quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

 


E a Vida Continua...

 

André Luiz

 

Parte 8

 

Prosseguimos o estudo da obra E a Vida Continua..., de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1968 pela Federação Espírita Brasileira.

Esta é a décima primeira obra do mesmo autor integrante da Série Nosso Lar, que temos estudado metodicamente às quartas-feiras neste blog.

Eis as questões de hoje:

 

57. É verdade que Ernesto Fantini não foi o autor do crime que vitimou Desidério dos Santos, como ele próprio havia pensado?

É verdade. O próprio Desidério dos Santos (Dedé) foi quem lhe revelou como os fatos se deram. Disse-lhe ele: "Você disparou o tiro contra mim, no intuito de afastar-me de sua esposa, e Amâncio, aquele canalha, observando que você errara o alvo, aproveitou a ocasião a fim de eliminar-me e apossar-se da minha esposa!..." Amâncio era o terceiro companheiro da fatídica caçada, cuja lembrança apresentou-se nítida na tela mental de Ernesto. (E a Vida Continua, cap. 20, pp. 160 e 161.)

58. Qual era a relação de Evelina com o drama decorrente da morte de Desidério dos Santos?

Desidério – que fora morto durante a caçada – era pai de Evelina, que acabou sendo criada pela mãe (Brígida) e por Amâncio, o mesmo homem que fora o autor da morte de Desidério e depois se casara com a viúva. (Obra citada, cap. 20, pp. 164 a 165.) 

59. Diante do encontro entre Ernesto Fantini e Desidério, percebendo o sofrimento e o trauma que acometeram Fantini, que providência tomou o instrutor Ribas?

Ao se inteirar do que havia ocorrido, Ribas expediu ordens de caráter urgente para que os dois tutelados do Instituto de Proteção obtivessem imediata cobertura. Eles foram então levados a São Paulo e internados em departamento de repouso de uma das casas espíritas da cidade, onde Ernesto começou a receber os cuidados precisos, a fim de desvencilhar-se do trauma de que fora acometido. (Obra citada, cap. 21, pp. 166 a 168.)

60. Depois se refazer-se, Ernesto Fantini relatou a Evelina tudo o que havia ocorrido entre ele, Desidério e Amâncio, durante a fatídica caçada na qual Desidério (Dedé) morrera?

Sim. Convenientemente amparado, através de recursos magnéticos, em círculo de oração, Ernesto acalmou-se para refazimento, sob a assistência da companheira e, então, rearmonizadas as energias, perguntou: "Evelina, seu pai tinha o nome de Desidério dos Santos e seu padrasto é Amâncio Terra?" – "Sim. Meu nome inteiro é Evelina dos Santos Serpa." Ernesto não vacilou. Compreendendo que devia à jovem senhora uma confissão integral da própria vida, transferiu-se da ideia à ação, começando pelas memórias do casamento com Elisa, a amizade com Desidério desde a infância, a aproximação com Amâncio, as visitas frequentes de Desidério ao seu lar, a atração que este exercia sobre Elisa, os ciúmes, o plano de afastamento do amigo, até a caçada funesta, a morte de Dedé e os remorsos de uma existência inteira. Por fim, descreveu, passo a passo, as ocorrências do retorno ao lar, desde o instante em que reviu a esposa obsidiada até a última informação de Desidério, que o deixara aniquilado. (Obra citada, cap. 21, pp. 168 e 169)

61. Qual foi a reação de Evelina quando Fantini lhe revelou toda a verdade?

Evelina ouviu a tudo, assombrada. Não que a narrativa a afastasse do amigo a quem consagrava respeitoso e enternecido amor. O que ela estranhava era o drama complexo de que eram eles protagonistas sem saber. Surpreendia-se com os meandros da peça que o grupo representava. E, a par disso, acusava-se absorvida por extremada compaixão, perante os conflitos íntimos de todos os seus aliados de tragédia familiar, sentindo-se, aliás, dentre eles, a menos atingida pela dor. Evelina contemplou, então, o amigo querido e chorou. Não o acusava; pelo contrário, estimava-o sempre mais... "Sou eu, sua irmã – disse ela –, quem lhe pede perdão por meu pai que tomou sua casa, indevidamente..." Fantini, comovido, retificou: "Não, ele nada furtou... Protegeu a mulher e a filha que desprezei... E se falamos de escusas, sou eu quem roga tolerância para minha filha que se lhe apossou do marido..." "Não, não!... – replicou Evelina – estou compreendendo que Vera chegou ao meu caminho por benfeitora, ela propiciou a Caio a segurança que não lhe pude dar..." Aliviado e reconfortado com a atitude da jovem amiga, Ernesto comentou: "Evelina, tenho hoje a ideia de que só pela vida, depois da morte, logramos desmanchar os enganos terríveis que acalentamos na vida terrestre". Ela concordou e mantiveram-se em doce tête-à-tête, quando, por fim, ele conseguiu conciliar o sono, dando à jovem ensejo para retirar-se para ligeiro descanso. (Obra citada, cap. 21, pp. 168 e 169.)

62. De volta à cidade espiritual, que ideias Evelina e Fantini apresentaram ao instrutor Ribas?

Na volta, ambos reconheciam-se melhorados e quase refeitos, tanto assim que em viagem debateram temas fundamentais da existência, quais sejam o amor, a reencarnação, o lar, o imperativo do sofrimento. Reinstalados na cidade espiritual, continuaram sonhando o futuro. O renascimento de Túlio como filho de Caio e Vera era uma possibilidade que passaram a discutir. E Evelina pensava também em quanto a reencarnação seria útil para Desidério, seu pai. A verdade é que ambos prometiam a si mesmos ajudar os familiares que ficaram, suplicando a Deus lhes prolongasse a existência no mundo físico, no interesse da família e deles mesmos. E foram essas as ideias que apresentaram ao instrutor Ribas, que admitiu para Evelina ser perfeitamente justo mentalizar as reencarnações de Túlio Mancini e Desidério para futuro próximo, o que exigiria, porém, planejamento meticuloso. (Obra citada, cap. 21, pp. 170 e 171.) 

63. No tocante à reencarnação de Desidério, qual foi a ideia de Evelina?

A ideia foi adoção. Evelina imaginou como seria bom que Desidério, de volta à carne, fosse adotado por Brígida e Amâncio. Para isso, ela foi até a casa paterna, onde vivera até casar-se, passando a envolver sua mãe com esse pensamento. Evelina lhe dizia: "Auxilie, Mãezinha, auxilie meu pai para que volte à vida terrestre!... Quem sabe? A senhora e meu pai Amâncio vivem quase sós nesta casa!... Um menino! um filho do coração!..." A mãe não a via, mas deixou-se empolgar pela ideia de que ela e o esposo estavam envelhecendo sem deixar nenhum descendente e que uma criança perfilhada por eles seria talvez um apoio para o futuro. Movida pelo entusiasmo da filha, Brígida sondou o esposo a respeito da ideia de terem um filho. Amâncio disse que não compartilhava do seu otimismo, mas não se opunha aos seus desejos, exigindo apenas que o menino para ali fosse ao nascer, sem que os pais os incomodassem. (Obra citada, cap. 21, pp. 174 a 176.)

64. Evelina quis, em seguida, visitar Desidério. Ela conseguiu permissão para isso?

Não. Ribas explicou-lhe que a condição de Desidério, naquele momento, não aconselhava tal medida. "Aquele rebelde e nobre coração que lhe serviu de pai possui qualidades notáveis que serão desentranhadas em momento oportuno", disse-lhe o instrutor. "Convém, filha, não venhamos a estragar as oportunidades. Paciência..." Desidério deveria reencontrá-la em momento de mais alta compreensão. Evelina compreendeu a observação de Ribas, e aquiesceu, ciente de que, quando as circunstâncias o permitissem, ela poderia e deveria efetivamente rever o pai terrestre. (Obra citada, cap. 22, pp. 177 e 178.)

 

  

Observação:

Para acessar a Parte 7 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/01/blog-post_05.html

 

 

 

 

 

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