ARTHUR BERNARDES DE
OLIVEIRA
tucabernardes@gmail.com
De Guarani, MG
Quase todas
as religiões, senão todas, tiveram seus princípios imaginados por alguns de
seus líderes, e aceitos pelos que os seguiram depois. Alguém precisava explicar
certas coisas, ou responder a certas perguntas, e punha a trabalhar a
imaginação. Algumas ideias aceitáveis provavelmente vinham de cima pelos canais
normais da intuição. Outras, não. Eram puro exercício de adivinhação.
A ideia do
inferno, por exemplo, que acompanha certos crentes desde tempos imemoriais, é
uma ideia interessante, nascida do senso de justiça presente na consciência do
ser humano. Tal como a ideia do céu.
Não tendo
como entender o funcionamento da justiça
divina, o homem imaginou, com razão, que o mal haveria de ser punido,
assim como o bem teria que ser
recompensado. Vendo o mal prosperar de tal forma entre os homens, ao
lado do bem, quase sempre espezinhado nos trancos da vida, nada mais justo que,
depois da morte, um fosse punido, enquanto o outro tivesse régia recompensa.
Como a dor
mais difícil de suportar era, e continua sendo, a dor da queimadura, eis o
inferno. Como o bom da vida é ficar à toa, de papo pro ar, sem compromisso com
nada, eis a ideia do céu.
Só que tais
ideias chocam com a razão e fazem de Deus um juízo muito desrespeitoso. Como
imaginar que um Pai magnânimo e bom pudesse admitir a hipótese de ter filhos
eternamente apartados de seu carinho e de seu afeto? Que tipo de crime
mereceria punição tão desumana?
Claro que o
mal há de ser eliminado e o bem há de ser enaltecido. Não, porém, no caso do
mal, como punição, mas como correção, como aprendizado.
O Espiritismo
veio nos dizer que o mal é fruto da ignorância. Não existe por si mesmo. É
consequência de falta de conhecimento, de educação. É doença séria que o
conhecimento há de curar. E, como toda doença séria, tem tratamento doloroso,
difícil, demorado. A cada existência vamos nos curando um pouco.
Às vezes, o
remédio é a lágrima. Nada melhor para nos lavar a alma e o coração. E para nos
ensinar a viver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário