quinta-feira, 16 de julho de 2020



O Livro dos Médiuns

Allan Kardec

Parte 5

Continuamos o estudo metódico de “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, segunda das obras que compõem o Pentateuco Kardequiano, cuja primeira edição foi publicada em 1861.
Este estudo é publicado sempre às quintas-feiras.
Eis as questões de hoje:

33. Quando um piano toca sem contato de ninguém, é o Espírito que pressiona o teclado para obter os sons?
Não. Mesmo quando aparecem mãos de Espíritos materializados sobre o piano que toca, o fenômeno se dá como explicado na questão 32, ou seja, quando o Espírito pousa os dedos nas teclas, pousa-os realmente e mesmo os mexe, mas não é a força muscular que pressiona as teclas. Ele anima as teclas com uma vida artificial, e elas – as teclas – obedecem à sua vontade, mexendo-se e tocando as cordas do piano. Para animar as teclas o Espírito se vale de parte do fluido universal combinado com o fluido animalizado do médium. (O Livro dos Médiuns, item 74, parágrafo 24.)
34. Como é que foram descobertos outros meios de comunicação com os Espíritos?
Em seguida aos primeiros fenômenos mediúnicos observados a partir de 1848 na América do Norte, conhecidos como "raps" (ruídos provocados pelos Espíritos comunicantes no piso, no teto, nas paredes e nos móveis), aperfeiçoou-se a arte da comunicação por pancadas alfabéticas, que era, no entanto, um meio muito moroso. Os Espíritos indicaram então outros meios e é a eles que devemos o processo das comunicações escritas. As primeiras manifestações deste gênero tiveram lugar adaptando-se um lápis ao pé de uma mesa leve pousada numa folha de papel. Simplificou-se depois, sucessivamente, o processo, servindo-se os médiuns de mesinhas do tamanho da mão, em seguida de cestinhas, de caixinhas de cartão e, por fim, de simples e pequeninas tábuas. A escrita era tão corrente, tão rápida e tão fácil como com a mão. Mais tarde reconheceu-se que todos esses objetos poderiam ser dispensados e o médium passou a segurar diretamente o lápis. Eis aí a psicografia direta. (Obra citada, item 71.)
35. Como se explica o fenômeno da levitação?
Quando um objeto é posto em movimento, transportado ou lançado ao ar, não é o Espírito que o agarra, empurra e ergue, como fazemos com as mãos. Ele o impregna, por assim dizer, de um fluido combinado com o fluido do médium e o objeto, assim vivificado momentaneamente, age como faria um ser vivente, com a diferença de que, não tendo vontade própria, segue o impulso da vontade do Espírito. Se, pelo meio indicado, o Espírito pode erguer uma mesa, pode erguer qualquer coisa; uma poltrona, por exemplo. Se pode erguer uma poltrona, pode também, com uma força fluídica suficiente, erguer ao mesmo tempo uma pessoa sentada nela. Eis aí a explicação do fenômeno produzido por Daniel Home e por Mirabelli, uma centena de vezes, consigo e com outras pessoas. Home o reproduziu certa vez numa viagem a Londres e, para provar que seus espectadores não eram vítimas de uma ilusão, fez no teto uma marca com um lápis, enquanto as pessoas passaram sob ele levitado. (Obra citada, itens 77 a 80.)
36. A densidade do perispírito varia de pessoa para pessoa?
Sim. A densidade do perispírito varia segundo o estado dos mundos e varia também, num mesmo mundo, segundo os indivíduos. Entre os Espíritos adiantados moralmente, ele é mais sutil e se aproxima do perispírito dos Espíritos elevados. Entre os Espíritos inferiores, ao contrário, ele se aproxima da matéria grosseira, e é isso que faz com que esses Espíritos de baixa classe conservem por tanto tempo as ilusões da vida terrestre. Estando embora desencarnados, pensam e agem como se estivessem ainda encarnados, têm os mesmos desejos e, podemos dizer, a mesma sensualidade. Essa materialidade do perispírito, dando-lhes mais afinidade com a matéria, torna os Espíritos inferiores mais apropriados para as manifestações físicas. (Obra citada, item 74, parágrafo 12.)
37. Qual o objetivo das manifestações físicas?
As manifestações físicas têm por objetivo chamar nossa atenção para alguma coisa e de nos convencer da presença de uma força superior ao homem. Uma vez atingido o objetivo, a manifestação física cessa, visto que não é mais necessária. (Obra citada, item 85.)
38. Como proceder diante das manifestações espíritas espontâneas?
Em geral, não há motivos para se amedrontar; a presença dos Espíritos pode ser importuna, mas não perigosa. Se são Espíritos que se divertem, devemos rir-nos de suas peças, e não nos impacientar com elas. Eles, então, acabarão por se cansar e se retirarão do local. É, no entanto, sempre útil saber o que desejam. Se pedem alguma coisa, podemos estar certos de que cessarão suas visitas desde que seu desejo esteja satisfeito. A consulta nesses casos deverá ser feita por meio de um médium em boas condições de desenvolvimento. Se o autor das manifestações é um Espírito infeliz, a caridade manda seja tratado com as atenções que merece; se é um malvado, é preciso pedir a Deus que o torne melhor. Em todos os casos, a prece será sempre útil. Mas a gravidade das fórmulas de exorcismo os faz rir e eles não as levam em nenhuma conta. (Obra citada, item 90.)
39. As manifestações físicas ajudam a convencer os homens?
Sim. As manifestações espontâneas são frequentemente permitidas e mesmo provocadas com o fim de convencer, embora existam pessoas incrédulas que, mesmo vendo os Espíritos, persistem na descrença. Os ateus e os materialistas não são a cada instante testemunhas do poder de Deus e do pensamento? Isso não os impede de negar Deus e a alma. (Obra citada, item 94.)
40. Para convencer as pessoas há outros meios?
Sim. É preciso compreender que os fenômenos espíritas não são feitos para serem dados em espetáculo e para divertir curiosos. Evidente é que eles são úteis para convencer os incrédulos, mas, se não existissem outros meios de convicção, não haveria hoje a centésima parte dos espíritas. Para fazer conversões sérias, é preciso falar ao coração. É por aí que teremos os melhores resultados quanto a esse objetivo. (Obra citada, item 98.)


Observação:
Para acessar a Parte 4 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/07/o-livro-dos-mediuns-allan-kardec-parte_9.html




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