segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

 



Loucura e Obsessão

 

Manoel Philomeno de Miranda

 

Parte 6

 

Damos prosseguimento neste espaço ao estudo metódico e sequencial do livro Loucura Obsessão, sexta obra de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada em 1988. Este estudo será publicado neste blog sempre às segundas-feiras.

Eis as questões de hoje:

 

41. Como podemos defender-nos das práticas que determinados Espíritos utilizam para prejudicar o próximo?

A essa pergunta, Dr. Bezerra de Menezes assim respondeu: “A inteireza moral é uma defesa para qualquer tipo de agressão, difícil de atingida; a conduta digna irradia forças contrárias às investidas perniciosas; o hábito da prece e da mentalização edificante aureola o ser de força repelente que dilui as energias de baixo teor vibratório; a prática do bem fortalece os centros vitais do perispírito que rechaça, mediante a exteriorização de suas moléculas, qualquer petardo portador de carga danosa; o conhecimento das leis da Vida reveste o homem de paz, levando-o a pensar nas questões superiores sem campo de sintonia para com as ondas carregadas de paixão e vulgaridade”. (Loucura e Obsessão, cap. 10, pp. 121 a 123.)

42. É um equívoco informar bruscamente ao desencarnado sua situação espiritual?

Sim. É contraproducente agir dessa maneira, bruscamente, sem dar tempo mental ao Espírito para aceitar a ideia ou concluir, ele mesmo, pela sua ocorrência. (Obra citada, cap. 10, pp. 123 e 124.)

43. Como tratar as pessoas que se creem enfeitiçadas?

Segundo Dr. Bezerra de Menezes, é preciso primeiro infundir-lhes confiança em Deus e em si mesmas, demonstrando-lhes que elas assim se encontram porque o querem – uma vez que somente delas depende a libertação –, induzindo-as, desse modo, à renovação mental e moral, com a consequente alteração de sua conduta para melhor. Além disso, deve-se esclarecê-las a respeito da lei de ação e reação, demonstrando que sofremos porque devemos e que sua recuperação exigir-lhes-á correspondente esforço ao nível da gravidade em que se encontram. Por fim, é importante encaminhá-las ao estudo do Espiritismo, que as auxiliará no trabalho de libertação espiritual, armando-as de valores para enfrentamento das futuras lutas evolutivas. (Obra citada, cap. 10, pp. 124 a 127.)

44. A cor branca usada pelos médiuns exercem alguma influência na prática mediúnica?

Dr. Bezerra de Menezes diz que, segundo algumas tradições e em determinados povos, o branco é símbolo de pureza, mas, embora seja um tom mais higiênico e absorva menos raios caloríferos, nenhuma influência vibratória exerce em relação aos Espíritos, que, na verdade, sintonizam com as emanações da mente, as irradiações da conduta. Se o uso da cor branca tivesse fundamento, seria cômodo para os maus e astutos manterem a sua conduta interior irregular, bastando-lhes ostentar trajes alvinitentes. “Os judeus – afirmou Dr. Bezerra – eram muito formais e cuidavam em demasia da aparência, sendo por Jesus reprochados com severidade, por Ele considerar mais importante a pureza interna do que a convencional, a exterior, de muito fácil apresentação, em detrimento daquela, mais difícil e respeitável. A vida íntima do homem oferece-lhe a credencial com que marcha em qualquer direção, caracterizando-lhe a individualidade eterna.” (Obra citada, cap. 10, pp. 127 a 129.)

45. No plano espiritual a escala de valores morais é levada em consideração?

Sim. A escala de valores morais é, no plano espiritual, muito considerada, não ocorrendo, como entre os homens, a burla ao mérito, o suborno ou a infração ante os direitos adquiridos a nobres esforços. A ação correta se desdobra através de meios certos, sem conexões viciosas ou desvirtuamento da finalidade. (Obra citada, cap. 11, pp. 130 a 132.)

46. Em que consiste o chamado choque anímico?

No atendimento às entidades mais endurecidas, era-lhes aplicado, antes de outras providências, o chamado choque anímico. Eis a explicação dada por Emerenciana, dirigente espiritual do atendimento: “Da mesma forma que, na terapia do eletrochoque, aplicada a pacientes mentais, os Espíritos que se lhes imantam recebem a carga de eletricidade, deslocando-se com certa violência dos seus hospedeiros, aqui o aplicamos, através da psicofonia atormentada, que preferimos utilizar com o nome de incorporação, por parecer-nos mais compatível com o tipo de tratamento empregado, e colhemos resultados equivalentes”. A Mentora esclareceu que, do mesmo modo que o médium, pelo perispírito, absorve as energias dos comunicantes espirituais, a recíproca é verdadeira. “Trazido o Espírito rebelde ou malfazejo ao fenômeno da incorporação – prosseguiu Emerenciana –, o perispírito do médium transmite-lhe alta carga fluídica animal, chamemo-la assim, que bem comandada aturde-o, fá-lo quebrar algemas e mudar a maneira de pensar... E não se trata de violência, como a pessoas precipitadas pode parecer. É um expediente de emergência para os auxiliar, pois que os nossos propósitos não são os de socorrer apenas as criaturas humanas, sem preocupação com os seus acompanhantes espirituais.” (Obra citada, cap. 11, pp. 134 e 135.)

47. Na libertação de José Manuel – Espírito de um ex-escravo que se comportava como um Exu(1) – qual foi o método utilizado?

Primeiramente usou-se o choque anímico por intermédio da incorporação mediúnica. Quando a incorporação se fez, a união fluídica era de tal forma que parecia ter havido uma quase fusão, ser-a-ser, que se harmonizavam. O rosto pálido da médium adquiriu um tom vermelho-escuro, consequência da aceleração sanguínea, e uma transfiguração modelou-lhe um quase símile do comunicante. Seguiu-se depois o diálogo entre o Espírito e Emerenciana, que, além de dialogar com a entidade no mesmo dialeto por ele usado, girou a médium repetidas vezes, como se a desenovelasse de ataduras fortes que a cobriam, depois parou-a de chofre, aplicando-lhe movimentos longitudinais e impondo-lhe sua vontade firme. Os ritmos e a cantoria aumentaram e fizeram-se ensurdecedores. “Volte ao normal! Você é Espírito criado por Deus. É vivente com um destino para o bem”, ordenou-lhe a Mentora. “Desnude-se e saia dessa situação. José Manuel foi o seu nome no eito do senhor branco. José Manuel é você. Ouça e acorde!” Em seguida, trouxeram-lhe um incensador que foi movimentado em torno do Espírito, que aspirava o fumo aromatizado e mais se agitava. “Agora, volte! Acorde, José Manuel!”, insistiu Emerenciana. A face espiritual do obsessor passou a sofrer, nesse momento, uma metamorfose e, como se fosse plasmada em cera, ora aquecida, começou a desfazer-se, ao mesmo tempo em que a alegoria que o vestia, gerada pelas imposições ideoplásticas, passou a experimentar a mesma transformação, permitindo que surgisse um homem de trinta anos, cansado prematuramente, com marcas de chicote no rosto e nas costas, recordando os suplícios que lhe foram infligidos. Despertando e desembaraçando-se da constrição que prosseguia padecendo, ele pôs-se a chorar, em ímpar desesperação agônica, a todos confrangendo. A Benfeitora abraçou-o, depois segurou-o pelas mãos e disse: “Lembre-se de Jesus, crucificado sem culpa. Ele voltou e jamais acusou; sequer perguntou qualquer coisa ao negador, ou referiu-se ao amigo traidor... Pense em Jesus e perdoe. Você será feliz e tudo ficará esquecido. Cante, agora cante a sua vitória”. (Obra citada, cap. 11, pp. 138 a 140.)

48. Por que Deus permite a existência de redutos e antros do mal, construídos por Espíritos inferiores?

Segundo irmã Emerenciana, Deus permite a existência dos redutos e antros do mal, construídos pelos Espíritos inferiores, porque eles mesmos ainda necessitam desses aguilhões para despertar. O amor gera o amor, e a agressão produz resposta equivalente. Há Entidades que se encarregam de métodos superiores e sutis, em nome do Amor. Há, contudo, aqueles mais rigorosos, igualmente inspirados pelo Amor para colimar os fins da felicidade. “A joia esplende na montra(2) luxuosa, em estojo de veludo, porque alguém a desentranhou do barro sujo e do revestimento grosseiro que lhe impedia o brilho. Foi a golpes fortes que lhe prepararam o campo para os detalhes finais, facultando-lhe a explosão de beleza... Façamos o melhor ao nosso alcance, onde fomos colocados pela Vida, e aí teremos realizado o dever, respondendo presente, quando formos chamados à luta.” (Obra citada, cap. 11, pp. 140 e 141.)

 

Notas explicativas:

1) Exu – Orixá que representa as potências contrárias ao homem, assimilado pelos afro-baianos ao demônio dos católicos, mas cultuado por eles, porque o temem. Dá-se o nome de exuantropia à metamorfose de um Espírito em um Exu, por processos ideoplásticos.

2) Montra – Vitrine de casa comercial.

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 5 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/12/blog-post_13.html

 

  

 

 

 

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