Cuidado com as
previsões, eis o conselho espírita
O desconhecimento do passado e nossa
ignorância com relação ao futuro são duas bênçãos que Deus nos concedeu,
conquanto nem sempre as tratemos com a circunspeção necessária.
Com relação ao esquecimento do
passado, sugerimos ao leitor ler o texto intitulado Justificativas do esquecimento do passado, que publicamos neste
blog no dia 3 de maio de 2018, o qual pode ser acessado clicando-se em https://goo.gl/7Ku4Cm
No tocante ao futuro, nossa ignorância
a respeito é explicada com clareza na principal obra do Espiritismo – O Livro dos Espíritos.
Allan Kardec, o codificador da
doutrina espírita, perguntou aos imortais: Com que fim o futuro se conserva
oculto ao homem? Os Espíritos responderam:
“Se o homem conhecesse o futuro,
negligenciaria o presente e não obraria com a liberdade com que o faz, porque o
dominaria a ideia de que, se uma coisa tem que acontecer, inútil será ocupar-se
com ela, ou então procuraria obstar a que acontecesse. Não quis Deus que assim
fosse, a fim de que cada um concorra para a realização das coisas, até daquelas
a que desejaria opor-se. Assim é que tu mesmo preparas muitas vezes os
acontecimentos que hão de sobrevir no curso da tua existência.” (O Livro dos Espíritos, questão 869.)
Evidentemente, como lemos na questão
seguinte à citada, Deus permite que o futuro nos seja revelado quando isso
possa facilitar a execução de uma coisa, em vez de a estorvar, obrigando o
homem a agir diversamente do modo por que agiria, se não lhe fosse dado saber o
que o espera. Mas a revelação pode constituir, também, uma prova.
Esclarecem os imortais:
“A perspectiva de um acontecimento pode
sugerir pensamentos mais ou menos bons. Se um homem vem a saber, por exemplo,
que vai receber uma herança, com que não conta, pode dar-se que a revelação
desse fato desperte nele o sentimento da cobiça, pela perspectiva de se lhe
tornarem possíveis maiores gozos terrenos, pela ânsia de possuir mais depressa
a herança, desejando talvez, para que tal se dê, a morte daquele de quem
herdará. Ou, então, essa perspectiva lhe inspirará bons sentimentos e
pensamentos generosos. Se a predição não se cumpre, aí está outra prova,
consistente na maneira por que suportará a decepção. Nem por isso, entretanto,
lhe caberá menos o mérito ou o demérito dos pensamentos bons ou maus que a
crença na ocorrência daquele fato lhe fez nascer no íntimo.” (L.E., questão 870.)
Percebe-se pelo próprio conteúdo da
resposta acima transcrita que a predição pode cumprir-se ou não, fato que nos
sugere tenhamos o máximo cuidado para com qualquer tipo de previsão, venha de
onde vier. Se ela vem de uma personalidade desencarnada, é bom ter em mente a
lição que Kardec consignou no item 267 d´O
Livro dos Médiuns:
“... os bons Espíritos “fazem que as
coisas futuras sejam pressentidas, quando esse pressentimento convenha; nunca,
porém, determinam datas. A previsão de qualquer acontecimento para uma época
determinada é indício de mistificação.” (O
Livro dos Médiuns, item 267, 8o parágrafo, p. 334.)
Outro cuidado que devemos ter diz
respeito à qualidade do emissário – encarnado ou desencarnado – que nos
apresente revelações atinentes ao futuro, atentos à lição que Emmanuel, por
meio de Chico Xavier, consignou na questão 144 de seu livro O Consolador, obra publicada em 1942:
“Os Espíritos de nossa esfera não
podem devassar o futuro, considerando essa atividade uma característica dos
atributos do Criador Supremo, que é Deus. Temos de considerar, todavia, que as
existências humanas estão subordinadas a um mapa de provas gerais, onde a
personalidade deve movimentar-se com o seu esforço para a iluminação do porvir,
e, dentro desse roteiro, os mentores espirituais mais elevados podem organizar
os fatos premonitórios, quando convenham às demonstrações de que o homem não se
resume a um conglomerado de elementos químicos, de conformidade com a definição
do materialismo dissolvente.” (O
Consolador, 144.)
Seria Emmanuel um instrutor capacitado
para tal empreitada?
Ele mesmo já havia dito que não, em 1938,
na primeira de suas obras – Emmanuel –,
em que afirmou taxativamente:
"Os seres da minha esfera não
conhecem o futuro, nem podem interferir nas coisas que lhe pertencem". (Emmanuel, cap. XXXIII, FEB, 7a edição,
pág. 166.)
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