CINCO-MARIAS
EUGÊNIA PICKINA
eugeniapickina@gmail.com
Isso parece piada…
Nem ligo pra
lagartixa!
Acho ela uma coitada!
Sabe do que eu tenho
medo?
Que me dói o coração?
Até me arrepia a
espinha…
Tenho medo… de
injeção!
(Ruth Rocha)
Aos seis anos, no geral, surgem os medos mais
concretos, como de ladrões, de ser criticado ou de perder os pais…
O que ajuda a criança?
A insegurança perde força com o diálogo. Se o medo
for de bandido, por exemplo, reforce a importância de ficar perto de adultos
conhecidos. Para a criança se sentir confiante longe da família, diga que
alguém sempre estará cuidando dela na escola (professores e coordenação são
atentos). E se houver perguntas sobre morte, não invente histórias, diga a
verdade de forma honesta, mas delicada, levando em consideração a idade do seu
filho.
Pais com medo do medo do filho?
Repetindo: o medo faz parte da vida. Entender isso
e atender o filho com atenção, mas sem ansiedade, é a atitude mais saudável,
pois, do contrário, os pais correm o risco de se tornarem superprotetores,
empurrando o filho para um tipo de redoma de vidro que impede o contato
orgânico da criança com a vida, seus desafios e oportunidades de aprendizado…
Ainda, o medo na infância pode ser entendido como
um bom sinal, pois é a primeira maneira da criança de se perceber diferenciada
da mãe, de tomar consciência de si como um ser único. E é a partir do
reconhecimento de si mesma que ela vai começando a trilhar os caminhos para crescer
e se desenvolver, tornando-se independente dos pais, que são seus primeiros
objetos de inter-relação social.
Cabe a nós, pais e educadores, procurar assegurar
para os nossos filhos um ambiente emocional seguro e afetivo. Pois somos o
porto seguro das nossas crianças, por mais desafiante que seja essa
responsabilidade, não é verdade?
Notinha
Nas escolas ou no consultório, costumamos sugerir
às famílias a literatura, pois os bons livros sempre ajudam as crianças. Por
exemplo, o livro “Quem Tem Medo?”, da escritora Ruth Rocha, faz uma lista de
todos os temores existentes. Por meio de versos rimados, a obra dialoga de
forma tranquila com o leitor e mostra que, seja medo de injeção ou de piolho,
ele não está sozinho nessa… Já o livro “Alguns medos e seus segredos”, da Ana
Maria Machado, é dividido em três histórias: “Mãe com medo de lagartixa”, “Com
licença, seu bicho-papão” e “O lobo mau e o valente caçador”. Todas elas são
narradas com bom humor e mostram à criança que o medo não é privilégio de
alguns sortudos. Porque, como a própria autora aponta, “quem parece sempre
forte, no fundo é meio sem sorte – tem que aguentar bem sozinho, sem ajuda, nem
carinho”.
*
Eugênia
Pickina é educadora ambiental e terapeuta floral e membro da Asociación Terapia
Floral Integrativa (ATFI), situada em Madri, Espanha. Escritora, tem livros
infantis publicados pelo Instituto Plantarum, colaborando com o despertar da
consciência ambiental junto ao Jardim Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).
Especialista
em Filosofia (UEL-PR) e mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP), ministra
cursos e palestras sobre educação ambiental em empresas e escolas no estado de
São Paulo e no Paraná, onde vive.
Seu
contato no Instagram é @eugeniapickina
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