Reflexões
sobre os jogos de azar
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
Tempos
atrás atendemos um leitor que, reportando-se aos chamados “jogos de azar”, perguntou-nos:
“Por que não jogar? Gostaria de conhecer bastante sobre este tema”.
Como Paulo
de Tarso já explicou em conhecida epístola, tudo na vida nos é lícito, mas nem
tudo nos convém. Entenda-se: é lícito se não for legalmente proibido.
O jogo de
azar gera uma série de efeitos negativos, tanto naqueles que costumam ser
contemplados com a chamada sorte no jogo, como naqueles que despendem nessa
prática recursos vultosos desviados do orçamento doméstico, fato que chega, em
muitos casos, a levá-los à ruína econômica e financeira.
Algum
tempo atrás, um amigo de lides espíritas atendeu um colega que lhe solicitou
ajuda para livrar-se da tentação de jogar, um vício de que ele pensava estar
livre, mas que estava voltando com toda a força, embora os jogos de azar o tivessem
levado, no passado, a perder tudo o que tinha, inclusive a própria casa.
Aos
dotados da sorte no jogo, se é que podemos chamar isso de sorte, o jogo passa a
ideia de que é melhor jogar do que trabalhar, incentivando assim a indolência e
a indisposição para a prática de uma atividade honesta.
Aos
chamados azarados, o jogo de azar pode trazer a ruína, não somente em termos
econômicos e financeiros, mas a ruína moral, com todas as consequências que
esse fato é capaz de causar no seio de uma família.
Quando
praticado sem interesse financeiro e como singelo entretenimento, o jogo não é
intrinsecamente mau. Mas ninguém pode ignorar seu potencial viciante, fato que
levou a Organização Mundial de Saúde, em 1992, a incluir os jogos de azar na
lista oficial de doenças, visto que o vício de jogar causa a degradação moral
do cidadão, que se torna escravo de uma situação da qual é, muitas vezes,
incapaz de sair.
O jogador
compulsivo, segundo entendimento dos especialistas, não destrói apenas a pessoa
que joga, mas causa frequentemente prejuízos de toda ordem à sua família,
freando, por incontáveis vezes, o desenvolvimento de crianças e jovens. Não é
difícil, pois, compreender que os malefícios do vício no jogo têm impacto, em
última análise, em toda a sociedade.
Uma interessante
nota publicada, anos atrás, pelo movimento Brasil
sem Azar, relaciona 12 razões para que o chamado mercado da jogatina não
seja legalmente liberado em nosso país.
Das razões
apontadas na nota destacamos estas:
1.
Problemas relacionados aos jogos de azar atingem cerca de 8% a 10% da população
brasileira em potencial. Parte dela já sofre algum tipo de patologia por conta
do jogo.
2. O jogo
pode facilmente mudar de uma simples brincadeira para um problema mais sério.
Quando se torna um problema, ele é chamado de “Ludomania”.
3. Dentre
os problemas relacionados se encontra o vício compulsivo. Isso acontece devido
a uma desordem de controle de impulso, quando os jogadores não apresentam
controle psicológico no momento de realizar um jogo.
4. A
atividade cerebral é a mesma da cocaína, dizem cientistas da Universidade
Harvard, nos Estados Unidos, que fizeram um experimento com ressonância
magnética em pessoas viciadas em jogo e pessoas que utilizaram cocaína.
5. Em 1992,
a Organização Mundial da Saúde (OMS) colocou o jogo compulsivo no Código
Internacional de Doenças, ao lado da dependência do álcool, da cocaína e de
outras drogas.
6. Com o
vício, outra grande consequência diz respeito às dificuldades financeiras nas famílias
envolvidas diretamente com um indivíduo viciado. Endividamento, contas
atrasadas, pedidos constantes de dinheiro emprestado, roubo de objetos da casa
e imóveis penhorados estão dentre os casos mais comuns decorrentes da perda de
dinheiro.
7. As consequências
do jogo contínuo e ininterrupto podem também incluir desgastes físicos como
úlceras nervosas, enxaquecas e ataques cardíacos.
8. Com os
inúmeros problemas acumulados pela dificuldade financeira e desequilíbrio
psicológico, surge a depressão. Em alguns casos, o suicídio pode ser a
consequência.
9. O jogo
compulsivo é uma doença comportamental e o viciado necessita de uma intervenção
rigorosa da família. Para tal, é necessário tratamento especializado, com
apoio, inclusive, da psicoterapia.
Com respeito aos aspectos espirituais da questão, seria interessante que os interessados conhecessem a experiência relatada na obra mediúnica Jogo: mergulho no vulcão, escrita por Claudinei (Espírito) pelas mãos do médium Eurípedes Kühl, obra publicada originalmente em 1998 pela editora LÚMEN, de São Paulo (SP), e depois publicada pela EVOC – Editora Virtual O Consolador.(1)
Nela
o autor espiritual põe a descoberto as consequências do vício do jogo,
configurando-o como “ferrugem da alma”. Sincera e forte, a trama ofertada à
nossa reflexão desloca para a borda do vulcão (infelicidade) o cenário geral do
jogo, composto das vertentes “jogo-ambição”, “jogo-divertimento”, ou
“jogo-passatempo”, por vezes com suas faces disfarçadas de inocência: rifas,
sorteios, bingos e loterias em geral. Tudo isso, infelizmente, posto ao alcance
de todos, em bandejas oficiais, ou o que é pior: às vezes, no próprio lar.
No
jogo passa-se, em geral, da “distração” à viciação, sem se dar conta,
sofrendo-se depois os tormentos oriundos de perdas acumuladas. Ganhos, raros no
ato, se dissolvem em novas perdas, a bordo do irresistível impulso do
“reinvestimento”, pela cupidez de ganhar mais e mais. Um dado, uma ficha, uma
cartela ou uma carta de baralho, na maioria das vezes, constituem trampolim
para mergulhos naquele vulcão...
Cremos
que as informações aqui prestadas são suficientes para que o leitor encontre,
por si próprio, resposta à pergunta inicial: Por que não jogar?
(1) O e-book Jogo: mergulho no vulcão pode ser lido, impresso ou
baixado, sem custo nenhum, bastando para isso acessar a página da EVOC na Web.
Eis o link: http://www.oconsolador.com.br/editora/1a50/Jogo%20Mergulho%20no%20Vulc%C3%A3o.pdf
Como
consultar as matérias deste blog? Se você não o conhece, clique em Espiritismo Século XXI e verá como utilizá-lo e seus vários recursos. |
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