O surdo, o cego, o mudo
João Antônio Neto
Surdo... sem nunca ouvir o grito agudo
Ou a palavra, de perto, murmurada...
Cego... pensar em rosas de veludo,
E pisar nos espinhos da jornada!...
Surdo, sem som... Cego, sem luz... E mudo,
Sem voz que diga, numa frase alada,
Um pouco da tristeza que anda em tudo
E da alegria que não falta em nada!...
Saber, em vão, que o som de tudo espouca...
Sentir que há luz e nunca um raio achar-lhe...
Querer dizer, e a voz não vir à boca...
Passar, às vezes, pelo amor... sem vê-lo
Vê-lo passar... e não poder falar-lhe...
Sentir o amor falar... sem compreendê-lo!...
Soneto publicado no livro Poetas Mato-Grossenses, editado por Rubens de Mendonça em 1958.
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