A Evolução
Anímica
Gabriel Delanne
Parte 17 e final
Concluímos hoje o estudo do clássico A Evolução Anímica, de Gabriel Delanne, conforme a 8ª edição da
tradução de Manoel Quintão, publicada pela Federação Espírita Brasileira.
Esperamos que este estudo tenha servido para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte de nossos estudos compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do
texto indicado para leitura.
Este estudo foi publicado sempre às sextas-feiras.
Questões preliminares
A. Em que ambiente se deu a primeira manifestação de vida
em nosso planeta?
B. O princípio inteligente percorreu todas as escalas da
vida orgânica?
C. Que modificações no modo de ver a vida resultarão da
crença nas vidas sucessivas?
Texto para
leitura
177. As modalidades da matéria ou
da força movimentam-se num ciclo fechado – o ciclo das transformações. Elas
podem mover-se umas nas outras e substituir-se alternativamente, por mudanças
na frequência, na amplitude ou na direção dos movimentos vibratórios. A alma é
una, e cada essência espiritual é individual, é pessoal. Nenhuma alma pode
transmudar-se noutra, substituir outra. Ela é, pois, uma unidade irredutível,
que tem a existência em si (Pág. 234)
178. As faculdades da alma têm um
desenvolvimento próprio, peculiar. Para a alma há progresso, modificação
íntima, ascensão, sem retorno possível a um estado menos desenvolvido. Esse
progresso manifesta-se por um poder sempre crescente sobre o não-eu, isto é, a
matéria. (Pág. 235)
179. Estudando a matéria através
dos seus diferentes estados físicos, sabemos que ela se vai rarefazendo à
proporção que a passamos do estado sólido ao gasoso. Chegada a este estado,
suas moléculas adquirem grande instabilidade, porque animadas de movimento
rotativo extremamente rápido e de outro movimento retilíneo em todas as
direções. Este último resulta do choque mesmo das moléculas animadas do
movimento rotatório. Com efeito, a natureza mostra-nos que a matéria nebulosa
implica um estado de grande rarefação. (Pág. 235)
180. Possível se torna, assim,
imaginarmos uma substância primitiva, invisível e imponderável, que corresponda
ao estado primordial da matéria, ou seja, o fluido universal. A matéria, sob
sua forma primitiva, ocupa a extensão infinita e existe em todos os graus de
rarefação, desde o estado inicial até o de materialidade visível e ponderável.
Ensinam os Espíritos que esses estados diferenciais de rarefação representam o
que chamamos fluidos. (Pág. 236)
181. A evolução terrestre –
Foi no seio tépido dos mares primitivos, sob a ação da luz, do calor e de uma
pressão hoje difícil de reproduzir, que se formou essa massa viscosa chamada
protoplasma, primeira manifestação da vida inteligente que se desenvolveu
progressiva e paralelamente, dando origem a inumerável multidão de formas
vegetais e animais, antes da aparição do homem. (Pág. 238)
182. A vida surgiu, assim, na
Terra em um dado momento. A vida, como vimos, não é mais que uma modificação da
energia, a preludiar-se naturalmente na construção geométrica dos cristais que
se organizam e têm a capacidade de reparar suas fraturas quando mergulhados em
uma solução apropriada. Essa matéria é, contudo, inerte e desprovida de
espontaneidade. Torna-se-lhe necessária a adjunção do princípio intelectual
para poder animar-se, problema que ficou resolvido com o protoplasma. (Pág.
238)
183. Não existe individualidade
nessas massas gelatinosas, moles, viscosas, que tomam indiferentemente todas as
formas; mas, logo que se opera uma condensação na massa, essa condensação
chama-se núcleo. Depois, o protoplasma reveste-se de uma camada mais densa; é o
começo do invólucro membranoso. A partir daí está o ser vivo constituído: é a
célula que há de ser molécula vital, de que se formam todos os seres organizados,
porquanto animais e vegetais, do mais simples ao mais complexo, não passam de
associação de células mais ou menos diferenciadas. (Pág. 238)
184. Os primeiros habitantes dos
mares laurentianos são células albuminoides, moneras, amebas, cujas primeiras
associações formaram as algas que tapeçam o fundo dos mares. Nascidos
diretamente do protoplasma, os primeiros organismos animais são células livres,
dotadas de vida própria. Nos seres primários que daí surgem, o único sentido é
o tato e sua reprodução se faz por fracionamento. (Pág. 239)
185. Delanne relata, na sequência,
e minuciosamente, como surgiram as diferentes espécies de seres do reino
animal, para desse modo demonstrar que o princípio pensante percorreu,
lentamente, todas as escalas da vida orgânica e que foi por meio de uma
ascensão ininterrupta, no transcurso de séculos inumeráveis, que ele pôde
fixar, pouco a pouco, demoradamente, no invólucro fluídico todas as leis da
vida vegetativa, orgânica e psíquica. (Págs. 239 a 244)
186. Conclusão – No último
capítulo do livro, o Autor faz importantes considerações das quais extraímos,
de forma resumida, os pontos que se seguem:
I – Nos primórdios da vida, o
invólucro da alma é grosseiro e mesclado dos fluidos mais próximos da matéria,
com movimentos tardos, incipientes. O trabalho da alma consiste na depuração
desse invólucro, de modo a dar-lhe um movimento cada vez mais radiante.
II – Cada existência terrena deixa
no perispírito a sua impressão. As lembranças gravadas nesse invólucro são,
como ele mesmo, inextinguíveis.
III – Chegada à humanidade, a alma
já está amadurecida e o seu invólucro tem fixado, sob a forma de leis, de
linhas de força, os estados sucessivamente percorridos.
IV – Trazendo cada encarnação um
aperfeiçoamento, o inconsciente psíquico enriquece-se progressivamente e o
esforço torna-se menos considerável, à proporção que aumenta o número das
clausuras terrenas.
V – O que importa hoje é nos
desembaraçarmos das paixões e dos instintos residuais da nossa passagem pelos
reinos inferiores, luta essa demorada e difícil, porque implica modificar os
primeiros movimentos perispirituais que em nós se encarnaram e que eram os
únicos constituintes de nossa vida mental.
VI – A existência do fluido vital,
ainda que posta em dúvida na atualidade, parece-nos indispensável para explicar
os fenômenos da vida, visto que a ciência moderna não explica a forma e a
evolução de todos os seres vivos, assim como os fenômenos de reconstituição
orgânica.
VII – A matéria é cega, inerte,
passiva, e só se move por influência da vontade. O que denominamos forças nada
mais é que manifestações tangíveis da inteligência universal, infinita,
incriada, sinais evidentes da Vontade suprema que mantém o Universo.
VIII – Todas as alterações
verificadas nos estados da matéria não têm mais que um fim: o progresso do
Espírito, que é a única realidade pensante. (Págs. 247 a 251)
187. Asseverando que já havia
chegado o tempo de se rasgarem todos os véus, em que todos os espíritos
chumbados às suas velhas concepções terão de abrir os olhos diante da luz da
verdade, Delanne conclui nestes termos esta obra: “Com a certeza das vidas
sucessivas e da responsabilidade dos nossos atos, muitos problemas
revelar-se-ão sob novos prismas. As lutas sociais, que atingem, nesta nossa
época, um caráter de aguda aspereza, poderão ser suavizadas pela convicção de
não ser a existência planetária mais que um momento transitório no curso de uma
eterna evolução. Com menos orgulho nas camadas altas e menos inveja nas baixas,
surgirá uma solidariedade efetiva, em contacto com estas doutrinas
consoladoras, e talvez possamos ver desaparecer da face da Terra as lutas
fratricidas, ineptos frutos da ignorância, a se dissiparem diante dos
ensinamentos de amor e fraternidade, que são a coroa radiosa do Espiritismo”.
(Pág. 252)
Respostas às
questões preliminares
A. Em que ambiente se deu a primeira manifestação de vida
em nosso planeta?
Foi no seio tépido dos mares primitivos, sob a ação da luz,
do calor e de uma pressão hoje difícil de reproduzir, que se formou uma massa
viscosa, a que chamamos protoplasma, primeira manifestação da vida inteligente
que se desenvolveu progressiva e paralelamente, dando origem a inumerável
multidão de formas vegetais e animais, antes da aparição do homem. (A
Evolução Anímica, pág. 238.)
B. O princípio inteligente percorreu todas as escalas da
vida orgânica?
Sim. O princípio pensante percorreu, lentamente, todas as
escalas da vida orgânica e foi por meio de uma ascensão ininterrupta, no
transcurso de séculos inumeráveis, que ele pôde fixar, pouco a pouco,
demoradamente, no invólucro fluídico todas as leis da vida vegetativa, orgânica
e psíquica. (Obra citada, págs. 239 a 244.)
C. Que modificações no modo de ver a vida resultarão da
crença nas vidas sucessivas?
Com a certeza das vidas sucessivas muitos problemas
revelar-se-ão sob novos prismas. As lutas sociais poderão ser suavizadas pela
convicção de não ser a existência planetária mais que um momento transitório no
curso de uma eterna evolução. Com menos orgulho nas camadas altas e menos
inveja nas baixas, surgirá uma solidariedade efetiva, em contacto com estas
doutrinas consoladoras, e talvez possamos ver desaparecer da face da Terra as
lutas fratricidas, ineptos frutos da ignorância, a se dissiparem diante dos
ensinamentos de amor e fraternidade, que são a coroa radiosa do Espiritismo.
(Obra citada, pág. 252.)
Observação:
Para acessar a Parte 16 deste estudo, publicada na
semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/12/blog-post_02.html
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