Uma leitora diz-nos o seguinte: “Vamos supor que uma
pessoa morre no seio de uma determinada família, onde foi pai, avô, irmão,
marido, mulher ou irmã... Anos depois, reencarna e volta em outro corpo e para
outra família. Mas, a primeira família ainda existe. Se for evocado por alguém
dessa primeira família, o Espírito pode aparecer com a aparência anterior,
mesmo estando reencarnado e, portanto, com outra aparência?”.
Pelo que entendemos, a resposta é sim.
Um exemplo disso é descrito no cap. 48 do livro “Nosso
Lar”, em que D. Laura ,
em seus preparativos para uma nova reencarnação, recebe em visita o Espírito do
seu esposo Ricardo. Ele estava reencarnado e era uma criança quando o fato se
deu.
Eis como André Luiz descreveu esse encontro:
“Às derradeiras notas da bela composição, notei que o
globo se cobria, interiormente, de substância leitoso-acinzentada,
apresentando, logo em seguida, a figura simpática de um homem na idade madura.
Era Ricardo.
Impossível descrever a sagrada emoção da família,
dirigindo-lhe amorosas saudações.
O recém-chegado, após falar particularmente à
companheira e aos filhos, fixou o olhar amigo em nós outros, pedindo fosse
repetida a suave canção filial, que ouviu banhado em lágrimas. Quando
se calaram as últimas notas, falou comovidamente:
– Oh! meus filhos, como é grande a bondade de Jesus,
que nos aureolou o culto doméstico do Evangelho com as supremas alegrias desta
noite! Nesta sala temos procurado, juntos, o caminho das esferas superiores;
muitas vezes recebemos o pão espiritual da vida e é, ainda aqui, que nos
reencontramos para o estímulo santo. Como sou feliz!
A senhora Laura chorava discretamente. Lísias e as
irmãs tinham os olhos marejados de pranto. Percebi que o recém-chegado não
falava com espontaneidade e não podia dispor de muito tempo entre nós.”
O fato que descrevemos não é algo inusitado ou
excepcional.
Conforme as experiências realizadas pelos cientistas
franceses Pierre Janet, Pitres, Bourru e Burot, tudo o que vivenciamos deixa em
nós um traço indelével e a subconsciência registra sempre os estados mentais e
os associa indissoluvelmente aos estados fisiológicos contemporâneos.
Descobriu-se desse modo, graças às experiências de
“regressão de memória”, que toda vez que a memória regride ao passado
reproduzem-se o “estado psicológico” e também o “estado fisiológico”
correspondentes.
Em obras escritas por André Luiz como por Manoel
Philomeno de Miranda, é comum verificar que os desencarnados, quando se reúnem
para resolver pendências pretéritas, assumem a personalidade da época revivida
e retomam a aparência correspondente, tal como se deu com Ricardo, que, embora
criança na existência atual, apareceu na casa de D. Laura com aparência de um
homem na idade madura e falou aos seus filhos como o velho pai que eles
conheceram no passado.
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