Os mortos nos falam
Padre François Brune
Parte 10
Continuamos o estudo metódico e sequencial do livro Os mortos nos falam, de autoria do padre François Brune. O estudo baseia-se na primeira edição em português desta obra, publicada pela Edicel em 1991.
Embora este livro não seja,
propriamente falando, um clássico espírita, trata-se de uma ótima contribuição
de publicação recente que confirma a realidade das manifestações dos chamados
mortos.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas
encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. A desertificação espiritual que vivemos hoje no mundo se
deve a que fato?
B. Existe perigo na prática da mediunidade?
C. É verdade que numerosos santos reconhecidos pela Igreja
realizavam curas por meio da imposição das mãos?
Texto para
leitura
118. Um fato comprobatório da
influência negativa dos Espíritos sobre nós, citado pelo padre Brune, passou-se
com George Ritchie, um soldado americano, desincorporado após forte ataque de
febre, que teria sido levado em uma espécie de “viagem fantástica” de iniciação
por um Ser de luz que, para ele, era o próprio Jesus. Numa das cidades da América,
ele entrou em um bar sórdido, onde havia uma multidão de marinheiros bebendo,
coadjuvados por um certo número de indivíduos incapazes de levar a bebida aos lábios,
porque suas mãos passavam através do balcão, através dos braços e corpos dos
beberrões encarnados. Tratava-se, na verdade, de alcoólatras desencarnados. (P.
200)
119. Padre Brune atribui à
incompreensão da Igreja a desertificação espiritual assustadora que vivemos
hoje no mundo. Diz ele que a hierarquia católica romana conseguiu, entre os
séculos XIII e XVII, pôr fim, pouco a pouco, às correntes místicas da Europa do
Norte, da Espanha e da França, culminando neste último país com a condenação de
Fénelon. Isto explica, segundo Brune, a eclosão dos movimentos carismáticos,
porque, quando Deus “não pode passar pela sua Igreja, Ele a contorna!”. (P.
202)
120. O papel da Igreja seria o de
indicar o perigo dos desvios na busca de Deus, fornecendo os critérios
necessários para que as pessoas sinceras evitassem ser desviadas. A Igreja tem
feito isto com certa regularidade, mas a tentação de arrancar todas as plantas
para extirpar o joio sempre aparece – e este não é o método aconselhado pelo
Evangelho. É o que acontece, por exemplo, com as comunicações com o Além e, de
modo geral, com o estudo dos fenômenos “paranormais” ou “parapsicológicos”. (P.
202)
121. Padre Brune lembra o perigo que
existe nas experiências mediúnicas para as pessoas despreparadas, ou movidas
por simples e vã curiosidade, muito superficiais ou demasiadamente
interessadas. Mas, inversamente, diz ele, esses fenômenos podem ser benéficos,
sobretudo para aqueles que não tentam provocá-los. (P. 202)
122. Falando do fenômeno da escrita
automática, Brune afirma que ela pode assumir formas espetaculares: pode ser
realizada totalmente ao contrário, ou invertendo apenas uma palavra em cada
duas; pode atingir velocidades inacreditáveis e há médiuns que podem escrever
até com as duas mãos, ao mesmo tempo, dois textos diferentes. O mesmo ocorre na
mesa ou tábua ouija, onde a tabuinha ou o copo podem indicar as letras mesmo
depois de largados. (P. 203)
123. Há casos em que a escrita
automática, como é mencionado por Jean Prieur, pode levar à possessão. Padre
Brune relata um caso desses, mas discorda dos que afirmam que esse fato só se
dá na TCM (transcomunicação por meio de médiuns) e não na TCI (transcomunicação
instrumental). (PP. 203 e 204)
124. São excessivamente negativas em
relação a esses fenômenos as obras de vários especialistas eclesiásticos, como
o Abade Schindelholz, que diz que, muitas vezes, as possessões ocorrem depois
de se ter frequentado sessões espíritas ou práticas de ocultismo. Brune
discorda desses excessos e lembra que, ao contrário, existem curandeiros,
magnetizadores e radiestesistas que são pessoas de Deus, homens e mulheres de
bem. Um deles, o Reverendo Jean Jurion, radiestesista e ao mesmo tempo padre
católico, conta como foi levado com outros padres radiestesistas, humildes ou
renomados, a descobrir sua dupla vocação. E cita todas as passagens das
Escrituras onde o Cristo realiza curas, que era feita também pelos apóstolos e
seus sucessores. (P. 205)
125. A conclusão de padre Brune é a
seguinte: é recomendável que haja prudência e discernimento em tais assuntos,
mas jamais a recusa absoluta, como a manifestada pelo padre Jean Vernette a
respeito das comunicações contidas nas Cartas de Pierre e nas obras de Roland
de Jouvenel e Jean Prieur. A crítica nesses casos, diz padre Brune, não é
totalmente honesta. O padre Jean Vernette fala como se não fossem justas as censuras
feitas por Pierre à Igreja e chega a afirmar que ler tais mensagens e autores
afasta-nos pouco a pouco do Cristianismo. (P. 205)
126. Jean Prieur, ao contrário disso,
indicou numerosos eclesiásticos que não tinham a mesma opinião. Padre Brune
confessa, então, que seria mais através dos textos de Santo Agostinho ou de São
Tomás de Aquino, sem falar de um grande número de teólogos contemporâneos, que
ele teria podido perder a fé. (P. 205)
127. Numerosos santos reconhecidos
pela Igreja realizaram curas, predisseram o futuro, como Santa Anna-Maria
Taigi, morta em 1837, que curava atuando, por vezes, com a imposição das mãos,
e na maioria das vezes indicava a verdadeira causa do mal e o remédio a ser
tomado. Os poderes dessa mulher eram tão grandes que o clero de Roma, Papa e
cardeais à frente, sem contar numerosos santos da época, não tinha qualquer
escrúpulo em consultá-la. (PP. 205 e 206)
128. É equivocada, diz padre Brune, a
ideia de que manifestações “satânicas” na vida de um curandeiro ou de um
vidente estejam a indicar que tais práticas são contrárias à vontade de Deus.
Esses ataques podem ser, ao contrário, o sinal de que eles agem a favor do
Reino de Deus, como assinala o padre René Chénesseau, padre católico que também
praticava o exorcismo: entre as pessoas atacadas pelas forças do mal, muitos
são homens e mulheres de fé, às vezes profundamente dedicados a Deus, quase
místicos. É que a santidade atrai as forças do mal, e as vocações religiosas
são, para elas, uma verdadeira provocação. (P. 206)
129. Georges Ritchie, na viagem
fantástica que teria feito, foi conduzido a várias casas, onde falecidos
seguiam os vivos, de cômodo em cômodo, repetindo sempre a mesma frase, sem que
ninguém os ouvisse: “Sinto muito, Papai”, ou “Sinto muito, Nancy...” “Eu não
sabia o mal que aquilo iria causar a Mamãe.”
Eram suicidas, agrilhoados a cada consequência do ato cometido. (P. 207)
130. Ritchie descreve suas impressões
do meio espiritual, onde viu indivíduos em lutas descomunais, impelidos pelo
ódio puro, e até abusos de natureza sexual perpetrados naquele meio, onde o
sofrimento imperava, fato confirmado por Robert Monroe e Albert Pauchard. Isso
não modifica a ideia, presente nas informações dadas pelos Espíritos, de que é
possível o progresso para todos eles. (PP. 207 a 209)
Respostas às
questões preliminares
A. A desertificação espiritual que vivemos hoje no mundo se
deve a que fato?
Segundo padre François Brune, à
incompreensão da Igreja. Diz ele que a hierarquia católica romana conseguiu,
entre os séculos XIII e XVII, pôr fim, pouco a pouco, às correntes místicas da
Europa do Norte, da Espanha e da França, culminando neste último país com a
condenação de Fénelon. Isto explica, segundo Brune, a eclosão dos movimentos
carismáticos, porque, quando Deus “não pode passar pela sua Igreja, Ele a
contorna!”. (Os mortos nos falam,
pág. 202.)
B. Existe perigo na prática da mediunidade?
Sim, quando as experiências mediúnicas
são feitas por pessoas despreparadas, ou movidas por simples e vã curiosidade,
muito superficiais ou demasiadamente interessadas. Mas, em compensação, esses
fenômenos podem ser benéficos para aqueles que não tentam provocá-los. (Obra
citada, pág. 202.)
C. É verdade que numerosos santos reconhecidos pela Igreja
realizavam curas por meio da imposição das mãos?
Sim. Não apenas realizavam curas, mas
também prediziam o futuro, como Santa Anna-Maria Taigi, morta em 1837, que
curava atuando, por vezes, com a imposição das mãos, e na maioria das vezes
indicava a verdadeira causa do mal e o remédio a ser tomado. Os poderes dessa
mulher eram tão grandes que o clero de Roma – incluindo o Papa e diversos
cardeais – não tinha qualquer escrúpulo em consultá-la. (Obra citada, pp. 205 e
206.)
Observação:
Para acessar a Parte 9 deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/12/blog-post_31.html
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