Grilhões Partidos
Manoel Philomeno de Miranda
Parte 7
Prosseguimos neste espaço o estudo – sob a forma dialogada –
do livro Grilhões Partidos, de Manoel
Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco e publicada no
ano de 1974.
Este estudo é publicado neste blog sempre às
segundas-feiras.
Caso o leitor queira ter em mãos o texto condensado da obra em
foco, para complementar o estudo ora iniciado, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#MANOEL
e, em seguida, no verbete "Grilhões
Partidos”.
Eis as questões de hoje:
49. Com o início do tratamento desobsessivo, Ester acusou alguma melhora?
Sim. Notável modificação no semblante da paciente já podia
ser vista nos dias seguintes. É que, diminuída a assimilação contínua dos
fluidos enfermiços, graças ao afastamento do obsessor, o organismo passava a
recobrar paulatino controle de suas funções. (Grilhões Partidos, cap. 18, pp. 159 a 161.)
50. Quem era e
como se chamara na Terra o obsessor de Ester?
Ele próprio disse chamar-se Matias, um soldado morto em
dezembro de 1944 na campanha da Itália, sob as ordens do capitão Santamaria, de
quem fora ordenança. Chamavam-lhe "o baiano". (Obra citada, cap. 18 e
19, pp. 161 a 166.)
51. Que falta
cometida pelo Coronel Santamaria irritou tanto o soldado Matias?
Matias atribuía ao então capitão Santamaria a sua morte e
depois uma traição imperdoável. Na véspera da batalha de Monte Castelo, ele havia
sonhado que iria morrer naquele dia. Por isso, logo cedo, após rezar, dirigiu-se
ao capitão Santamaria para pedir-lhe fosse colocado em qualquer serviço, menos
ser mandado para a linha de fogo e explicou-lhe o motivo de seu pedido. O
capitão zombou dele e gritou que todos ali estavam para morrer, bradando
"que era o nosso dever: dar a vida pela Pátria e que aquela era a
hora". O soldado compreendeu a situação e, seguindo sua intuição,
pediu-lhe um favor. Se morresse, como acreditava que ia acontecer, suplicava ao
capitão ajudasse sua mãe e sua irmã, que ele deixara na Bahia. O capitão
olhou-o sério e, compreendendo a gravidade do pedido, prometeu que atenderia ao
seu pedido, anotando seu número de identidade e o endereço de sua família,
promessa que, no entanto, ele jamais cumpriu. (Obra citada, cap. 19, pp. 166 a
170.)
52. Que sucedeu
aos familiares de Matias em decorrência de sua morte na guerra? E como ele fez
para agir sobre Ester?
Sua mãe e a irmã Josefa viviam miseravelmente. Vendo-as,
Matias sentiu-se desfalecer, mas aos poucos conseguiu ordenar as lembranças.
Recordou-se, então, do capitão. Teria morrido? Se sua família enfrentava tal
penúria, certamente ele morrera, sem poder fazer nada. Seu pensamento se cravou
nele. Onde andaria? Como saber? Atormentado por essa dúvida, se o capitão estava
morto ou vivo, o ódio o foi dominando, porquanto, se ele estivesse vivo,
havia-o traído. Eis a narrativa de Matias: "Num momento de ódio vigoroso,
senti-me desvairar... Aos gritos e imprecações, desejando encontrá-lo, senti o
mesmo ímã desconhecido arrastar-me e encontrei-me na sala rica onde ele, mais
velho, forte, feliz, sorridente, exibia a filha..." Ao agarrar os braços
de Ester, percebeu que eles ficaram nos seus braços. Foi assim que, sem saber
como, ela agia do modo como ele queria. “Entonteci-me e ela cambaleou... Pensei
e ela atendeu... Levantei-a e caminhamos... Esbofeteei-o e enlouqueci de ódio,
de vingança, de alegria, descobrindo-a louca comigo, misturados.” (Obra citada,
cap. 19, pp. 170 a 173.)
53. Que
explicação deu o Coronel para o não cumprimento de sua promessa?
Ele próprio, dirigindo-se ao Espírito, disse que jamais
desejou trair ou desconsiderar, mas explicou que o fim da Guerra, o retorno à
pátria, a readaptação e tantas coisas que aconteceram fizeram-no esquecer o
compromisso. Fora traído pela memória... Jamais se lembrara da promessa feita,
a não ser agora quando os fatos foram relatados pelo antigo companheiro de
armas. E, emocionado, falou-lhe: "Perdoa-me, tu, que tens tanto sofrido!
Perdoa-me! Não agi por mal. Dá-me a oportunidade de reparar, antes da minha
partida, tantos danos". (Obra citada, cap. 19, pp. 173 a 175.)
54. Além de
pedir perdão a Matias, que lhe propôs o Coronel Santamaria?
O Coronel disse-lhe que ele tinha toda a razão em
castigá-lo, mas não a Ester, e pediu-lhe a oportunidade, então, de ajudar
Josefa e socorrer sua mãe. Ele dispunha de recursos que poderiam ampará-las.
Matias vacilou, não acreditou na intenção do Coronel. Mas este lhe pediu o
endereço de seus familiares, prometendo tudo fazer para reparar o mal
involuntariamente cometido. Depois de momentos de indecisão, o Espírito
concordou, por fim, em dar o endereço de sua casa. "Deus te pague! e
perdoa-me, se possível..." – pediu-lhe o Coronel Santamaria de voz embargada.
(Obra citada, cap. 19, pp. 175 a 177.)
55. As tarefas
de assistência a Ester limitavam-se à sessão mediúnica realizada?
Não. Além dos trabalhos de assistência espiritual realizados
à noite durante o sono corporal, os pais de Ester se empenhavam com o objetivo
de se reabilitarem do doloroso drama. Havia em seu lar, agora bafejado pelas
saturações da prece constante e sob o domínio das vibrações edificantes,
decorrentes das leituras e dos comentários elevados, uma psicosfera superior,
envolvente, que produzia bem-estar. Além disso, Ester recebia regularmente os
passes ministrados pelo irmão Melquíades desde o início da terapêutica
desobsessiva. (Obra citada, cap. 20, pp. 179 e 180.)
56. Qual é o
equívoco que, segundo o autor desta obra, muitos profissionais da Medicina e da
Enfermagem cometem?
Muitos profissionais da Medicina e da Enfermagem supõem que
não existe outra terapêutica, quando falham os recursos clássicos. Olvidam,
como é sabido, a terapia do amor, a psicoterapia do entendimento e da atenção.
Quando o Dr. Pinel foi criticado por desejar libertar das correntes os loucos
postos a seus cuidados, em Bicêtre, Paris, seus colegas lhe perguntaram,
zombeteiros: "Se não os puderes curar, que farás com eles?" – “Amá-los-ei",
respondeu o Dr. Pinel. "Farei sentirem-se criaturas humanas outra vez.
Dar-lhes-ei atenção." (Obra citada, cap. 20, pp. 181 a 183.)
Observação:
Para acessar a Parte 6 deste estudo, publicada na semana passada,
clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/12/grilhoes-partidos-manoel-philomeno-de_28.html
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