domingo, 5 de novembro de 2023

 



Casos extraordinários da fenomenologia espírita

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

Recebemos de uma leitora do Rio de Janeiro (RJ) a seguinte mensagem:

 

Hoje na reunião mediúnica aconteceu um fato com uma das médiuns que surpreendeu a todos. Enquanto fazia um desenho por intermédio de um Espírito, recebia a mensagem psicofônica de outro. Só na terceira mensagem psicofônica este se identificou com o desenho que era feito durante as outras comunicações. Como se explica esse fato? Onde posso encontrar maiores esclarecimentos para o grupo?

 

Embora raro, o fenômeno descrito é perfeitamente possível. Vemos referência a casos semelhantes no livro Condomínio Espiritual, de Hermínio C. Miranda, publicado pelo Instituto Lachâtre, 2011, e em O Fenômeno Espírita, de Gabriel Delanne, tradução de Francisco Raymundo Ewerton Quadros, 4ª edição, FEB, 1937.

Conforme relatado por Delanne, em depoimento acerca da jovem médium Kate Fox, William Crookes disse que, enquanto Kate escrevia automaticamente uma mensagem para um dos assistentes, outra comunicação, sobre outro assunto, lhe era dada para outra pessoa, por meio do alfabeto e das pancadas. E, durante todo o tempo, a senhorita Fox conversava com uma terceira pessoa sobre outro assunto. (O Fenômeno Espírita, p. 97.)

Nosso caro amigo Gebaldo José de Sousa, de Goiânia (GO), relatou-nos oportunamente, a respeito do assunto, uma informação interessante relacionada com o médium português Fernando de Lacerda, que sentia, geralmente, a aproximação do Espírito que desejava se comunicar, e o via em seguida, enquanto ouvia, com frequência, as palavras que uma segunda personalidade queria ditar-lhe.

Enquanto o médium, em estado de vigília, mantinha conversação com os encarnados presentes, o lápis que empunhava preenchia rapidamente as laudas de papel. Nessas ocasiões encontrava-se alheio ao teor das mensagens, desconhecendo muitas vezes o significado de palavras e expressões, bem como os fatos nelas referidos. Além disso, por vezes, Fernando de Lacerda chegou a receber duas mensagens simultaneamente, com o uso das duas mãos.

Arthur Bernardes de Oliveira, estudioso espírita e estimado irmão, hoje na pátria espiritual, disse-nos certa vez lembrar-se de um caso ocorrido com Chico Xavier perante o Juiz de Direito que o ouviu por ocasião do processo movido pela viúva de Humberto de Campos, episódio que deu origem ao livro A Psicografia Ante os Tribunais, de Miguel Timponi. Diante do magistrado, Chico Xavier teria recebido, ao mesmo tempo, uma mensagem pela mão direita e outra pela mão esquerda, enquanto respondia, perfeitamente acordado, às perguntas do juiz.

Fenômeno semelhante é relatado por Allan Kardec no livro Viagem Espírita em 1862, no capítulo inicial, intitulado “Impressões Gerais”, em que o codificador do Espiritismo anotou a seguinte informação:

 

“Em Saint-Jean d’Angély vimos um médium mecânico que podemos considerar excepcional. Trata-se de uma senhora que redige longas e formosas comunicações enquanto lê o jornal ou conversa com os presentes, e isto sem nunca olhar para sua própria mão. Sucede muitas vezes que, distraída, não se apercebe de que a comunicação chegou ao fim”. (Obra citada, pág. 18.)

 

Dr. Nubor Facure, médico neurologista, professor e autor de várias obras sobre mediunidade, também considera possível o fenômeno a que nos reportamos, uma vez que, segundo ele, a mensagem psicofônica é de nível intelectual – usa determinadas áreas do cérebro relacionadas com o lobo frontal, o pensamento e a linguagem –, enquanto o desenho é puramente automático. “O Espírito já traz pronto o molde e atua, então, sobre os centros automáticos do médium”, diz-nos o professor Facure.

São fenômenos assim que conseguem convencer os mais ferrenhos incrédulos, sobretudo se o conteúdo da mensagem tiver a qualidade esperada, fato que era frequente quando o médium era o saudoso Chico Xavier.

 

 

 

 

 

 

 

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