ARTHUR BERNARDES DE
OLIVEIRA
tucabernardes@gmail.com
De Guarani, MG
– “Manoel
Filho estava cada vez pior!” – era a avaliação da mãe, profundamente
desanimada.
A gente não
havia notado novos grandes desequilíbrios no rapaz. Apenas aquela ansiosa
inquietação. Não conseguia ficar sentado mais que dois minutos. Levantava-se,
começava a andar pelo salão, parava, saía para fumar (duas ou três tragadas),
voltava, tornava a sentar-se, para, logo depois, começar tudo de novo.
Dava pra
notar que era um pouco lento no falar e um pouco mais lento ainda no entender.
Não era agressivo. Fora um menino normal. Muito amado pelos pais e pelos amigos
dos pais, extremamente bem relacionados na cidade em que viviam.
Seu pai,
materialista e ateu, um dia, emocionado, me confessou:
– Arthur, se
vocês curarem meu filho, eu me torno espírita imediatamente!
Como desejei
curar aquele rapaz! Não pela promessa do pai, por quem eu tinha verdadeira
adoração! Infelizmente, a cura da obsessão não depende só da gente. Podemos
ajudar, e ajudar muito, mas a cura não depende só de nós.
Nas crises,
Manoel Filho via imagens fortíssimas ligadas ao sexo e à homossexualidade, e
ouvia palavrões impublicáveis, sonorizando as imagens. Concomitantemente,
sentia um calor insuportável, como se estivesse sendo queimado vivo! O que o
obrigava a abrir a geladeira e quase entrar dentro dela, despejando sobre sua
cabeça litros e mais litros de água gelada, na ânsia de amenizar o sofrimento.
Eu não sabia
dessas coisas. Soube-as pela mãe que, um dia, deslocou-se de sua casa até a
minha, em Juiz de Fora, para, juntos, orarmos pelo filho querido. Éramos seis
pessoas reunidas na sala: a mãe e um tio do Manoel Filho; Elizabeth, minha mulher; meu irmão Ali, Scheila, minha prima, e eu.
Interessante
lembrar que Ali e Scheila não sabiam de nada. Sabiam que iríamos orar, como
fizéramos tantas outras vezes, mas não sabiam para quem nem por quê!
Mal iniciamos
a prece, Ali, bom médium vidente, descortinou a casa de Manoel Filho,
localizando na biblioteca do Pai, o quartel-general do obsessor. E deu um
recado: Anita, minha mãe, Espírito, disse que nos preparássemos que ela, Abel
Gomes e Scheila (o Espírito, não a minha prima, ali presente) iriam trazê-lo
para conversar conosco! Eu discordei! Não, nós não poderíamos receber aquele
espírito, ali, na minha sala de visitas. Scheila (a prima), a única médium
presente, estava começando o desenvolvimento da mediunidade. Não tinha passado
pelo COEM, e, quando recebia, tanto apanhava o companheiro da direita, quanto o
da esquerda, quanto o da frente! Batia
com as mãos, esmurrava a mesa, dava pontapés, um horror! Pensei nas minhas
louças, na mesa de vidro, nos enfeites, nos vasos... tudo iria para os ares! Não!
Ali não! Noutro dia, noutro lugar, com outros médiuns, talvez...
Não teve
jeito. Anita (Espírito) insistiu, dizendo que não tivéssemos medo, que tudo
sairia a contento!
De repente,
chega o Espírito... Espumava de ódio!
Scheila (a médium), no entanto, não levantara um dedo. Nem um gesto.
Calma, absolutamente calma! O Espírito fora imobilizado e por isso não fizera
nenhum escarcéu.
Ali (meu
irmão, não o advérbio) reviu duas encarnações sucessivas do Manoel e de seu
indigitado obsessor. Viu datas, lugares e cidades onde os principais
acontecimentos se deram. E viu mais: o obsessor, ou alguém por ele, incrustara
no cérebro do Manoel uma espécie de fita magnética que, acionada a distância,
produzia as imagens e os palavrões que desencadeavam as crises, deixando-o
alucinado, ao mesmo tempo em que um calor infernal lhe tomava todo o corpo!
Não vem ao
caso narrar aqui os eventos responsáveis pelo ódio que se instalou entre os
dois amigos de outrora, vinculando-os num processo obsessivo de difícil
reversão.
É possível
que hoje, passados quase cinquenta anos, com os novos conhecimentos adquiridos
e com a experiência mais dilatada, num bom agrupamento mediúnico, a gente
pudesse ter obtido resultados melhores dos que pudemos obter no drama daquele
nosso saudoso irmão.
Parabéns pelo Blog. Te convido a conhecer o blog Nascer Várias Vezes: http://www.nascervariasvezes.com/
ResponderExcluirSaudações.