O que não pode faltar na mediunidade
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Embora
a história da mediunidade se perca na noite dos tempos, foi sem dúvida com o
advento do Espiritismo que ela se popularizou em nosso mundo.
De
acordo com Emmanuel, mediunidade nada mais é do que aquela luz que seria
“derramada sobre toda carne e prometida pelo Divino Mestre aos tempos do
Consolador”.
Trata-se,
todavia, de uma faculdade que não deve ser fruto de precipitação nesse ou
naquele setor da atividade, visto que as tarefas mediúnicas são, em verdade,
dirigidas pelos mentores do plano espiritual.
O
homem tem de se submeter a uma complexa preparação e observar certas regras de
conduta para desenvolver em si o dom da mediunidade. É-lhe preciso para isso,
ao mesmo tempo, a cultura da inteligência, tanto quanto a meditação, o
recolhimento e o desprendimento das coisas humanas.
Ensina
a prática espírita que corre perigo quem se entrega sem reservas e cuidados às
experimentações espíritas. Se a pessoa tiver o coração reto e a razão
esclarecida, muitas consolações e preciosos ensinamentos com certeza recolherá
no intercâmbio mediúnico, mas aquele que for inspirado somente pelos interesses
materiais, ou estiver movido apenas pelo desejo de divertir-se, pode tornar-se
objeto de uma infinidade de mistificações e ser instrumento de Espíritos
pérfidos que lhe trarão, em consequência, decepções e zombarias.
Disciplina,
equilíbrio, conduta reta e caridosa, eis elementos que não podem faltar no
desenvolvimento dessa faculdade.
O
melhor meio de desenvolver a mediunidade, ensinava a saudosa médium Yvonne A.
Pereira, é não se preocupar com o seu desenvolvimento, mas preparar-se
primeiramente, moral e mentalmente, para poder assumir o compromisso de se
tornar médium desenvolvido. Esse preparo não pode ser rápido e deve resultar,
em última análise, do burilamento da criatura em si mesma, uma vez que o
aperfeiçoamento do instrumento permitirá naturalmente aos Espíritos
manifestar-se em melhores condições.
De
acordo com a doutrina espírita, as comunicações espíritas são tanto mais
seguras quanto mais sérias as qualidades do médium. Os defeitos que dão mais
acesso aos maus Espíritos são o orgulho e a inveja. Num médium em que haja
orgulho, inveja e pouca caridade há mais possibilidades de ser enganado.
Vale
a pena recordar aqui a distinção que Kardec fez entre ser “médium” e ser “bom
médium”.
“Ninguém
poderá tornar-se bom médium – diz o Codificador – se não conseguir despojar-se
dos vícios que degradam a humanidade. Todos esses vícios se originam no
egoísmo; e como a negação do egoísmo é o amor, toda virtude se resume nesta palavra:
Caridade.”
Evidentemente,
todo homem pode tornar-se médium, mas a questão não é ser médium: é ser bom
médium, o que depende das qualidades morais do medianeiro. Muitos médiuns
acabam abandonados por seus Espíritos por não quererem compreender que a
caridade é o único meio de progredir. (Cf. Revista
Espírita de 1863, Edicel, pp. 213 e 214.)
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