O sonho de Jó
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
I have a dream,
também, como teve seu sonho o inolvidável pacifista assassinado Martin Luther
King Jr. No seu devaneio, predominavam os ideais de união entre negros e
brancos e de uma sociedade livre. No meu, sobressai o desejo de um mundo
equânime, espiritualizado e espirituoso.
Aliás, não era outro o desejo de Allan
Kardec senão o da união de todas as religiões em torno de três pontos: a
imortalidade da alma, as leis morais e os planos divinos para a nossa
perfectibilidade (terceira parte d’O
Livro dos Espíritos). Seu objetivo não foi fundar uma nova religião, até
porque o Espiritismo não é uma religião tradicional, com sacerdotes,
paramentos, dogmas, rituais e cobrança de dízimos. Se a crença espírita é hoje
reconhecida como religião, é graças à intolerância e perseguição a ela movidas
pela Igreja.
O Espiritismo, ou Doutrina Espírita,
propunha-se a ser uma Filosofia de consequências morais, com base nos
ensinamentos de Jesus Cristo, nosso Senhor e Mestre. Ela não é uma teoria
meramente humana, e sim a revelação dos Espíritos, coordenados pelo Espírito
Verdade, o Verbo do Cristo.
O Espiritismo jamais pretendeu
substituir qualquer religião, mas sim subsidiá-la com base no desvelar de
fenômenos naturais tidos, até então, na Terra, como fatos miraculosos e sobrenaturais.
Para alcançarmos o objetivo da perfeição, meta cristã, os emissários divinos
recomendam-nos o cultivo do amor e da instrução, as asas simbólicas da evolução
espiritual.
Ao amor, associa-se a compaixão por
nosso próximo. Em consequência, esforçamo-nos em exercitar o perdão das ofensas, a indulgência e a benevolência com todos. É o PIB da caridade, que não é um produto
interno bruto e, sim, um produto interno
bom!
Por conhecimento, entendemos tudo
aquilo que nos faça perceber o tamanho de nossa ignorância e nos torne mais
humildes, sem que nos acomodemos nessa insipiência. Seremos sábios quando
praticarmos o bem que aprendemos e ensinamos.
Este é o plano de Deus para cada um de
seus filhos, que Jesus nos lembrou, quando disse: “— Sede perfeitos, como é
Perfeito vosso Pai Celestial” (Mateus, 5: 48). Esta é, pois, uma jornada
infinita de cada um de nós, filhos de Deus, o Absoluto, eternamente presente em
nossa consciência.
Quando houvermos alcançado a perfeição
do Cristo, modelo para nossas vidas, guia espiritual da humanidade, ainda que
jamais sejamos puros como o Pai, mas plenamente identificados com Este,
poderemos dizer, como Aquele: “— Eu e o Pai somos um” (João, 10: 30).
O materialismo propõe-nos culto ao
corpo e submissão às paixões animalizadas de existência efêmera. O
espiritualismo dá-nos opção pelo amor ao próximo, como a nós mesmos, e a Deus,
nosso Pai, Espírito Perfeito que nos criou para o perfeccionismo na eternidade
da vida.
Por saber disso, mais do que acreditar
nisso, eu permaneço firme no meu sonho de um mundo justo, espiritualizado e
espirituoso... mas não ébrio.
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