sábado, 20 de agosto de 2016

Contos e crônicas



Olimpíadas e segurança no Brasil

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Começaram as Olimpíadas no Brasil.(1) Agora, todo o cuidado do mundo é o da prevenção contra o terrorismo. Se houvesse tanta cautela assim em tudo o que é necessário para a garantia da segurança e bem-estar da população brasileira, durante o ano inteiro, nosso país, certamente estaria entre as nações mais civilizadas do mundo.
Infelizmente, porém, tais medidas preventivas e recepção de primeiro mundo às delegações e autoridades estrangeiras e brasileiras são práticas de ocasião e local. Onde não há competição esportiva, os terroristas nem precisam se preocupar, pois o cotidiano do nosso povo é conviver com a possibilidade de morrer a todo o momento. Nem dentro de casa estamos seguros...
As estatísticas provam que, no Brasil, o número de vítimas de atos de vandalismo, novo nome que o governo agônico atual dá aos crimes, é tão absurdo que Osama Bin Laden, se vivo fosse, pediria a seus sequazes que orassem pelo povo brasileiro e não se preocupassem em provocar ataques terroristas contra nossas instituições, pois isso aqui é rotineiro...
Por esses dias, em Natal, mesmo com o reforço das Forças Armadas, os bandidos - se me permitem usar esse termo arcaico e ofensivo a esses pobres marginais - continuam queimando ônibus e destruindo o patrimônio da cidade potiguar. Simplesmente porque as autoridades bloquearam os sinais de celulares dos presidiários.
Em diversas cidades brasileiras, nos últimos dez anos, mais de mil ônibus foram queimados...
Lojas são incendiadas, inocentes são assassinados, mulheres são estupradas e por aí vai...
Alguns dias antes do início das Olimpíadas, ocorreu um crime no Rio de Janeiro, em bairro não contemplado com as medidas de segurança dos locais das competições, que, em qualquer país civilizado, seria, no mínimo, tratado como um crime bárbaro. Sou capaz de apostar que a leitora nem sabe a que me refiro. Nossa alienação é fruto da banalização do crime em terras tupiniquins. Fosse a assassinada uma socialite e, com certeza, até a família do criminoso já teria sido identificada e presa. Pergunta você se o assassino está preso?
— Fugiu, mas se um cidadão com CPF informar seu paradeiro à polícia o assassino será preso.
— Código de pessoa física?
— Não, crédito com a polícia federal...
Um motorista de ônibus da Ceilândia, cidade de Brasília, informou-nos que, em apenas um mês, já foi assaltado sete vezes. No último roubo, ele nem ao menos estava ao volante. Saiu com o celular recém-comprado na rua, que lhe custou R$ 900,00, economia de um ano de trabalho, e, sob a ameaça de um calibre 38, teve de entregar ao meliante, além do celular, chaves de casa, carteira com algum dinheiro e identidade.
Após a divulgação dessa terrível rotina de assaltos, fomos informados pela Imprensa que, neste ano, tais ocorrências diminuíram vinte por cento. Animador, não é mesmo, amiga leitora?
Isso significa que, no próximo mês, nosso amigo motorista será assaltado apenas cinco vezes... Caso não morra antes e deixe esposa viúva com três ou quatro filhos, pois pobre não se contenta em ter um ou dois filhos... isso é coisa de gente rica.
O povo Iraquiano chega a ter inveja... Só não lhe peça para vir morar nos subúrbios das grandes cidades brasileiras. Viver no Brasil é conviver com a insegurança. Terrorismo aqui é coisa corriqueira, preocupação menor... enquanto não ocorre com “gente grande”.
Ah, sim, o crime ao qual me referi linhas acima foi o do assassinato, com três facadas no pescoço, de uma mãe, na frente de sua filhinha de apenas onze anos.
Coisa trivial por estas bandas...

(1) A crônica acima foi escrita quando se iniciaram os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, os quais se encerram amanhã, dia 21.





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