A reencarnação e seu propósito
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Existe,
como sabemos, uma diferença de conteúdo essencial entre os vocábulos
reencarnação e ressurreição.
A
ideia de que os mortos podiam volver à vida terrestre fazia parte dos dogmas
dos judeus, sob o nome de ressurreição. Só os saduceus, partidários de uma
seita fundada por Sadoc por volta do ano 248 a.C., cuja crença era a de que
tudo acabava com a morte, não acreditavam nisso.
Os
judeus, sim, admitiam que um homem que vivera podia reviver, sem saberem
precisamente de que maneira o fato se dava. É assim que muitas pessoas
acreditavam que Jesus fosse algum dos profetas que voltara. Designavam com o
nome de ressurreição o que o Espiritismo chama de reencarnação.
A
ressurreição propriamente dita, que implica o retorno à vida de um corpo que se
acha com seus elementos dispersos ou absorvidos, é cientificamente impossível.
Se aplicada às pessoas que tiveram uma morte aparente, como Lázaro ou a filha
de Jairo, fica evidente a impropriedade da palavra, porque, não existindo
morte, não há que falar de ressurreição, mas sim de ressuscitação, nome que se
dá, em Medicina, ao conjunto de atos pelos quais, mediante o uso de manobras
manuais e de aparelhos adequados, se restaura a vida ou a consciência de
indivíduo aparentemente morto.
Reencarnação
significa coisa diferente, pois é a volta do Espírito à existência corpórea,
mas em outro corpo formado especialmente para ele e que nada tem de comum com o
antigo.
A
ideia de reencarnação está bem definida na questão 166 d´O Livro dos Espíritos:
- Como pode a alma,
que não alcançou a perfeição durante a vida corpórea, acabar de
depurar-se?
“Sofrendo a prova de uma nova existência.”
a) Como realiza essa
nova existência? Será pela sua transformação como Espírito?
“Depurando-se, a alma indubitavelmente experimenta uma
transformação, mas para isso necessária lhe é a prova da vida corporal.”
b) A alma passa então
por muitas existências corporais?
“Sim, todos contamos muitas existências. Os que dizem o
contrário pretendem manter-vos na ignorância em que eles próprios se encontram.
Esse o desejo deles.”
c) Parece resultar
desse princípio que a alma, depois de haver deixado um corpo, toma outro, ou,
então, que reencarna em novo corpo. É assim que se deve entender?
“Evidentemente.”
Vê-se
que o propósito da reencarnação é permitir que os Espíritos alcancem a meta
para a qual foram criados: a perfeição. O conceito de reencarnação está,
portanto, intimamente ligado ao conceito de encarnação, isto é, à passagem do
Espírito pela existência carnal ou corporal, assunto tratado na questão 132 da
mesma obra:
– Qual o objetivo da
encarnação dos Espíritos?
“Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los
chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para
alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência
corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de
pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da
criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento,
de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele
ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral,
ele próprio se adianta.”
À
vista destes ensinos, não é difícil compreender as seguintes palavras que Jesus
dirigiu a Nicodemos: “Em verdade, em verdade, te digo: Ninguém pode ver o reino
de Deus se não nascer de novo”. (João, 3:1 a 12.)
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