Revista Espírita de 1861
Allan Kardec
Parte 13
Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1861, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1861 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que será sempre apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Como, segundo
Kardec, podemos reconhecer o verdadeiro espírita?
B. Que compromissos
contraem os que assumem a condição de espírita?
C. O Espiritismo
prega o proselitismo?
Texto para leitura
225. “Coisa séria –
afirma Kardec – é confiar a alguém a suprema direção da doutrina”, visto que um
indivíduo pode, com ideias errôneas, arrastar a sociedade por uma rampa
perigosa e até à sua ruína. (P. 362)
226. O verdadeiro
espírita é reconhecido por suas qualidades, e a primeira é a abnegação da
personalidade. É, pois, por seus atos que o reconhecemos, mais que pelas
palavras. O verdadeiro espírita não é movido pela ambição, nem pelo
amor-próprio. (P. 363)
227. A Revista
publica a carta que Erasto dirigiu aos espíritas de Bordéus. (PP. 364 a 368)
228. Incentivando-os
a manter a concórdia, de que até então deram provas brilhantes, Erasto lembrou
aos espíritas bordeleses: “Encarando como subversiva toda doutrina contrária à
moral do Evangelho e aos princípios gerais do Decálogo, que se resumem nesta
lei concisa: Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a vós mesmos,
ficareis invariavelmente unidos”. (P. 365)
229. No banquete
oferecido ao Codificador pelos espíritas bordeleses, falaram o Sr. Lacoste, o
Sr. Sabò, o Sr. Desqueyroux e, por fim, Allan Kardec, e seus discursos foram
transcritos pela Revista. (PP. 368 a 374)
230. Representando o
Grupo de operários espíritas, o Sr. Desqueyroux, mecânico de profissão,
afirmou: “Para nós é inefável felicidade havermos nascido numa época em que
podemos ser esclarecidos pelo Espiritismo”. (P. 371)
231. “Mas – reconhece
Desqueyroux – não é bastante conhecer e desfrutar essa felicidade. Com a
doutrina, contraímos compromissos, que consistem em quatro deveres diferentes:
dever de submissão, que nos faça ouvir com docilidade; dever de afeição, que
nos faça amar com ternura; dever de zelo, para defender seus interesses com
ardor; dever de prática, que nos faça honrá-la por nossas obras.” (P. 371)
232. Na sequência, o
Sr. Desqueyroux lembrou que “há momentos na vida em que a razão talvez pudesse
sustentar-nos, mas há outros em que se tem necessidade de toda a fé que o
Espiritismo dá, para não sucumbirmos”. (P. 371)
233. Em sua alocução,
Kardec disse ser providencial o fato de se inaugurar uma sociedade espírita que
se inicia pela reunião espontânea de cerca de 300 pessoas, atraídas não por vã
curiosidade, como a de Bordéus. (P. 372)
234. Atribuindo esse
interesse à campanha contrária ao Espiritismo feita por um jornalista do Courrier
de la Gironde, Kardec finalizou seu discurso agradecendo ao autor do artigo
por sua involuntária colaboração. (P. 374)
235. A Revista
publica duas fábulas em versos, escritas pelo Sr. Dombre, de Marmande, o qual
também foi ao encontro espírita realizado em Bordéus. Na segunda, intitulada “O
Ouriço, o Coelho e a Pega”, seu autor destaca a importância da caridade, quando
o coelho ajuda o ouriço, apesar de desestimulado pela pega: “O coelho
respondeu: - Nenhuma inquietação/ Nos deverá afastar de impulsos benfeitores;/
Vale bem mais expor-se à ingratidão/ Do que faltar aos sofredores!” (N.R.:
Ouriço é um roedor. Pega é uma ave da família dos corvídeos, de cor preta.)
(PP. 374 a 378)
236. Noticiando a
publicação da 2ª edição de “O Livro dos Médiuns”, revista e ampliada por
Kardec, este diz que, seguindo-a pontualmente, evitar-se-ão os escolhos tão
numerosos que costumam chocar os neófitos inexperientes. (P. 379)
237. Comentando o
lançamento da primeira publicação feita pela Sociedade Espírita de Metz, Kardec
a elogia e adverte que as publicações intempestivas podem ser mais nocivas do
que úteis à propagação do Espiritismo. (PP. 379 e 380)
238. Falando do
Espiritismo na América, em que se destaca o trabalho do juiz Edmonds, de Nova
York, Kardec transcreve parte de um texto escrito pelo Dr. Edmonds em 1854,
três anos antes do advento d’ O Livro dos Espíritos: “De nossa conduta
depende nosso destino futuro e não de nossa adesão a esta ou àquela seita
religiosa, mas de nossa submissão a este grande preceito: Amar a Deus e ao
Próximo... Não devemos adiar a nossa conversão. Nós próprios devemos trabalhar
pela nossa salvação, não mais tarde, mas agora; não amanhã, mas hoje”. (P. 384)
239. Os espíritas,
diz Kardec, têm uma bela e importante missão a cumprir: espalhar a luz em seu redor. (P. 388)
240. Cabe-lhes falar
abertamente do Espiritismo, sem afetação e, sobretudo, sem buscar nem forçar
convicções, nem fazer prosélitos a todo custo. “O Espiritismo não deve ser
imposto: vem-se a ele porque dele se necessita.” (P. 389)
241. Partidário
decidido da ideia de se criarem vários grupos, em lugar de um só, numeroso, nas
cidades maiores, Kardec diz que, quando o primeiro grupo se tornar muito
numeroso, que faça como as abelhas: funde outros. (P. 391)
242. Os novos grupos serão
outros tantos centros de ação, irradiando em seu respectivo círculo, e mais
poderosos para a propaganda do que uma sociedade única. (P. 391)
243. A uniformidade
na doutrina, quer a sociedade seja una, ou fracionada, será a consequência
natural da unidade de base que os grupos adotarem. Ela será completa em todos
os que seguirem a linha traçada pelo Livro dos Espíritos e pelo Livro dos
Médiuns. (N.R.: Não existiam então os demais livros que compõem o Pentateuco
Kardequiano.) (P. 391)
Respostas às questões propostas
A. Como, segundo
Kardec, podemos reconhecer o verdadeiro espírita?
O verdadeiro
espírita, disse o Codificador, é reconhecido por suas qualidades, e a primeira
é a abnegação da personalidade. É, pois, por seus atos que o reconhecemos, mais
que pelas palavras. O verdadeiro espírita não é movido pela ambição, nem pelo
amor-próprio. (Revista Espírita de 1861, p. 363.)
B. Que compromissos
contraem os que assumem a condição de espírita?
Na visão do Sr.
Desqueyroux, de Bordeaux, com a doutrina contraímos compromissos que consistem,
na verdade, em quatro deveres: dever de submissão, que nos faça ouvir com
docilidade; dever de afeição, que nos faça amar com ternura; dever de zelo,
para defender seus interesses com ardor; dever de prática, que nos faça
honrá-la por nossas obras. (Obra citada, p. 371.)
C. O Espiritismo
prega o proselitismo?
Não. Cabe aos
espíritas falar abertamente do Espiritismo, sem afetação e, sobretudo, sem
buscar forçar convicções nem fazer prosélitos a todo custo. Escreveu Kardec: “O
Espiritismo não deve ser imposto: vem-se a ele porque dele se necessita”. (Obra
citada, pp. 388 e 389.)
Observação:
Para
acessar a Parte 12 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/11/blog-post_16.html
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