Loucura e Obsessão
Manoel Philomeno de Miranda
Parte 9
Damos prosseguimento neste espaço ao estudo metódico e sequencial do livro Loucura Obsessão, sexta obra de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada em 1988. Este estudo é publicado neste blog sempre às segundas-feiras.
Eis as questões de hoje:
65. Os fatos
mencionados na questão precedente tiveram quais consequências?
Por sugestão do Dr. Bezerra, as medidas socorristas, a
benefício de Lício, foram antecipadas. Realizou-se então, naquela mesma noite,
uma sessão especial em que os três personagens da história – Nicomedes, Lício e
o obsessor – se apresentaram e narraram os episódios que deram origem aos
problemas enfrentados na atualidade por Lício e o tio. (Loucura e Obsessão, cap. 15, pp. 186 a 188.)
66. Ao fazer a
regressão de memória, Lício apresentou-se de que forma?
Ele assumiu a personalidade de Annette, uma jovem pouco mais
que adolescente, no apogeu da beleza juvenil. O fenômeno passou-se assim: Lício
ali fora trazido, desdobrado espiritualmente, enquanto seu corpo físico dormia.
Emerenciana aproximou-se, então, do rapaz e, aplicando-lhe energias no centro
cerebral, pediu com rigorosa inflexão de voz: “Annette, volte à sua realidade.
Recorde-se. Reviva o matrimônio, seu momento culminante, a festa anelada..., a
tarde-noite de sonho, que se converteria em desar. Lembre-se do seu consórcio
com Filipe. Evoque tudo...” Lício cerrou os olhos, debateu-se um pouco,
mergulhou no passado e, com isso, sua forma alterou-se, cedendo lugar à de uma
jovem. O mesmo procedimento a Benfeitora teve com Nicomedes, que assumiu a
personalidade de um homem com aproximadamente quarenta anos, trajando-se com
elegância, à moda do fim do século 18, em França. Teve início então uma
conversação tensa em que as tramas do passado foram esclarecidas. (Obra citada,
cap. 15, pp. 189 a 191.)
67. Qual a causa
dos problemas enfrentados por Lício, o jovem homossexual, e seu tio Nicomedes?
Lício e Nicomedes – que em existência anterior se chamavam,
respectivamente, Annette e Henri – foram amantes naquela ocasião, quando então
traíram a confiança de Filipe, esposo de Annette. Devido a esse fato, Filipe
desafiou Henri a um duelo, no qual foi morto. Começou então um processo de
perseguição em que os dois Espíritos se envolveram e que continuava até o
presente. Tendo sido mulher e usado seus dotes feminis para a prática do sexo
com o amante e com diversos outros parceiros, Annette reencarnou em um corpo de
homem, observando-se aí o processo que alguns autores – como André Luiz e
Emmanuel – chamam de inversão sexual. (Obra citada, cap. 15, pp. 192 a 193.)
68. Na
existência seguinte, os três personagens se encontraram?
Sim. Annette voltou a consorciar-se com Filipe, que se
chamou então, nessa existência, Fagundes Ribas. O propósito do reencontro era a
harmonização entre os três, porque Henri novamente apareceria na vida do casal.
A ideia não deu certo, porque Annette e Henri traíram de novo a confiança de
Filipe (Fagundes Ribas) e fugiram do seu lar, tomando rumo desconhecido. (Obra
citada, cap. 15, pp. 194 a 196.)
69. Com a
intervenção dos benfeitores espirituais, os três conseguiram reconciliar-se?
Sim. Para isso foram fundamentais a ação do dr. Bezerra de
Menezes e o pedido de perdão feito por Annette ao ex-marido. A esse pedido,
Filipe respondeu: “Não posso perdoar, no entanto, dê-me tempo e este me ajudará
a desculpar. Pelo menos, não a perseguirei, caso eu encontre algum apoio em
qualquer lugar onde me possa acalmar”. Foram traçados os planos para que o
processo pudesse ter, enfim, um final feliz. Filipe iria reencarnar como filho
de Henri – o mesmo Nicomedes, tio de Lício. A Henri, dr. Bezerra disse: “Ele
volverá aos teus braços com imensa carência de amor e o receberás com ternura,
liberando-te do mal que, na tua área genésica, na próstata, está preparando
campo para uma neoplasia maligna... A tua conduta moral apressará, ou não, o
surgimento do câncer, ou o impedirá. Serás o autor dos teus futuros dias. Por
consequência, respeita e ajuda Annette, na forma de sobrinho inquieto.
Auxilia-a a ajustar-se e não tornes à viciação”. A Lício, o Benfeitor propôs:
“Recordarás de grande parte destas ocorrências, embora com algumas lacunas. As
lembranças te ajudarão a frear os impulsos da perversão. Canaliza as forças
sexuais da tua juventude noutra direção, em labores dignos que te promoverão a
paz, contribuindo para a liberação dos teus problemas”. (Obra citada, cap. 15, pp. 197 a 199.)
70. Lício e
Nicomedes lembraram-se, no dia seguinte, do encontro espiritual realizado na
noite anterior?
Mais ou menos. Cada um explicou os sonhos a seu modo;
entretanto, nos painéis íntimos do Espírito estavam impressos os novos códigos
a serem vivenciados. Nicomedes referia-se a um estranho pesadelo, do qual
despertara com dores musculares generalizadas, que supunha ser resultado da
excitação e do cansaço da viagem. Lício reportava-se a um sonho curioso, no
qual sofrera grandes aflições, seguidas depois de expressivo alívio. Parte da
ocorrência ele conseguira recompor, apesar de não a entender quanto gostaria,
mas os conselhos que dr. Bezerra lhe dera arquivaram-se-lhe com relativa
nitidez, ensejando-lhe bem-estar. (Obra citada, cap. 16, pp. 200 e 201.)
71. Os problemas
de Lício e seu tio estavam então solucionados?
Em parte, sim, mas não todos os problemas, porque outros
Espíritos permaneciam ainda vinculados às personagens em processo reparador,
aos quais eles teriam de reconquistar. Além disso, as tendências viciosas a que
se acostumaram não haviam desaparecido. O que diminuiu foi a volúpia, a
ansiedade mórbida que vergastava Nicomedes, enquanto Lício, que se lhe prendia
emocionalmente, passou a sentir uma ternura mais natural, desprovida dos
condimentos carnais. (Obra citada, cap. 16, pp. 200 e 201.)
72. Que lição
podemos extrair do caso Lício-Nicomedes?
Aos dois foi proposto um esforço, um procedimento, uma luta
que é o oposto do que se vê na desenfreada busca do prazer que enlouquece a
criatura humana, quando esta, exaurindo-se, foge de um para outro gozo,
derrapando para abismos mais profundos. A facilidade com que se expressam
muitos estudiosos do comportamento, propondo liberação em vez de educação,
vivência no desequilíbrio, em vez de reajustamento, confirma o materialismo da
nossa cultura hodierna. Mais lamentável ainda é o fato observado em quem
conhece a realidade do Espírito e que, adotando postura dita moderna, propõe
que o indivíduo em desequilíbrio assuma sua realidade interior e se jogue no
palco das paixões em desgoverno. “É certo – diz Miranda – que não recomendamos
uma posição castradora, inibitiva, pois que cada qual responde pela própria
ação. Todavia, conhecendo a Lei da Causalidade, cumpre-nos sugerir maior
reflexão em torno dos envolvimentos emocionais e psicológicos, buscando as suas
raízes na conduta anterior e procurando corrigir o que constitua conflito e
dor, mediante atitude adequada no presente, que se torna uma terapêutica de
eficiência para futuros resultados.” (Obra citada, cap. 16, pp. 201 a 203.)
Observação:
Para acessar a Parte 8 deste estudo, publicada na semana
passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/01/blog-post_03.html
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