Revista Espírita de 1864
Allan Kardec
Parte 12
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1864, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do ano de
1864 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a
dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do estudo,
que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Findo o processo
obsessivo, sua vítima necessita ainda de certo tempo para refazer-se?
B. Acerca da tarefa
desobsessiva realizada pelos confrades de Marmande, que comentários fez Kardec?
C. Que é preciso,
segundo Kardec, para instruir a infância?
Texto para leitura
138. O Sr. Renan tem
o cuidado de indicar, em notas de chamada, as passagens do Evangelho a que
alude, para mostrar que se apoia nos textos. Mas – diz Kardec – não é a verdade
das citações que se lhe contesta, mas a interpretação que ele lhes dá,
apresentando Jesus como um ambicioso vulgar, dotado de paixões mesquinhas, que
age por baixo e não tem coragem de se descobrir. (PP. 166 e 167)
139. O Sr. Dombre, de
Marmande, enviou a Kardec um relato circunstanciado da cura de uma jovem
obsidiada, já referida anteriormente pela Revista. O Espírito de Louis David,
guia espiritual do médium, havia explicado que a jovem era vítima de uma
influência fatal perigosa e que o Espírito obsessor iria resistir por muito
tempo. “Evitai, tanto quanto possível – recomendou o mentor -, que seja tratada
por medicamentos, que lhe prejudicariam o organismo. A causa é toda moral; tentai
evocar esse Espírito; moralizai-o com habilidade; nós vos auxiliaremos.” (P.
168)
140. O relato
contendo todos os procedimentos adotados pelo Sr. Dombre mostra como a prece e
o diálogo com o Espírito obsessor, acrescidos da ajuda dos mentores, foram importantes
para a solução do problema. (PP. 168 a 177)
141. No princípio,
quando as exortações e as preces não surtiam efeito, os guias espirituais
sugeriram: “Amigos, não desanimeis; ele se sente forte porque vos vê
desgostosos com sua linguagem grosseira. Abstende-vos de lhe pregar moral pelo
momento. Conversai com ele familiarmente e em tom amigável. Assim ganhareis a
sua confiança e podereis mais tarde voltar a falar sério”. (P. 169)
142. Num dos diálogos
mantidos com o obsessor, este falou-lhes de sua vida vagabunda na última
existência terrena. Fez então parte de um bando de arruaceiros que, depois da
morte, foi reconstituir-se no mundo dos Espíritos. “Longe de evitar as ocasiões
de fazer o mal, nós o buscávamos”, contou o infeliz, que, tocado mais tarde
pelo tratamento ali recebido, pediu ao grupo espírita que orasse também por
seus comparsas. (P. 174)
143. Findo o processo
obsessivo, o guia que se intitulava Pequena Cárita explicou por que, mesmo
finda a obsessão, a vítima ainda necessita de certo tempo para refazer-se. É
que, quando o obsessor a abandona, sua vontade não age mais sobre o corpo, mas
a impressão que recebeu o perispírito pelo fluido estranho, de que foi
carregado, não se apaga de repente e continua por algum tempo a influenciar o
organismo. No caso da jovem: tristezas, lágrimas, langores, insônias,
distúrbios vagos ainda se produziriam em consequência de sua libertação, mas
sem nenhum perigo. “Agora - disse o guia - é preciso agir sobre o próprio
Espírito da menina, por uma suave e salutar influência moralizadora.” (PP. 174
e 175)
144. Kardec conclui a
notícia, registrando seu tributo de elogio aos irmãos de Marmande pelo tato,
pela prudência e pelo devotamento esclarecido de que deram prova naquela
circunstância. E advertiu que o resultado não teria sido o mesmo se o orgulho
tivesse manchado sua boa ação. “Deus retira seus dons a quem quer que não os
use com humildade; sob o domínio do orgulho, as mais eminentes faculdades
mediúnicas se pervertem, se alteram e se extinguem, porque os bons Espíritos
retiram o seu concurso”, assevera o Codificador. (P. 177)
145. A Revista
publica duas matérias de origem católica contrárias ao Espiritismo. A primeira,
do Bispo de Langres, que escreveu que jamais se viu uma conspiração mais
odiosa, mais vasta, mais perigosa e mais satanicamente organizada contra a fé
católica, nomeando em seguida os membros dessa conspiração: as sociedades
secretas, os protestantes, os filósofos racionalistas, os materialistas e as
sociedades espíritas. A segunda era parte de um trabalho redigido por um aluno
do catecismo da diocese de Langres, no qual é dito textualmente que o
Espiritismo é obra do diabo e entregar-se a ele é pôr-se em contato direto com
o demônio. Eivado de preconceitos e de deturpação de textos de Kardec, o
trabalho dá bem uma mostra do que os alunos daquela diocese recebiam dos seus
instrutores. (PP. 178 a 183)
146. Comentando a
segunda matéria, Kardec adverte: “Um instrutor de catecismo deveria colher seus
dados históricos em fonte outra que as barrigas dos jornais. As crianças a quem
contam seriamente essas coisas as aceitam com confiança; mas, quanto maior a
confiança, mais forte a reação contrária quando, mais tarde, vierem a saber a verdade”.
(P. 183)
147. Para instruir a
infância - afirma o Codificador - é necessário grande tato e muita experiência,
porque ninguém imagina o alcance que poderá ter uma só palavra imprudente que,
como um grão de erva daninha, germina nessas jovens imaginações. (P. 184)
148. Mostrando com
clareza que os ataques contra o Espiritismo não o preocupavam em nada, Kardec
conclui seus comentários dizendo: “Os sermões atuam sobre a geração que se vai;
as instruções predispõem a geração que chega. Erraríamos se as víssemos com
desagrado”. (P. 184)
149. Enviada de
Viviers e datada de 10 de abril de 1741, uma carta firmada pelo abade de
Saint-Ponc e transcrita pela Revista relata, em todas as suas minúcias,
fenômenos que se passaram naquela época na cela de Irmã Maria e que foram
testemunhados pelo padre Chambon, cura de Saint-Laurent. Além de ruídos
estranhos, quadros batiam nas paredes, uma pia d’água benta movia-se e uma
cadeira de madeira era derrubada, sem contato humano. Desconfiado de que Irmã
Maria, embora paralítica e presa ao leito, fosse a causa dos fenômenos, padre
Chambon ouviu dela própria, em confidência, que eles eram produzidos por uma
alma sofredora cujo nome indicou, que vinha com a permissão de Deus para que
aliviassem suas penas. (PP. 184 a 186)
Respostas às questões propostas
A. Findo o processo
obsessivo, sua vítima necessita ainda de certo tempo para refazer-se?
Sim. Conforme
instrução de um guia espiritual que se intitulava Pequena Cárita, a vítima
necessita, sim, de certo tempo para refazer-se. É que, quando o obsessor a
abandona, sua vontade não age mais sobre seu corpo, mas a impressão que recebeu
o perispírito pelo fluido estranho, de que foi carregado, não se apaga de
repente e continua por algum tempo a influenciar o organismo. (Revista Espírita
de 1864, pp. 174 e 175.)
B. Acerca da tarefa
desobsessiva realizada pelos confrades de Marmande, que comentários fez Kardec?
Kardec, ao registrar
o fato, elogiou os irmãos de Marmande pelo tato, pela prudência e pelo
devotamento esclarecido de que deram prova naquela circunstância. E advertiu
que o resultado não teria sido o mesmo se o orgulho tivesse manchado sua boa
ação. “Deus retira seus dons a quem quer que não os use com humildade; sob o
domínio do orgulho, as mais eminentes faculdades mediúnicas se pervertem, se
alteram e se extinguem, porque os bons Espíritos retiram o seu concurso”, disse
o Codificador. (Obra citada, p. 177.)
C. Que é preciso, segundo Kardec, para instruir a infância?
Para instruir a infância - afirma o Codificador - é
necessário grande tato e muita experiência, porque ninguém imagina o alcance
que poderá ter uma só palavra imprudente que, como um grão de erva daninha,
germinará nessas jovens imaginações. (Obra citada, pp. 183 e 184.)
Observação:
Para
acessar a Parte 11 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/11/revista-espirita-de-1864-allan-kardec.html
Como consultar as matérias deste
blog? Se você não o conhece, clique em Espiritismo Século XXI e verá como utilizá-lo e seus vários recursos. |
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