; 2º.
fotografias que puderam ser tiradas; 3º. ações materiais exercidas pelo
fantasma; 4º. visão simultânea da aparição e do médium. A essas provas veio
juntar-se outra: a da moldagem de parte da aparição, que é como um testemunho
permanente da realidade objetiva do fantasma e do caráter realmente humano de
sua materialização. Esses resultados foram obtidos, a princípio, na América,
pelo professor Denton, depois na Inglaterra por Mrs. Reimers e Oxley, Ashton e
outros. (Obra citada, Apêndice.)
Observação:
Para acessar a parte 43 deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/01/o-espiritismo-perante-ciencia-gabriel_8.html
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