Casos
extraordinários da fenomenologia espírita
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA
FILHO
aoofilho@gmail.com
Recebemos de uma leitora do Rio de Janeiro (RJ) a seguinte mensagem:
Hoje na reunião mediúnica aconteceu um fato com
uma das médiuns que surpreendeu a todos. Enquanto fazia um desenho por
intermédio de um Espírito, recebia a mensagem psicofônica de outro. Só na
terceira mensagem psicofônica este se identificou com o desenho que era feito
durante as outras comunicações. Como se explica esse fato? Onde posso encontrar
maiores esclarecimentos para o grupo?
Embora
raro, o fenômeno descrito é perfeitamente possível. Vemos referência a casos
semelhantes no livro Condomínio
Espiritual, de Hermínio C. Miranda, publicado pelo Instituto Lachâtre,
2011, e
Conforme
relatado por Delanne, em depoimento acerca da jovem médium Kate Fox, William
Crookes disse que, enquanto Kate escrevia automaticamente uma mensagem para um
dos assistentes, outra comunicação, sobre outro assunto, lhe era dada para
outra pessoa, por meio do alfabeto e das pancadas. E, durante todo o tempo, a
senhorita Fox conversava com uma terceira pessoa sobre outro assunto. (O Fenômeno Espírita, p. 97.)
Nosso caro amigo Gebaldo José de Sousa, de Goiânia (GO),
relatou-nos oportunamente, a respeito do assunto, uma informação interessante
relacionada com o médium português Fernando de Lacerda, que sentia, geralmente,
a aproximação do Espírito que desejava se comunicar, e o via em seguida,
enquanto ouvia, com frequência, as palavras que uma segunda personalidade
queria ditar-lhe.
Enquanto o
médium, em estado de vigília, mantinha conversação com os encarnados presentes,
o lápis que empunhava preenchia rapidamente as laudas de papel. Nessas ocasiões
encontrava-se alheio ao teor das mensagens, desconhecendo muitas vezes o
significado de palavras e expressões, bem como os fatos nelas referidos. Além
disso, por vezes, Fernando de Lacerda chegou a receber duas mensagens
simultaneamente, com o uso das duas mãos.
Arthur Bernardes
de Oliveira, estudioso espírita e estimado irmão, hoje na pátria espiritual, disse-nos certa vez lembrar-se de um caso ocorrido com Chico Xavier perante o Juiz de Direito que o
ouviu por ocasião do processo movido pela viúva de Humberto de Campos, episódio
que deu origem ao livro A Psicografia
Ante os Tribunais, de Miguel Timponi. Diante do magistrado, Chico Xavier
teria recebido, ao mesmo tempo, uma mensagem pela mão direita e outra pela mão
esquerda, enquanto respondia, perfeitamente acordado, às perguntas do juiz.
Fenômeno
semelhante é relatado por Allan Kardec no livro Viagem Espírita em 1862, no capítulo inicial, intitulado
“Impressões Gerais”, em que o codificador do Espiritismo anotou a seguinte
informação:
“Em
Saint-Jean d’Angély vimos um médium mecânico que podemos considerar
excepcional. Trata-se de uma senhora que redige longas e formosas comunicações
enquanto lê o jornal ou conversa com os presentes, e isto sem nunca olhar para
sua própria mão. Sucede muitas vezes que, distraída, não se apercebe de que a comunicação
chegou ao fim”. (Obra citada, pág. 18.)
Dr. Nubor Facure, médico neurologista, professor e autor de várias obras sobre mediunidade, também
considera possível o fenômeno a que nos reportamos, uma vez que, segundo ele, a
mensagem psicofônica é de nível intelectual – usa determinadas áreas do cérebro
relacionadas com o lobo frontal, o pensamento e a linguagem –, enquanto o
desenho é puramente automático. “O Espírito já traz pronto o molde e atua,
então, sobre os centros automáticos do médium”, diz-nos o professor Facure.
São fenômenos assim que conseguem
convencer os mais ferrenhos incrédulos, sobretudo se o conteúdo da mensagem tiver
a qualidade esperada, fato que era frequente quando o médium era o saudoso Chico
Xavier.
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