domingo, 18 de fevereiro de 2024

 



Reflexões sobre os jogos de azar

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

 

Tempos atrás atendemos um leitor que, reportando-se aos chamados “jogos de azar”, perguntou-nos: “Por que não jogar? Gostaria de conhecer bastante sobre este tema”.

Como Paulo de Tarso já explicou em conhecida epístola, tudo na vida nos é lícito, mas nem tudo nos convém. Entenda-se: é lícito se não for legalmente proibido.

O jogo de azar gera uma série de efeitos negativos, tanto naqueles que costumam ser contemplados com a chamada sorte no jogo, como naqueles que despendem nessa prática recursos vultosos desviados do orçamento doméstico, fato que chega, em muitos casos, a levá-los à ruína econômica e financeira.

Algum tempo atrás, um amigo de lides espíritas atendeu um colega que lhe solicitou ajuda para livrar-se da tentação de jogar, um vício de que ele pensava estar livre, mas que estava voltando com toda a força, embora os jogos de azar o tivessem levado, no passado, a perder tudo o que tinha, inclusive a própria casa.

Aos dotados da sorte no jogo, se é que podemos chamar isso de sorte, o jogo passa a ideia de que é melhor jogar do que trabalhar, incentivando assim a indolência e a indisposição para a prática de uma atividade honesta.

Aos chamados azarados, o jogo de azar pode trazer a ruína, não somente em termos econômicos e financeiros, mas a ruína moral, com todas as consequências que esse fato é capaz de causar no seio de uma família.

Quando praticado sem interesse financeiro e como singelo entretenimento, o jogo não é intrinsecamente mau. Mas ninguém pode ignorar seu potencial viciante, fato que levou a Organização Mundial de Saúde, em 1992, a incluir os jogos de azar na lista oficial de doenças, visto que o vício de jogar causa a degradação moral do cidadão, que se torna escravo de uma situação da qual é, muitas vezes, incapaz de sair.

O jogador compulsivo, segundo entendimento dos especialistas, não destrói apenas a pessoa que joga, mas causa frequentemente prejuízos de toda ordem à sua família, freando, por incontáveis vezes, o desenvolvimento de crianças e jovens. Não é difícil, pois, compreender que os malefícios do vício no jogo têm impacto, em última análise, em toda a sociedade.

Uma interessante nota publicada, anos atrás, pelo movimento Brasil sem Azar, relaciona 12 razões para que o chamado mercado da jogatina não seja legalmente liberado em nosso país.

Das razões apontadas na nota destacamos estas:

 

1. Problemas relacionados aos jogos de azar atingem cerca de 8% a 10% da população brasileira em potencial. Parte dela já sofre algum tipo de patologia por conta do jogo.

2. O jogo pode facilmente mudar de uma simples brincadeira para um problema mais sério. Quando se torna um problema, ele é chamado de “Ludomania”.

3. Dentre os problemas relacionados se encontra o vício compulsivo. Isso acontece devido a uma desordem de controle de impulso, quando os jogadores não apresentam controle psicológico no momento de realizar um jogo.

4. A atividade cerebral é a mesma da cocaína, dizem cientistas da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, que fizeram um experimento com ressonância magnética em pessoas viciadas em jogo e pessoas que utilizaram cocaína.

5. Em 1992, a Organização Mundial da Saúde (OMS) colocou o jogo compulsivo no Código Internacional de Doenças, ao lado da dependência do álcool, da cocaína e de outras drogas.

6. Com o vício, outra grande consequência diz respeito às dificuldades financeiras nas famílias envolvidas diretamente com um indivíduo viciado. Endividamento, contas atrasadas, pedidos constantes de dinheiro emprestado, roubo de objetos da casa e imóveis penhorados estão dentre os casos mais comuns decorrentes da perda de dinheiro.

7. As consequências do jogo contínuo e ininterrupto podem também incluir desgastes físicos como úlceras nervosas, enxaquecas e ataques cardíacos.

8. Com os inúmeros problemas acumulados pela dificuldade financeira e desequilíbrio psicológico, surge a depressão. Em alguns casos, o suicídio pode ser a consequência.

9. O jogo compulsivo é uma doença comportamental e o viciado necessita de uma intervenção rigorosa da família. Para tal, é necessário tratamento especializado, com apoio, inclusive, da psicoterapia.

 

Com respeito aos aspectos espirituais da questão, seria interessante que os interessados conhecessem a experiência relatada na obra mediúnica Jogo: mergulho no vulcão, escrita por Claudinei (Espírito) pelas mãos do médium Eurípedes Kühl, obra publicada originalmente em 1998 pela editora LÚMEN, de São Paulo (SP), e depois publicada pela EVOC – Editora Virtual O Consolador.(1)

Nela o autor espiritual põe a descoberto as consequências do vício do jogo, configurando-o como “ferrugem da alma”. Sincera e forte, a trama ofertada à nossa reflexão desloca para a borda do vulcão (infelicidade) o cenário geral do jogo, composto das vertentes “jogo-ambição”, “jogo-divertimento”, ou “jogo-passatempo”, por vezes com suas faces disfarçadas de inocência: rifas, sorteios, bingos e loterias em geral. Tudo isso, infelizmente, posto ao alcance de todos, em bandejas oficiais, ou o que é pior: às vezes, no próprio lar.

No jogo passa-se, em geral, da “distração” à viciação, sem se dar conta, sofrendo-se depois os tormentos oriundos de perdas acumuladas. Ganhos, raros no ato, se dissolvem em novas perdas, a bordo do irresistível impulso do “reinvestimento”, pela cupidez de ganhar mais e mais. Um dado, uma ficha, uma cartela ou uma carta de baralho, na maioria das vezes, constituem trampolim para mergulhos naquele vulcão...

Cremos que as informações aqui prestadas são suficientes para que o leitor encontre, por si próprio, resposta à pergunta inicial: Por que não jogar?

 

 (1) O e-book Jogo: mergulho no vulcão pode ser lido, impresso ou baixado, sem custo nenhum, bastando para isso acessar a página da EVOC na Web. Eis o link: http://www.oconsolador.com.br/editora/1a50/Jogo%20Mergulho%20no%20Vulc%C3%A3o.pdf

 

 

 

 

 

 

 

 

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